sábado, 14 de novembro de 2015

Décimo primeiro

Antes de atuar, não me contive em cutucar as lembranças que tenho do décimo primeiro. Aquele corredor amplo, iluminado, bem ventilado, que adentrei pela primeira vez quando no quarto período do curso, parecia o mesmo. Quem não é a mesma sou eu. Àquela época, o receio e insegurança dos primeiros contatos com o paciente me dominavam.

Essa semana, tive o privilégio de pela segunda vez escutar a história de Leniee, a lindona coordenadora do programa MAIS! E novamente rolou alto nível de identificação com a fala dela: a peleja contra a timidez, o descobrimento da arte/do lúdico como essencial ao ser humano. A verdade é que foi ela a culpada de incutir em mim o desejo de me juntar à família PERTO. “Alunos de Medicina que passam por projeto de palhaçoterapia antes dos primeiros contatos com o paciente apresentam uma postura totalmente diferente dos demais.” Há dois anos, eu cobicei esse diferente e não consigo mensurar a gratidão por agora estar provando e me lambuzando dele.

O corredor era o mesmo, quem não é a mesma sou eu!

Décimo primeiro foi um presente lindo! Atrevo-me a dizer o melhor até agora.

Subir a energia foi de boas! A enfermeira nos deu a chave prontamente, e nos preparamos sem interrupções! O primeiro encontro sempre é o mais “se joga no vazio” de todos. E nessa atuação particularmente nos deparamos de cara com uma situação diferente, um paciente provavelmente psiquiátrico, com o qual tentamos, mas não conseguimos interagir. Foi com as acompanhantes que o encontro acabou fluindo...

O segundo quarto elevou a energia a um outro patamar! haha General Jayme e os companheiros Rinaldo e Cícero foram demaisss! Segundo ele, nós, danadas, é quem estávamos nos divertindo com o jogo. Existem coisas que o dinheiro não compra, para todas as outras existe Mastercard, ou melhor VISA, ops, ZIZA... haha Ouvimos os primeiros "obrigados" da tarde, e, admito, foi muito bom! Foi bom saber que estávamos melhorando de alguma forma aquele ambiente. Os "obrigados" foram nosso encontromômetro!

No quarto seguinte, estavam Maria José, digo, Deinhaaaaaaaaa, e seu Joel dormindo, preferimos continuar a desbravar e voltar mais tarde, e o maior presente de todos foi, sem dúvida, ter voltado e conhecido essas duas pessoas lindas! Mas, antes disso, um grupo de acompanhantes foi nosso alvo... Jogo sem muitas palavras, mais encontro, menos fumaça, mais fogo, corpo vivo! Wesleeey, de provavelmente uns 12 anos, não resistia a uma boa olhada nos olhos e já ia se rindo todo. Laís me ensinou a paquerar com um movimento sensualíssimo de sobrancelhas. Fui chamada de maléééducada pela mãe de Wesleeey, vê se pode? haha Só porque ela pediu a tal da licença pra ir falar com a enfermeira e eu não quis dar, a licença num era minha oras? hehehe Foi muito engraçado!

Uma olhadinha para trás e lá estava Deinhaaaaaaaaa de pé na porta do quarto! Era nossa chance... E que pessoa linda e receptiva foi Deinhaaaaaaaa. Brincamos, ali mesmo na porta, de adivinhar o nome dela. Por sinal, ainda estou inconformada de não ter recebido meu prêmio, eu acertei o Maria! hihi Demos sinal de que queríamos entrar, mas ela foi logo explicando que seu Joel talvez não interagisse muito, pois ele estava bem fraquinho... Bateu medo, mas fomos com medo mesmo. O olhar de seu Joel era vago, contemplativo, não consegui capturá-lo. Também percebi que jogar com corpo não seria de muita valia, já que o campo de visão de seu Joel parecia restrito. O instrumento que nos restava era a palavra. Fui beeeeeeeim mequetrefe logo de início: "tudo bom, Seu Joel?". Um "tudo bom?" ?!?!?! Ave que decepção, Ziza! ¬¬ Seu Joel respondeu que não estava tudo bem, que ele tinha bastante cede... Sua voz era baixa e nos exigia um pouco mais de atenção para entender. Diante da resposta, mudamos o rumo da conversa para brincar com o troço que lhe apertava o dedo... Arranjamos dois pegadores de roupa e nos juntamos a ele na condição de dedos-apertados! hihi Eu pedi pra segurar a mão dele... Escutamos sobre carpina, sobre Tracunhaém, sobre os engana-bestas, sobre Carlinhos Carinhoso! E eu me senti tão bem de estar ali, segurando a mão dele, escutando seus causos, que me surpreendi com as cartadas que me surgiam. Cada cartada, pow! E eu transbordava quando via que essas cartadas lhe arrancavam risos... Eu e Josefina estávamos que estávamos ontem. A última cartada foi a candidatura de Josefina à prefeitura de Carpina. Saímos com votos garantidos! E melhor que isso, saímos com um "obrigado" tão sincero de Deinhaaaa que não pude me conter. Assim que estávamos no corredor, olhei bem fundo nos olhos de Josefina, e lhe dei um abraço: gratidão me preenchia e queria dividir com ela!

Encontramos ainda a cantora lindona de Porto de Galinhas... Desse quarto, saímos com a promessa de arranjarmos uns doutores gatxenhos! Ela ficou de fazer a propaganda de Ziza e Josefina. Mais uma vez mais "obrigados"... O encontromômetro estava explodindo. O quarto de Leo e Dona Help me surpreendeu: fui relembrada de mais um instrumento, o ouvir! Dona Socorro falava e falava! E creio que era disso que ela estava precisando, de quem lhe escutasse. Sopa de jerimum, purê de jerimum, bolo de jerimum, caldo de jerimum, pavê de jerimum... Jerimuuuuuuuum nããããããão! haha

Nossa última parada foi abarrotada de afago, de carinho! Não o carinho de Carlinhos de Carpina... hahaha Afeto de verdade. Josefina foi ao salão e ganhou um penteado de uma das senhorinhas. Eu estava debruçada na cabeceira da outra hóspede do quarto. Eu segurava as mãos dela e lhe mexia as unhas. Mais "obrigados", e nos despedimos do nosso último porto!

E no trajeto de volta ao quartinho, encontramos um grupo de estudantes de Fisioterapia! Foi muito massaaaaa! Era só encontrar os olhos deles que os sorrisos-errados apareciam. Até dancei tangooo! A galeguinha do amor!!! Ela disse que queria muito participar do projeto e lhe dei um abraço como que querendo enchê-la de vontade! Ai que lindeza encontrar pessoas apaixonadas pelo PERTO! Quis roubá-la pra mim e a levar pra criar... haha Quis muuuito torna-la parte disso tudo! Quis mostra-la o diferente! Vi-me nela, naquele corredor amplo, iluminado, bem ventilado, quando adentrei pela primeira vez no quarto período do curso...


Obrigada!

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