segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A ansiedade e o nervosismo de brincar no alojamento.

Sexta feira, mais uma atuação, a segunda numa mesma semana. Diário, dessa vez eu e meu companheiro Carequildo fomos escalados para desbravar um lugar, que a meu ver, seria bastante difícil. Fomos postos para interagir com as mães, o alojamento conjunto, ou melhor, o lugar onde as recém mamães estão com seus recém nascidos. Quando eu soube que atuaria ali, pensei como poderia ser difícil uma interação num ambiente que, em muitos casos, requer silêncio e cuidado redobrado. Pensei em como conseguir conversar com mulheres que estão mais querendo descansar depois de noites mal dormidas, pois são mulheres que acabaram de dar à luz. Confesso que antes de começar a atuação fiquei mais nervoso do que o de costume. Olhei para Fêfo, ele olhou para mim, não precisávamos dizer mais nada, a ansiedade transbordava nos nossos olhares. Começamos a preparação, finalmente momento de subir a máscara e encontrar o inesperado. Agora eram Carequildo e Carequinha Sertanejo que rondavam os corredores, estávamos nós de narizes a postos. Assim que saímos do quarto onde estávamos nos preparando, primeiro encontro. Uma senhora nos recebeu com um sorriso meu tímido, logo brincamos dizendo que estávamos atrás de uma criança, ela sorriu e disse que o netinho dela ninguém levava. Mas ao mesmo tempo nos conduziu até o quarto onde estava seu neto. Chegamos e o bebê estava num sono de dar inveja.  Começamos a conversar com a mãe. Naquele momento transcorreu apenas uma conversa, nada muito engraçado, mas têm momentos que é de uma conversa, mesmo que seja com palhaços, que alguém precisa. O quarto era compartilhado com mais duas mães e seus respectivos filhos, também estavam seus respectivos pais. Eles, os pais, nos receberam com sorrisos e olhares curiosos. Houve mais um momento de conversa, dessa vez, com brincadeiras, começou um papo de quem fechou a fábrica, de quem pretende montar um time de futebol com os filhos e as conversas e risadas foram se desenrolando. Saímos do primeiro quarto bem menos tensos; percebemos que poderia, sim, haver interação. Não posso deixar de falar da simpatia de alguns funcionários, toda as vezes que migrávamos de um quarto para outro, nesse meio termo sempre tinha um funcionário que abria um sorriso largo, havia aqueles que não queriam muito papo, cara fechada e olhar de quem diz que não quer brincar, acontece. Algumas mães dormiam e outras pareciam estar realmente cansadas em quartos em que a penumbra ganhava da luz. Eu e Fêfo olhávamos, sentíamos o encontro no olhar e também sentíamos que só aquele olhar bastava. Respeitávamos o momento e partíamos para os próximos encontros. Em um quarto uma mãe nos convidou para entrar e não parou por aí, nos convidou para o aniversário de um ano do filho, eu disse que levaria uma tropa de palhaços, disse que ela preparasse uns 15 bolos, nessa conversa com essa mãe, ela ria e ao mesmo tempo sentia dores da cirurgia do parto, fiquei meio cauteloso para não complicar nada por ali. Nesse mesmo quarto uma outra mulher bem jovem que ainda não havia parido, estava com muita dor. Ali, Fêfo conseguiu tirar um sorriso dela, foi um momento em que a dor provavelmente tenha diminuído; eu fiquei meio sem ação. Passei a mão em sua testa e disse que as coisas iriam dar certo, que a enfermeira estava chegando. Partimos para mais um encontro em outro quarto. Antes que eu esqueça, em quase todos os momentos minha barriga “um pouco” saliente lembrava a barriga de uma grávida. E todas as mulheres diziam que era uma barriga de quem está grávida, ou melhor, grávido de uma menina. Deram todas as características físicas de uma barriga de quem gesta uma menina. Foi muito interessante e, claro, engraçado. Explorei várias vezes essa minha barriga. Por fim, quando fomos pegar nossas bolsas para nos vestir e então ir embora, a funcionária estava gravida também, foi como um presente para o final da atuação, ela sorriu e brincou, disse que sua barriga era de quem esperava um menino e que a minha de fato era de quem esperava uma menina. 

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