segunda-feira, 30 de novembro de 2015

A cocheira corre pra a Pediatria - by Luigi

Dia 17/11, nossa terceira atuação (Luigi Pequeno Horizonte e Roberto É Oquê). Pediatria. Confesso que era a atuação que mais me assustava. A terça feira ia chegando e meu coração fibrilava. 
Uma coisa eu posso dizer, minha energia tava alta. Por mais dolorido que estivesse por causa do Intermed,o corpo estava vivo! Além disso, essa seria minha primeira atuação após a externa no Encontro de Práticas Integrativas, onde me relembrei da importância do trabalho corporal (para mais informações, ler o diário "Segunda Atuação"- Horizonte, Luigi Pequeno), então estava com isso na cabeça.
Subimos a energia e explodimos o olhar!!
Aaaaah como foi bom!! 
Aqueles olhinhos num plano mais baixo que a gente (uma situação não muito comum para Luigi PEQUENO Horizonte) estavam on fire!!! Começamos diversos jogos incríveis. As crianças interagiam maravilhosamente, e os acompanhantes não ficavam para trás. Duelos e mais duelos de cosquinha se sucederam. Entramos no quarto de um menino surdo, e fiquei bem perdido. Mas meu super MCM estava lá pra me salvar com sua linguagem de libras. Apesar de o menino não retribuir muito nossos esforços, Roberto mostrou grande desenvoltura na linguagem de sinais. Tocantins inteiro pra ele!
Em um quarto específico, ou melhor, na porta do quarto, passamo um bom tempo. Eram duas crianças lá, sendo um bebê. Mas com a garota e as acompanhantes o jogo correu de um modo especial. Lá tentei intensamente convencer a garota que se tornar palhaço era muito melhor que se tornar médica. Infelizmente, ela não acreditou em mim e continua querendo ser médica. Uma pena, uma pena...
No entanto, devo confessar que estar ali foi o que me proveu o melhor encontro do dia. Não com os habitantes desse quarto, mas com uma pequenina de cabelos beeeeem enrolados. Laura é a prova viva de que as crianças não são só doce, mas também um azedo poderozíssimo!!! Sua altura não chegava a meu quadril. Mesmo assim, queria que nós fossemos seus obedientes servos. O olhar dela me arrepiava. Eu praticamente via as borboletas saindo pelos seus olhos. O negócio tava ficando quente. Em determinado momento ela pegou minha mão e me levou pro quarto dela. Eu me abaixei pra perguntar o que a gente ia fazer ali e ela me disse "fique aqui!!". Eu pensei "óóóia, desse tamanho e já quer mandar? Coitado do futuro marido dessa aí", mas não externei isso. Mas com toda a minha força (pra entrar no jogo sem me tornar o escravo dela) disse "não fico!!"
Ela arregalou os olhos e disse "fiiiique!"
Ao que respondi "Não fico!!"
Ela: "vai sim!"
Eu: "vou não!"
Ela: "vai sim!"
Eu: "vou não!!"
Ela: "eu vou pegar o meu chinelo, viu!?"
Eu: "eeeeeeeei, menina. Tu desse tamanho já quer bater em mim, é?"
Ela me retribuiu com um dos sorrisos mais bonitos que já vi!!
Inclusive, hoje fiquei sabendo que Margarida FalaMuito a encontrou no setor. Segundo essa palhaça lindona, Laurinha ficou triste quando viu que os palhaços que estavam lá não eram os palhacinhos dela kkkkkkkkkk, Vou procurar ela só pra dizer que não sou dela, ruuun.
Pra terminar, fomos ao quarto de Luís, o menino gigante. Ele só tinha 6 anos, mas o tamanho era de pelo menos 10. Tínhamos nos encontrado no corredor e ele tava todo feliz, mas quando entramos no quarto dele, ele tinha acabado de chorar. Quando perguntei o por quê do choro, ele disse que era porque precisava tocar a fralda. O bichinho tava com dreno, então a troca da fralda era muito dolorosa. Eu e Roberto ficamos cada um em um lado da cama dele, segurando as mãos dele e tentando acalmá-lo. Acabou que a fralda não foi trocada naquele momento, mas conseguimos fornecer a ele um pequeno consolo: ensinamos nossos nomes a ele e eu pedi que toda vez que ele estivesse com medo da dor, fechasse os olhos, chamasse nossos nomes e nos desse as  mãos. Estaríamos lá. Quando já estávamos saindo ele disse que realmente ia chamar, e eu respondi que ele realmente ia ver a gente. Com isso ele abriu um sorriso lindo, mesmo que pequeno.
Ver uma criança de 06 anos num sofrimento daquele há mais de 8 meses dói, de verdade. É barra pesada. Mas serve pra nos lembrar que nosso trabalho na Palhaçoterapia é muito maior que simplesmente se divertir com o pessoal do andar. Temos de ser absorventes de dor,espalhar olhares e encontros como quem diz : eu tô vendo você, tô vendo sua dor, eu sinto ela também e quero muito te ajudar a suportar ela. E isso só me incentiva a amar ainda mais a PERTO. Brigado, de verdade.

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