A preparação para
atuar foi cheia de percalços... Mudamos de sala duas vezes e tivemos que cruzar
o corredor meio-prontas! =/ Fiquei preocupada em isso afetar de alguma forma o
processo de subir a energia, mas não acho que tenha sido o caso. E fiquei feliz
com isso.
Eu estava menos
nervosa dessa vez, mais inspirada (culpa de um vídeo que tinha assistido). Esqueci-me
que é o nervosismo que me veste a máscara-corpo. Não quero perder o nervoso, o
frio na barriga! Cuidado, Ziza!
Foi nossa
primeira vez desbravando um “corredor”. A cada quarto que entrávamos, muuuuitos
babies! *-* E eu me pegava querendo o novo! Tentava muito não jogar os mesmos
jogos que haviam dado certo no quarto anterior. Querendo a genuinidade de cada
pessoa, de cada encontro diferente, mas a mequetrefice tomou conta de mim em
alguns momentos.
Não sei se já escrevi
em outros diários; se for o caso, vale dizer mais uma vez: o momento mais
incrível pra mim ainda é o encontro inicial. Os instantes livres de palavras,
nos quais pela mágica do olhar você vê nascerem, num rosto fechado, os
primeiros sinais de abertura, o primeiro sorriso, o abaixar da guarda. Mas
existem guardas tão bem levantadas que nos exigem mais. Até quando tentar?
Quando se dar por vencida e abandonar a investida de vencer o exército que está
apenas zelando pelos tesouros mais lindos? Estávamos interagindo com uma
família, a nova mamãe, o novo papai e a sogra. A mãe e o pai foram fracos... hehe
Sorrisos foram roubados facilmente. Mas a sogra estava firme, uma fortaleza a
ser derrubada. Fomos alvo de umas duas gordas tijoladas... rsrs (um pequeno
adendo: as tijoladas estão doendo menos... Creio ser um bom sinal!) Mas a
sensação que tive é que ainda não a tinha encontrado. O olhar dela fugia, não
parava no meu. Não podia deixar de tentar... Tenho pra mim essa teoria, sem
fundamentação científica nenhuma, que fortificações não são construídas à toa;
se foram levantadas, é porque há um passado de feridas. E quem mais precisa de
cuidado não é justamente o ferido? Não podia deixar de tentar... Eu sentia
aquela vontade muitxo loka de dizer que ela valia a pena, que ela era a pessoa
mais querida desse mundo, que ela era única. Eu catei o olhar dela por alguns
segundos, um esboço de sorriso troncho e eu me enchi de esperança! Mas foi
passageiro e outra tijolada se seguiu... Eu percebi Josefina desconfortável e
preferi jogar a toalha. Não queria ter desistido. Era preciso ter desistido?
Para não
esquecer: tapa no bumbum; o registro de Allerrandro, Allerrandro, Ale- Ale-
rrandro; Joooooelma again; o roubo do carrinho de limpeza; elevador mais uma
vez; suuusto do caramba; pular da cama; a pistola contra os marmanjos de
plantão.
Um momento
marcante aconteceu com a acompanhante de uma recém-mamãe bastante grave. Ela estava
bastante abalada. Não havia espaço para jogo. Só abraço, só acalento, só afago.
Eu dei um abraço nela e não pude deixar de conter algumas lágrimas. Mais lindo
ainda foi ver o abraço e as lágrimas de Josefina. Sente, Josefina! Deixa
transbordar! Se é pra rir, ri! Se é pra chorar, chora! É lindo ver o potencial
do ser humano em sentir a dor do OUTRO!
O OUTRO...
Já vinha
matutando sobre... Mas ontem veio o que faltava para eu organizar meus
pensamentos e chegar a uma conclusão. Ou não... hehe Conclusões, lições, desenlaces,
desfechos, respostas: será realmente necessário alcançá-los? Palhaço pronto é palhaço
morto. Pois bem... Este é um diário de bordo e, na qualidade de diário, o que é
escrito diz respeito à visão de uma única persona: a que escreve. É natural
esperar que as MINHAS impressões, crescimento, conquistas, o que foi especial
aos MEUS olhos preponderem. Mas e o OUTRO? Não é sobre o OUTRO? O importante é
o OUTRO! O ser humano é lindo, mas sua natureza se revela torta quando o leva a
enxergar apenas a própria cicatriz umbilical. Queria ter um instrumento que
captasse o efeito no OUTRO, não só em MIM.
E o que suscitou
essa “viagem”: um abraço. Eu estava andando pelo corredor... Não lembro onde
Josefina Avoada estava nesse momento. Acho que atrás de mim... >< O “motivo”
vinha andando em nossa direção. Eu encontrei os olhos dela e provei daquela
sensação gostosa do primeiro sorriso. A verdade, contudo, é que eu não estava
100%, a máscara-objeto estava me incomodando, eu estava afogada em meio à minha
coriza. Não fiz muita coisa, só mantive o olhar. E ao chegar perto, nos
abraçamos. “Você não sabe o quanto eu estava precisando desse abraço! Muito
obrigada! Só você poderia ter me feito sorrir agora!” foi o que eu ouvi ao pé
da orelha. Foi surpreendente saber que um momento longe do ideal na minha pele,
foi a medida exata na pele dela! E o importante é o OUTRO!
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