Hoje o UBUNTU foi na enfermaria do 7º

É muito curioso o fato de que todas as quartas algo acontece para me deixar tensa na quinta. Logo quinta! Quinta é um dia para se "encher o copo do outro" mas, para isso, minha jarra precisa estar cheia. Como todas as quintas antes da atuação, sinto-me apreensiva, com medo, desconfortável, na dúvida, ansiosa. Mais uma vez, me coloco no lugar do risco, do não planejar, do se jogar no corredor das infinitas possibilidades, principalmente, a de errar.
Belinha, como sempre, me enche de carinho e, sempre me ajuda a subir a energia atráves do brilho no olhar. (Gratidão <3)

Vamos então "se jogar" na enfermaria do 7°!!! au au au ...

O frio na barriga apareceu assim que desci do elevador. A enfermaria parecia bastante movimentada. Olhei de relance e avistei algumas pessoas no corredor em pé, outras sentadas assistindo televisão, batendo um papo... 

Belinha pediu a chave do quartinho e um enfermeiro bastante prestativo e simpático abriu a porta, cheia de segredos, para a gente. 
Assim que entramos no quarto, começamos a nos arrumarmos.
(É impressionante como há uma conexão e sintonia incrível entre belinha e eu).

Como de costume, sempre fazemos avaliações das nossas atuações e, discutimos em como podemos melhorar nas próximas vezes. Rimos de nós mesmos. Rimos de nossas M-E-Q-U-E-T-R-E-F-I-C-E-S quando cometemos. hahahaha 

1... respira!...2... mais fogo e pouca fumaça...3... cuidar do companheiro... 4... falar menos e agir mais...5...6... não pensar... 7... 8...9...9...respira! 10! Encontra! (coisas que vem em mente antes de subir o nariz...)

SER/ESTAR...
 
Zefina e Antonela, juntas no corredor das infinitas possibilidades. Tivemos encontros com um senhor que estava deitado, um pouco cansado. Ele estava com acompanhado por sua filha. Uma pessoa, não identificada, perguntou: Vcs irão vir para o forró no domingo aqui no HC?" Eitxa!
Foi assim que começou a nossa atuação... falamos o quanto gostávamos de dançar e perguntamos a esse paciente se ele gostava de dançar. Ele disse que não podia. Tinha problemas no coração. Mas, tentamos mostrar para ele várias formas de se dançar. Ele ria e se divertia. Mas, continuava dizendo que não podia dançar devido ao coração. Então, mostramos a ele que se dança até com o dedo midinho. Porque tudo é corpo, se tudo é corpo, tudo dança. Do seu jeito, no seu tempo, ao seu modo. 
Zefina e Antonela fizeram várias demonstrações de como dançar sem se esforçar tanto. O paciente mostrou alegre. Os olhos dele brilhavam. Ele disse que bateria palmas para acompanhar a dança. 
Ficamos muito felizes. 

Saímos do quarto juntas e em sintonia e, PRINCIPALMENTE, bailandooo! O corpo estava vivo!

Encontramos com três pacientes muuuitooo divertidos no corredor. Eles estavam sentados batendo um papo enquanto um deles tomava o soro na veia.
Caramba! o encontro com eles foi sensacional! Todos se jogaram e entraram para o jogo como nunca eu tinha visto em outro setor!

O assunto foi sobre o forró do domingo. O que estava tomando soro, se apresentou como "seu fastio" e, apresentou seus outros dois amigos com os seguintes nomes: Zé pereira, seu Juvenal. (Acredito que eram nomes fictícios)

Seu fastio era todo descolado. Já os outros dois amigos dele, só faziam rir. Foi lindo pois, eu os vi rindo como uma criança que põe a mão na boca, se encolhe toda e fica fazendo todas aquelas manias que só quem já foi criança sabe como é.  

Seu fastio também era todo saliente... hahaha Veio com um história que todos tinham que estar nus no dia do forró no HC, ou seja, no próximo domingo. Pedimos para ele explicar mais essa história... Todos os três caíram de rir um do outro... Pareciam três amigos de infância. 

Seu fastio disse que ele sabia dançar um forró diferente e que APENAS ele sabia. HUmmmm QUE HISTÓORIIIAA É ESSA SEU FASTIOOOOO???? HAHAH

Até de cabixola acidentada ele disse que usaria para fazer a apresentação! Fez uma palinha do que iria cantar e tudo! Tentamos até acompanhar ele na cantoria! 

Foram longos momentos de risos e conversas com seu fastio e seus três outros amigos! Até duas pretendentes se candidataram para seu fastio. Eles queriam conhecer essa "tal dança diferente dele", perguntaram se ele era bom realmente.

Muitos risos no corredor! Era inevitável não rir com eles! "O riso é a consequência do encontro". As coisas na enfermaria  fluíram naturalmente, era tudo bem espontâneo. Não planejamos nada! 

Saímos um pouco do corredor e fomos ampliar os nossos olhares, as possibilidades de jogar, de encontrar... 

Chegamos no quarto de dona Val, era assim que ela queria ser chamada! 
A entrega foi verdadeira, natural e muito divertida! Não vou esquecer das palavras de dona Val. Ela parecia brava, mas não estava. Disse que iria nos levar para o Parque com ela. Ela disse que era o melhor parque que ela já foi. 
Dona Val é torcedora fanática pelo esport e se irritou quando Zefina disse que era do Santinha (hehehe) Foi muuuito divertido! Dona Val não queria tomar o suco de maracujá nem o 'sustage pra dá sustância'. Depois de muita adulação e dancinhas de Antonela e Zefina, Dona Val toma o Suco todinho. 
Quando saímos do quarto, ela disse que tomaria o outro quando voltássemos lá novamente.   

O próximo quarto estava muito cheio. Tinha, aproximadamente, cinco pacientes e três acompanhantes. Nossaaaa! Todas nós nos apresentamos e, sempre que Antonela pronunciava seu nome, as pessoas sorriam. Entramos no papo muito legal! Dançar forró! Todos comentavam sobre o próximo domingo! 
Muita animação e entrega nessa quarto! au au auuuu

Iamos de um lado para o outro... todos estavam dispostos  a nos receberem. (todos que estavam acordados)! Muitos encontros, muitos olhares... tudo espontâneo!  SER/ESTAR... 

Próximo de terminar a nossa atuação, encontramos, mais uma vez, com a filha acompanhante de seu pai. Porém dessa vez, não precisaram palavras... Zefina e Antonela ficaram da porta grudadas no olhar dessa moça jovem e bonita. Ela nos olhava com muita projeção! É ISSO!!! PROJEÇÃOO! Rolou isso na atuação... Encontramos, projetamos e sentimos que aquela moça apenas precisava de um abraço. Antonela e Zefina, calorosamente, deu um abraço na acompanhante. 
Apenas escutámos bem baixinho: Obrigada, obrigada, obrigada! Aqui houve o transbordar! Ela chorava de emoção. Nós nos transbordamos. 

Me questiono: Como? Como pode? chego no HC, cheia de dúvidas, me sentindo como uma jarra vazia... como encher os copos dos outros?!   Não sei. Apenas sei que sai daquele hospital renovada. Contente. Feliz. Eu sabia que estava fazendo a coisa certa! Eu amo muito tudo isso aqui e acho válido compartilhar com quem for. Eu amo pessoas. 

Também quero dizer que a minha Antonela do dentinho mais lindo do universo é  minha melhor companheira do mundo. Quero que todos e todas saibam disso. Obrigad, minha MCM, por ser tão cúmplice e sincera sempre. TE AMO!


Com amor,
ZEFINA FALAFINA au au auuuu