Antes de atuar, não me contive em cutucar as
lembranças que tenho do décimo primeiro. Aquele corredor amplo, iluminado, bem
ventilado, que adentrei pela primeira vez quando no quarto período do curso,
parecia o mesmo. Quem não é a mesma sou eu. Àquela época, o receio e insegurança
dos primeiros contatos com o paciente me dominavam.
Essa semana, tive o privilégio de pela segunda vez
escutar a história de Leniee, a lindona coordenadora do programa MAIS! E novamente
rolou alto nível de identificação com a fala dela: a peleja contra a timidez, o
descobrimento da arte/do lúdico como essencial ao ser humano. A verdade é que
foi ela a culpada de incutir em mim o desejo de me juntar à família PERTO. “Alunos
de Medicina que passam por projeto de palhaçoterapia antes dos primeiros
contatos com o paciente apresentam uma postura totalmente diferente dos demais.”
Há dois anos, eu cobicei esse diferente e não consigo mensurar a gratidão por
agora estar provando e me lambuzando dele.
O corredor era o mesmo, quem não é a mesma sou eu!
Décimo primeiro foi um presente lindo! Atrevo-me a
dizer o melhor até agora.
Subir a energia foi de boas! A enfermeira nos deu a
chave prontamente, e nos preparamos sem interrupções! O primeiro encontro
sempre é o mais “se joga no vazio” de todos. E nessa atuação particularmente nos
deparamos de cara com uma situação diferente, um paciente provavelmente
psiquiátrico, com o qual tentamos, mas não conseguimos interagir. Foi com as
acompanhantes que o encontro acabou fluindo...
O segundo quarto elevou a energia a um outro patamar!
haha General Jayme e os companheiros Rinaldo e Cícero foram demaisss! Segundo
ele, nós, danadas, é quem estávamos nos divertindo com o jogo. Existem coisas
que o dinheiro não compra, para todas as outras existe Mastercard, ou melhor
VISA, ops, ZIZA... haha Ouvimos os primeiros "obrigados" da tarde, e, admito,
foi muito bom! Foi bom saber que estávamos melhorando de alguma forma aquele
ambiente. Os "obrigados" foram nosso encontromômetro!
No quarto seguinte, estavam Maria José, digo,
Deinhaaaaaaaaa, e seu Joel dormindo, preferimos continuar a desbravar e voltar
mais tarde, e o maior presente de todos foi, sem dúvida, ter voltado e
conhecido essas duas pessoas lindas! Mas, antes disso, um grupo de
acompanhantes foi nosso alvo... Jogo sem muitas palavras, mais encontro, menos
fumaça, mais fogo, corpo vivo! Wesleeey, de provavelmente uns 12 anos, não
resistia a uma boa olhada nos olhos e já ia se rindo todo. Laís me ensinou a
paquerar com um movimento sensualíssimo de sobrancelhas. Fui chamada de maléééducada
pela mãe de Wesleeey, vê se pode? haha Só porque ela pediu a tal da licença pra
ir falar com a enfermeira e eu não quis dar, a licença num era minha oras? hehehe
Foi muito engraçado!
Uma olhadinha para trás e lá estava Deinhaaaaaaaaa de
pé na porta do quarto! Era nossa chance... E que pessoa linda e receptiva foi
Deinhaaaaaaaa. Brincamos, ali mesmo na porta, de adivinhar o nome dela. Por
sinal, ainda estou inconformada de não ter recebido meu prêmio, eu acertei o
Maria! hihi Demos sinal de que queríamos entrar, mas ela foi logo explicando
que seu Joel talvez não interagisse muito, pois ele estava bem fraquinho...
Bateu medo, mas fomos com medo mesmo. O olhar de seu Joel era vago, contemplativo,
não consegui capturá-lo. Também percebi que jogar com corpo não seria de muita
valia, já que o campo de visão de seu Joel parecia restrito. O instrumento que
nos restava era a palavra. Fui beeeeeeeim mequetrefe logo de início: "tudo bom,
Seu Joel?". Um "tudo bom?" ?!?!?! Ave que decepção, Ziza! ¬¬ Seu Joel respondeu
que não estava tudo bem, que ele tinha bastante cede... Sua voz era baixa e nos
exigia um pouco mais de atenção para entender. Diante da resposta, mudamos o
rumo da conversa para brincar com o troço que lhe apertava o dedo... Arranjamos
dois pegadores de roupa e nos juntamos a ele na condição de dedos-apertados! hihi
Eu pedi pra segurar a mão dele... Escutamos sobre carpina, sobre Tracunhaém,
sobre os engana-bestas, sobre Carlinhos Carinhoso! E eu me senti tão bem de
estar ali, segurando a mão dele, escutando seus causos, que me surpreendi com
as cartadas que me surgiam. Cada cartada, pow! E eu transbordava quando via que
essas cartadas lhe arrancavam risos... Eu e Josefina estávamos que estávamos
ontem. A última cartada foi a candidatura de Josefina à prefeitura de Carpina.
Saímos com votos garantidos! E melhor que isso, saímos com um "obrigado" tão
sincero de Deinhaaaa que não pude me conter. Assim que estávamos no corredor,
olhei bem fundo nos olhos de Josefina, e lhe dei um abraço: gratidão me preenchia
e queria dividir com ela!
Encontramos ainda a cantora lindona de Porto de
Galinhas... Desse quarto, saímos com a promessa de arranjarmos uns doutores
gatxenhos! Ela ficou de fazer a propaganda de Ziza e Josefina. Mais uma vez
mais "obrigados"... O encontromômetro estava explodindo. O quarto de Leo e Dona
Help me surpreendeu: fui relembrada de mais um instrumento, o ouvir! Dona
Socorro falava e falava! E creio que era disso que ela estava precisando, de
quem lhe escutasse. Sopa de jerimum, purê de jerimum, bolo de jerimum, caldo de
jerimum, pavê de jerimum... Jerimuuuuuuuum nããããããão! haha
Nossa última parada foi abarrotada de afago, de
carinho! Não o carinho de Carlinhos de Carpina... hahaha Afeto de verdade.
Josefina foi ao salão e ganhou um penteado de uma das senhorinhas. Eu estava
debruçada na cabeceira da outra hóspede do quarto. Eu segurava as mãos dela e
lhe mexia as unhas. Mais "obrigados", e nos despedimos do nosso último porto!
E no trajeto de volta ao quartinho, encontramos um
grupo de estudantes de Fisioterapia! Foi muito massaaaaa! Era só encontrar os olhos
deles que os sorrisos-errados apareciam. Até dancei tangooo! A galeguinha do
amor!!! Ela disse que queria muito participar do projeto e lhe dei um abraço como
que querendo enchê-la de vontade! Ai que lindeza encontrar pessoas apaixonadas
pelo PERTO! Quis roubá-la pra mim e a levar pra criar... haha Quis muuuito torna-la
parte disso tudo! Quis mostra-la o diferente! Vi-me nela, naquele corredor
amplo, iluminado, bem ventilado, quando adentrei pela primeira vez no quarto
período do curso...
Obrigada!
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