Alojamento conjunto... o que esperar? O início da atuação foi meio parado. Os quartos estavam muito cheios. Mulheres pós parto dormindo, bebês dormindo... Era um ambiente muito silencioso. Acabamos por brincar mais nos corredores com funcionários e acompanhantes. Tipo querer fazer o cadastro pra ter cartão do banco de leite e ver se os pais lembravam os nomes dos filhos(os quais seriam registrados em breve).
As intervenções nos quartos trouxe alguns encontros, mas estava sendo algo realmente discreto. Como esperado, os bebês não estavam nem aí pra gente, nem quando acordados. Até chegarmos no último quarto do corredor. Lembrei depois das minhas práticas de obstetrícia no M5, era geralmente o quarto das mulheres depois que tiveram parto por cesarea, ou que tinham perdido os filhos. Foi o que encontramos lá mesmo. 3 mulheres tinham perdido os seus filhos no mesmo dia ou no dia anterior, 1 estava com seu filho saudável e a outra com um bebê com microcefalia. O jogo engatou. CleideGlayce (?) era uma RESENHA. Teve uma apendicite e perdeu o seu bebê, mas não perdeu a energia e o forte senso de humor. Desbocada, não ficava quieta com os nossos comentários, mais ainda, respondia com ainda mais estilo e graça. Celia ria muito de tudo isso, sempre repetindo que não deveria rir pelos pontos no abdome. O clima estava massa. Só uma paciente não estava ainda dentro. Depois de Peitolargo ser chamado de corno por CG, ela se abriu e riu. As companheiras de quarto disseram que ainda não haviam visto a sua boca/sorriso. Era Jessica. Sonha em ter 4 filhos, mas essa foi sua 4° gravidez interrompida prematuramente, aos 6 meses. Depois de tirarmos muita onda e ela ter cantado uma música(que cita o nome dela), ela deixou escapar uma confissão em baixo volume, como se não fosse nada. Mas percebo o peso de suas palavras enquanto digito "-Eu chorei o dia inteiro, inteiro mesmo. Mas estou feliz porque vocês vieram, posso rir novamente.". A intervenção mudou o dia dela, e também meu. Mudou a semana inteira, mal posso esperar para atuar novamente. Mudou o dia também reparar que o quarto antes de chegarmos estava silencioso, cada uma no seu quadrado. E que na hora de sairmos, quase não falávamos mais nada. Elas estavam conversando entre si, compartilhando experiências. Foi massa, Gustavo do futuro, não ouse esquecer.
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