sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Que preocupações?

Boa tarde, pessoal!
Todo mundo sempre diz que quando a gente menos quer ir pra atuação, é quando ela acaba sendo a melhor de todas! Apesar de querer ir ontem, as preocupações com as atividades que tinha pra fazer estavam batendo à porta. Mas minhas MCM’s me animaram muito. Até corrida no banheiro pra aquecer teve.
De fato, foi sensacional. Nunca tinha visto tantas pessoas entrando no jogo quanto ontem. Foi incrível ver tanta delicadeza, tanto encontro, tanto olhar. O COB é uma área onde os pacientes estão muito fragilizados. Encontramos mulheres que, coincidentemente, estavam ali por terem perdido o bebê ou estava em processo de aborto, sofrendo todas as dores que vêm com isso, físicas e emocionais. Mas nem por isso elas deixaram de sorrir. Foi tão bonito. Um olhar do que é ser palhaço bem diferente pra mim. Não só o que faz rir, que é o que vem sempre em mente apesar de sabermos que não é só isso. Foi um palhaço que segura na mão também. Que oferece palavras de consolo. Como eu cresci ali dentro! Como Carola cresceu ali dentro! Foram apenas dois quartos com pacientes, mas o carinho dessas mulheres, o carinho das famílias que estavam ali e de todas as enfermeiras, que também entraram no jogo em unanimidade, foi incomparável. Me senti abraçada, e não que estava abraçando. Percebi como nossos problemas são pequenos. Com a presença de “Sol”, da família “Do céu”, do time massa de enfermeiras, de Maria e "da sogra dela", de R.M. e J., o dia hoje foi um verdadeiro misto de sentimentos. Todos maravilhosos. E sabe aquelas preocupações? Parece que se dissolveram. 

Muito amor pra todo mundo! 

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Na Nefro, tinha uma pedra...

Por Flora Pinica

Gostaria de começar esta postagem, primeiramente, pedindo desculpas a mim (meu palhaço) e à MCM, Surdete. Hoje não era o meu dia: doente, cheia de dor no corpo e calafrios, que me incomodaram bastante durante a intervenção. Minha energia baixou rapidamente, não conseguia ficar em pé, não conseguia encontrar minha MCM e, principalmente, meus queridos paciente e clown. Foi terrível hoje. Também me senti um pouco mal com as suturas dadas nos pacientes por conta dos cateteres que antes havia em seu pescoço. Estranho isso. =(

Mas vamos lá resumir como foi a atuação... Chegamos, nos arrumamos, nos preparamos. Saímos e fomos direto para a área da hemodiálise. Achei dificílimo atuar lá. Poxa, muita gente triste, principalmente idosos, já sem esperança alguma no olhar. Mas houve uma senhora que me tocou, a dona Luíza. Me encantei por ela assim que entrei na área da hemodiálise. Desenterrei uma Luíza da história antiga para mostrar a ela que ela, ali, naquela situação, era uma guerreira mesmo há sete meses lutando contra sua doença. Minha MCM perguntou onde ela queria estar se não fosse no hospital; ela respondeu que não sabia, chutei que na igreja. Ela parou e disse: isso, na igreja. E então senti que a vontade dela de sair dali aumentou, pouco, mas aumentou! Estarei torcendo aqui pela sua recuperação! 

Em um outro leito, encontramos dona Edite (L), muito atenciosa e ama falar sobre a sua vida, principalmente sobre o ex marido, que adorava fazer filho com ela, KKKK... Mas foi aí que começaram a bater as dores no corpo. Não queria que a minha energia caísse de vez. Até que minha MCM disse: bora pra casa, Flora, você não está bem! Obrigada, Surdete!

Peço desculpas novamente ao meu Clown e à querida Surdete. 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Nada como o cheiro de um nariz novo!

Mais um daqueles dias bem lindos de atuação que a gente quer não acabe nunca!! Nossa! Acredito que a minha energia nunca esteve tão alta! Acho que foi por que atuei pela primeira vez com o meu nariz novo! Ah! Como faz a diferença na atuação!

Essa semana eu e minha MCM maravilinda <3 (incrível como cada vez mais esse negócio de palhaçoterapia faz a gente ficar apegado, viu? Tanto a minha MCM quanto ao projeto!) estávamos imbatíveis! hahahah Quanto encontro, quanto olhar lindo a gente encontrou no sétimo andar! Seu Valdir, o noivo de Surdete, afinal, é de minha personalidade clown a, como vamos dizer, semvergonhice! hahaha Um noivo, marido, namorado, amante em cada andar! Muack, um beijo pras inimigas.
Conhecemos tambem Liliane, a namorada de Gentileza, quer dizer, Rafael! Pense num mundo pequeno?! Sempre gosto de interagir com todas as pessoas presentes, afinal, sou uma palhaça meio de todo mundo, meio poliamor, sabe? hahah Sendo assim, encontrei a Liliane de repente em direção a seus afazeres e começamos a conversar, ela logo sorriu. Ela disse: "Já tenho um palhaço em casa" e eu perguntei: "Quem, seu marido?". Demos boas gargalhadas e enfim ela disse que era namorada de Gentileza. Fizemos questão, eu e Florinha, de fazer um vídeo (em off, tá gente?), exigindo que Gentileza dê logo o anel pra moça. Pra que tanta enrolação afinal? haha

Foram muitas aventuras! Corremos com a Dona Maria sem ao menos sair do lugar, apenas demos os braços a ela e ela praticamente voou! hahaha AH! E ficamos sabemos de certas palhacinhas da semana passada (Odete do Espaguete e Niveta Toda Preta) que andaram se engraçando para o filho de Dona Marieta. Além de ficarem mostrando as calçolas por ai. Isso é comportamento de palhaça, gente? hahahahha Lindas! Continuem causando esses momentos lindos e memoráveis a todos!

Ale HUP!

Me faça PERTO.

Olá, DB!! 27/10/2014

Me dê a lua, que eu te faço adormecer...


Feriado! Mas o HC continua com a sua vida interior... Dessa vez, o sétimo andar foi o local de encontro de Martina e Plínio! Diferentemente do habitual, Martina hoje só quer citar os pequenos flashes que ficaram em sua mente desta manhã iluminada, porém cansativa (3h de atuação intensa!). Respirem fundo e lá vai:


MCM. Desânimo. Olhar distante. Roupa. Maquiagem. Espelho. Contagem regressiva. 5. Palhaço pronto é palhaço morto. 4. ... 3. Que fiquemos presos no AQUI e no AGORA. 2. ... 1. Olha pra mim. Nariz. Corredor. Olhares. Respiração de braços abertos. Ivete. Poeeeeiraa, poooeiraa, levantou poeira. Não houve olhar ainda. Fátima. Livro. Autógrafo. Palhaço alegre. Palhaço triste. Olhar presente. Olhar ausente. Casa ou não casa?. Olha! Não olha. Olha pra mim. Triste? Mandacaru bonito. Plínio de sorte. Gargalhada estridente. Residente. Bota bonita. Serra Talhada. Conversar. Dedicatória. Ainda espero esse olhar. Energia! Felicidade incompleta. Não disfarça. Conta. Corre! Emocionar-se. Palhaço chora? Casa para morar. Olhos da alma. Fica aqui, deita no meu colo. Me fala do teu coração... Shi... Dorme, descansa!



Olhar a intervenção apenas é detalhar grandes tesouros e felicidades e isso nunca vai mudar... Talvez este diário seja para detalhar aquilo que Martina pode não perceber, mas que Tutu enxerga! 



Luzes em forma de beijos, 
Martina Mandacaru

Quero olhar bebês


   Hoje foi difícil. Como manter a concentração e foco? Só queria passar minha vida vendo aqueles lindos bebês. Entramos no primeiro quarto e vi aquelas criaturas sob a luz azul, tão pequenas, tão frágeis. É estranho querer ser algo tão intocável, mas o que não faria por aquela paz e delicadeza, por aquele véu de novidade que cobre tudo que se vê, por meu instinto principal ser o aconchego. Nossa deu para perceber que era difícil criar jogo quando fico pensando nessas coisas. Mas tinha que perder minha concentração nos bebês, e começar a atuar.  No primeiro quarto, nosso saudoso Bufa não se deu muito bem. Poxa realmente achava que o seu sucesso de modelo ia rolar na maternidade, mas hoje ficaram do meu lado para provocá-lo, mas afinal que tipo de palhaço dá para a palhaça da sua vida uma maça estragada de casamento, assim não tem mulher vá querer ele, isso é uma palhaçada.

    Semana passada ele encontrou os amigos do futebol dessa vez encontrei as minhas amigas da fofoca. Próximo quarto, sentamos no chão bem pertinho da moça e de sua mãe, vamos fazer uma roda para cochichar e não acordar ninguém, né Neném que é mais nova do que seu próprio neto neném? Seu filho já tá com uma namorada? Sim, a bebê do lado. Como diria Cazuza, “nossos destinos foram traçados na maternidade ... A vida é cômica, adivinha de onde elas eram: de Buenos Aires! Realmente é uma cidade linda, tem televisão na praça, e até frio faz. Enquanto Bufa pega conselhos para ser um bom marido com a mãe, junto com a filha marco de conhecer os amigos policiais de seu marido, porque afinal policial é o que há de melhor.

  Fomos agora para sessão de fotos. Vinte reais uma foto, só que quem cobrou foi a fotógrafa. Acredita que batemos mais de dez fotos, pena para ela que na nossa roupa não tem bolso algum.  Você sabe como passar na ponte? Não, nos ensina. Se o soldado mandar ir em frente, vira de costas e vai em frente. Só os que tem lógica entenderam, pena que não tínhamos. Olha, a palhaçoterapia também é local de aprender questões de lógica de concurso público.

    Como te fazer rir moça? Me dá comida, que eu abro a gargalhada. Bufa tira do bolso um papel de bala amassado. Poxa a cara de decepção dela foi ótima. Mas não é que a sorte estava ao nosso favor e o carrinho do lanche estava passando, fomos ajudar a moça a entregar. Finalmente conseguimos facilmente risadas.  Ri tanto que assustei, é unanime todos acham minha risada estranha.

   No outro quarto, uma querida estava cirurgiada e não podia rir. Não foi culpa nossa, qualquer coisa que fazíamos ela ria. Cobria o rosto, virava cara, mas não tinha jeito. Quando não queremos elas riem até demais, mulheres, mulheres, como diria Bufa, mulheres são complexas. Ficamos na corda bamba literalmente, no caso de Bufa tá mais para linha bamba.

   No outro quarto, percebemos todas as mutretagens das fofoqueiras do 912. Elas achavam que acreditávamos que elas ficavam olhando com cara de paisagem para o bebê porque gostavam dele né, sei... queriam é se bronzear na luz azul. Projeto verão 2014, tenha sua incubadora e vá fazer sucesso na praia. Nossa que Camila malvada, foi visitar a prima grávida, e acabou fazendo confusão com a mulher do lado. Todas têm um pé atrás com Camila. Afinal se eu pergunto dela e você ri é porque tem alguma coisa por trás. Quem ri, consente. Do nada sou acusada de pedófila, mas quem me culpa por ser apaixonada por Alejandro Sanz dos olhos azuis, ele vai deixar meu coração partido.

    Ai meu Deus, como é seu nome? Ipatugina. Meu deus, é uma cidade? É não, é minha avó sendo doida. E o filho de Ipatugina despertava o gingado em todo mundo. A moça que o segurava, quando estava com ele nos braços, balançava de um lado para o outro, e quando a mãe foi amamentar, ela ficava batucando sua bunda. Já nasceu para ser dançarino de axé.         Meu sonho é ter um robe. Talvez a noite eu passe e roube seu robe. E novamente dei uma de a Praça é Nossa. Mas funciona, é tão tosco que o povo ri. E que dinâmica legal de Bufa com a moça, foi ótimo narrar as reações dela quando ele invadia e deixava de invadir o seu espaço.

  Vamos embora, opa pera aí, faltou conhecer ela, a mãe da amarela Maria, Maria Gabriela amarelaaaaaaa. Que encanto, que força. Ajeitou a TV, foi crítica de moda e mostrou a linda bebê que já ia ver amanhã, quando tivesse alta. Vão lá no 913, vocês não vão se arrepender.

  E lá fomos, no caminho começamos a imitar uma das moças do primeiro quarto que falava no celular, ela passou o telefone, porque o marido não acreditava que ela estava rindo de palhaços. Falamos com ele, mas Bufa do mal desmentiu, somos palhaços não, sua mulher tá doida. Assim não dá, Bufa acabando casamentos, a bixinha não conseguiu nem desmentir, de tanto que riu.

   E chegamos no 913. Conhecemos Dilma, Aécio e Marina. Ah tenho que curtir a foto deles no face. Dilma estava no centro, dormindo rindo, e os outros dois estavam do lado com a cara fechada, é os babys imitando a vida. Como assim você coloca eles para brigar? É Aécio deu uma surra em Dilma, e Dilma em Aécio ainda dentro da barriga. São todos farinha do mesmo saco, e da mesma barriga.

    Ufa Bufa, que dia, saímos mortos né? Mas é assim mesmo, quem sabe agora posso tentar ser um bebê, pensar na carinha deles e dormir hoje mais feliz e calma.

No 7o andar...

Por Flora Pinica

Mais uma atuação com a minha MCM, Surdete Repete. Nos trocamos, nos maquiamos e já começamos a atuação assim que saímos do quarto dos enfermeiros. Para variar um pouco, mais uma vez começamos pelo final do andar, dando aquela carreirinha básica que sempre damos. No primeiro quarto, havia quatro mulheres simpáticas. Havia Dona Maria que estava lá por conta do cansaço. Como estávamos correndo, convidamo-na para correr junto com a gente. Ela disse que não poderia, porque estava muito cansada. Dissemos: vamos correr na cama? Eu dei o meu braço a ela, Surdete, o dela, cada uma ao lado de dona Maria, e ela correu deitada, mexendo as pernas, haha! Foi muito fofo esse momento! Fomos a outro quarto e arranjamos mais um companheiro amante para Surdete. Seu Valdir foi muito atencioso conosco, conhecemos a sogra de Surdete e tudo! Havia uma outra senhora também chamada Marlene. O cabelo dela para mim foi o que mais me marcou na atuação. Parece besteira, mas fiquei encantada com o cabelo dela, com a tiara dela também! Também arranjei outra briga com outra empregada doméstica, KKKKK... Esse meu nome tá dando o que falar, viu? Tô amando tudo isso. Consegui usar meus narizes novos no meio da interveção!  =)))

Quem estava na Enfermagem foi a namorada de Gentil (L)! Ô, mundo pequeno! 


Com os pequenos, grandes encontros!

Hoje a intervenção foi na pediatria. A energia que nos era pedida era intensa, mas extremamente gratificante ver que o mínimo pra a gente era muito para os pequenos. Um momento ápice aconteceu quando uma enfermeira foi nos chamar, eu e meu MCM Malaquia Miopia, para entrar em um quarto e ajudar uma menina que não estava querendo tirar sangue. Cada vez que uma enfermeira se aproximava da menina ela tinha verdadeiro pânico e tremia muito. Nunca havia visto uma reação de medo como aquela de Maysa. Então fomos tentar ajudar. Fazer com que ela não sofresse tanto e o procedimento pudesse ser realizado pelo próprio bem dela. Incrível como no início não tinha jeito, mas com o tempo ela foi começando a se acalmar junto com a gente e, no fim, eu segurei o bracinho dela e foi aí que ela deixou fazerem a punção. Segurei da melhor forma que poderia e soltava breves palavras: pronto! Tá acabando! Acabou! Finalmente ela voltou a sorrir.

Andando devagar

E lá estávamos, na tão falada maternidade, desde o começo já sabíamos que não seria uma atuação qualquer, ao nos trocar no banheiro de repente três batidas fortes na porta:
-Quem é?? - falamos assustadas
-Abre agora
Abrimos e qual não foi a surpresa, um encanador nada gentil com uma descarga na mão,
-Preciso trocar agora
Olhamos uma a outra e ok, desafio aceito, nos maquiamos ali, no meio do caos, ao som de seu Zé perguntando o que estávamos fazendo. Chegando nos quartos, quanto amor! Acho que não paro normalmente para fazer essa avaliação, mas alguns andares exalam um perfume de bem-estar não é? Voltando...Começamos os jogos, foi difícil no começo, mas até que enfim ele chegou, o encontro, devo assumir que nesse encontro a graça ficou por conta de Dona Preta e suas histórias, "ei palhaça, vamo tomar uma na Kelly?", "mulher, é tanto homem bonito nesse corredor", "palhaça, explica meu marido como ele chega aqui no HC", e assim a tarde se passou como num piscar.
Estávamos já indo quando encontramos uma outra mãezinha, mais recatada, com seu baby na porta, quanto amor jorrava ali, o verdadeiro encontro poderia afirmar. Fomos falar com ela e ficamos em transe com tamanho cuidado e afeto que se estabelecia, ela foi tomar banho e deixou João com sua tia, a que diga-se de passagem também jorrava amor pra todos os lados, que menino de sorte! Brincamos com João, o qual ganhou o concurso baby gato do 9º andar e que por alguns instantes esqueceu seu choro de fome para me encontrar, de todos encontros foi o que mais me marcou, os olhinhos curiosos que não me deixavam ir embora.

Aos olhinhos de João dedico esse diário, com todo amor da Maribond apaixonada pelo nono andar.



domingo, 26 de outubro de 2014

Enfermaria 11º Andar

Muitos encontros com membros da família (PERTO) até chegar lá. Chegando, mais encontros ainda! A linda Tutu "tomando conta" dos novinhos do Caminho. Encontros maravilhosos em cada quarto. Energia 100%? Nem sempre. Minha companheiras são as melhores do mundo? Sempre! Banheiro é casa. Hora da comida vira jantar luxuoso no Skillus. Menino ou menina? Sou menina, moço! É que cortaram meus cabelos fora hehehe. Maria Maromba? Maria Fitness? Maria Academia? Pode chamar do que quiser! hahaha. Abraço sincero e apertado da Visitante Acompanhante Gilda. Agradecimento dela quase me fez chorar. Eu que agradeço, Dona Gilda! Obrigada por deixar a gente te ajudar, e obrigada por um dos abraços mais gostosos e um dos sorrisos mais sinceros que eu já recebi. Dona Irene, um dia a senhora ainda canta pra mim! Você já veio aqui essa semana não foi, minha filha? (mil pessoas confundindo Bette Corpete com Mylena hahaah). E como faz quando perguntam qual o seu curso? Como faz quando você continua na brincadeira e não param de perguntar? Essa foi difícil. Obrigada, Enfermaria do 11º andar, por me ajudar.

Cativar e cultivar tuas rosas

Não foi só o celular que descarregou as suas baterias. Eu também! Essa segunda-feira na pediatria foi cansativa!

Mais uma vez, estava na aula inquieta, esperando que terminasse logo para que eu pudesse subir para a atuação. Minha bateria (do celular) estava quase descarregando, então eu desliguei o celular por um tempão, para quando sair da aula ter como me comunicar com meu MCM... Quando saí da aula, mandei um wa pra Matheus avisando que estava subindo para a pediatria, mas ele não recebeu. 9 tentativas de telefonar e mais umas 10 de mandar mensagem: todas falhas! O celular não chamava e a mensagem não ia (sempre dava falha ao enviar). Sorte que mandei mensagem para o grupo e alguém conseguiu avisá-lo.

Chegando lá, pedimos ao pessoal da recepção um lugar para nos arrumar e depois de ir e voltar no corredor, encontramos a sala de enfermagem. Depois de prontos e maquiados, com a energia lá em cima e a máscara-nariz posicionada, fomos falar com a criançada! Pensei em descrever passo-a-passo como foi em cada quarto, mas como faz quase uma semana da atuação, esqueci de alguns nomes, e então a descrição ficaria um pouco falha. Mas o mais importante seria dizer que, apesar de no início termos dificuldade de ter um encontro com as crianças, pois elas estavam um pouco desconfiadas, saímos da atuação com todas elas nos seguindo! E as mães já #xatiadas com a criançada correndo e fazendo zoada no hospital. No fim, todo quarto que nós visitávamos, as crianças do anterior vinham também. E muitas acabaram conhecendo umas as outras nessa brincadeira. No fim, era "tia" pra lá, "tio" pra cá. "Palhaça" pra cá, "palhaço" pra lá. (Não adiantava dizer o nome 20 vezes, eles sempre esqueciam! hahah). Fizemos a "mágica" do nariz, alterando a cor. Acharam o máximo. "Tia, faz a mágica de novo!".
A única parte que me chateou um pouco, foi um rapazinho um pouco maior que trapaceou no jogo e olhou enquanto viramos de costas, quando era pra eles estarem de olhos fechados, para fazermos a "mágica", Ele percebeu que havia duas faces e quis porque quis tirar o meu nariz. E, de certa forma, começou a me agredir.
Uma mocinha muito fofa que grudou nos nossos pés (acho que foi ela que saiu puxando toda criançada de um quarto pro outro), me deu um bombom quando estávamos perto de ir embora. Tivemos que dizer que o ônibus dos palhaços estava nos esperando lá embaixo! Ela queria nos acompanhar até o último momento, e para que ela não perdesse o encanto, tivemos que pegar nossas coisas e ir embora pelas escadas vestidos dos nossos clowns, perdidos e sem saber onde nos trocar. Na hora que peguei as minhas bolsas (uma com a roupa do palhaço e a outra sendo a bolsa da faculdade), a mocinha ficou desconfiada e disse "Tia, essa não é a tua bolsa!". E eu disse "É minha sim!". Ela "É não, é a bolsa da doutora.". Aquela não poderia ser a bolsa de um palhaço, né? Bolsas de palhaços supostamente deveriam ser engraçadas e não sérias. E acho que isso quebrou um pouco o encanto dela. Mas não o meu! Porque ri muito no momento e caio na gargalhada até agora com a astúcia da menina.
Estava com a energia lá em cima, apesar de muito cansada, e até havia dito ao meu MCM que eu ia escrever o diário naquele mesmo dia. Quem disse que eu aguentei? Foi capotamento total quando cheguei em casa! Depois de quatro horas inteiras naquele setor, não havia quem aguentasse mais nada! Mas como está no nosso amado livro do Pequeno Príncipe, "Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante" (frase do livro que li no dia seguinte e foi muito cabível ao momento).

Tive como saldo ao fim da atuação, um bombom e muitos encontros!

Passeio pela nefro :)

Querido diário, mais uma vez estou aqui pra compartilhar um pouco da minha experiência. Dessa vez, eu e minha MCM fomos atuar na nefro. Encontramos alguns obstáculos, algumas resistências, mas o principal: encontramos olhares, sorrisos e muito, mas muuuito amor. 
É nisso e só nisso que me apego. Quando consigo arrancar um sorriso, quando recebo um muito obrigada... aí sim me sinto completa. E eu que deveria agradecer a cada um que me proporciona essa paz. Preciso mais desses "frágeis" pacientes do que eles, de mim. Não tenho dúvidas.

Obrigada, nefro! Até mais, diário.

Nefrologia

   É galera, mais uma postagem no domingo... Desculpa. tentarei postar mais cedo.
   Mas, quanto a atuação, ela ocorreu na nefrologia... E acho que a cada intervenção o frio na barriga ta se tornando cada vez mais meu aliado, e a relação com Sebastiana ta ficando cada vez mais "fluida"(estamos nos entendendo mais rápido, é estranho pois sempre achei que nos entendiamos bem, mas nas ultimas atuações isso está melhor... Sei lá, é estranho eu sei... Mas é.). E a troca de roupas  foi em um local com ar condicionado o que me ajuda muito na hora  de maquiar pois não fico suando tanto. E acho que finalmente estou aprendendo a me maquiar direito....
   Na atuação confesso que não me lembro dos nomes das pessoas (sempre fui péssimo com isso), Mas destacarei aqui alguns pontos que considero importantes:
-Conquistamos uma discípula (uma senhorinha que apesar de não poder queria nos seguir... Ela nos                   fez passar algum tempo extra no quarto)
-O melhor ficar na "merda" da historia (um paciente me deu uma cortada linda! foi massa!)
-Eu percebi que minha roupa se parece com a de jogador(como eu não tinha visto isso antes! devo ser              cego! mas, mais uma vez uma paciente abriu meus olhos com um: -"e ai jogador!")
- Ganhei(amos) uma aposta
-Hemodialise é triste... Mas tem pessoas felizes (quando estão acordados:(. Infelizmente tinham                        muitas pessoas dormindo, mas encontrei alguns olhares lindos)
-Globeleza faz sucesso....

Então acho que é isso... BJS :)

Impacto


   Tenho que confessar que nunca tinha ido a uma sessão de hemodiálise. Sempre que imaginava como estes locais seriam, ficava pensando que talvez eles fossem similares as sessões de quimioterapia aos quais eu já tive a oportunidade de conhecer. Muitas horas ligados presos a um mesmo procedimento, alguns com reações adversas fortes, outros conversando e fazendo o que podiam para passar o tempo. Não foi bem isso que vi na Nefrologia. Vi cenas muito fortes, pessoas muito debilitadas, as horas além de longas para aquelas pessoas também eram desprovidas de qualquer vitalidade, muitas delas sentiam muita dor e eu em minha restrita visão de mundo, me deparava com uma nova realidade impactante.

   Logo que chegamos, eu e Bufa, fomos recomendados a não ir para o local das sessões, estava ocorrendo a troca de pacientes, lá estaria conturbado, fomos então visitar os quartos. No corredor um senhor buscava algodão, interagimos com ele, e este com um sorriso meio preso, segui para o quarto, decidimos então acompanha-lo. Ele ia cuidar de sua esposa que dividia o quarto com mais duas senhoras acompanhadas por suas filhas e uma amiga delas. O senhor se voltou para sua esposa, ela estava com muita dor. Ficamos brincando com as outras mulheres do quarto. Quanto amor elas nos deram, ensinamentos e carinho. Tinham uma risada fácil e aconchegante, propuseram muitos jogos e sempre tinham uma palavra de agradecimento e carinho.

    Com elas e com Bufa, meu eterno amigo da onça, aprendi que se falo que sou de Buenos Aires, posso estar falando que sou de uma cidade daqui de Pernambuco. Ser de fora é complicado, motivo para dar muitos foras.  Uma delas sempre que tentávamos sair do quarto, se levantava, só que ela não podia, ficamos um tempo a mais com ela, e foi quando percebi que apesar de tanta simpatia e risadas ela também estava com muita dor. Em um dos momentos não me contive e segurei sua mão e simplesmente tentei não fazer ela rir, só queria cuidar dela e mesmo que com um carinho na mão, tentar diminuir um pouco seu desconforto.

   Fomos novamente em frente, descobrimos que alguns não provam nossa escolha labial, e acham o batom laranja incorreto, isso nos fez ir atrás de um batom mais sensual. Bufa queria também achar apoio para seu sofrimento com futebol, fizemos uma aposta para ver se alguém ali como ele também era apaixonado por esse esporte. Nos primeiros quartos me dei bem, mas depois perdi feio, Bufa encontrou companheiros que tentaram me provar o valor do futebol, mas o maior lucro da história foi a melhor ficada de merda de nossas atuações. O senhor tão compenetrado no cuidado com sua mulher, não nos dava muita atenção, nós respeitamos ele, mas nesse jogo específico, Bufa rodeado por mulheres, se virou para o único homem do local e perguntou se ele também gostava de futebol, se ele era seu parceiro no bom gosto. Não esperava que ele fosse ao menos responder, mas ele nos deu um não com a cabeça, tão simples, certeiro, sorrateiro e lindo que caímos na risada. Eu ganhei um aliado na opinião, Bufa ganhou rejeição e todo ganharam alegria.

   Do senhor Severino ganhei um 9,5 no quesito beleza, Bufa me deu dez e fiquei com a média 9,75. Nunca imaginei que vestida de Sebastiana ia ter a pontuação mais alta da minha vida.

   Finalmente fomos para a hemodiálise. Ao entrar, tentava encontrar no olhar, ver alguém para interagir, porém a grande maioria dormia, ou gemia de dor, eles estavam apáticos. Junto com o sangue corpo que fluía para fora do seu corpo, ia sua energia também. Tentei me conter e passar a energia que tinha para eles. Conseguimos interagir com uma moça que assistia TV, ela foi bastante receptiva e acho que realmente desistiu de roer as unhas depois que viu as minhas. Uma das senhoras que estavam naquele quarto tão querido, cuja a sua filha nos recebeu tão bem, também nos acolheu. No início ela prestava atenção, até que no meio de uma risada ela simplesmente virou o rosto e fechou os olhos e foi dormir. Acho que seu cansaço conseguiu superar a atenção que tentava nos dar.

  Essa situação se repetiu com muitos, apesar de eles tentarem, de súbito pareciam que não estavam mais lá conosco. Queria tanto pensar que era apenas rejeição, mas infelizmente a ideia de que era realmente dor e fraqueza me assombra.

 Apesar disso conseguimos criar alguns jogos legais. Bufa virou a globeleza, uma das enfermeiras conseguia se teletransportar. Eu virei Dilma e Bufa Aécio, e as propostas políticas foram trocadas por eu torço pelo Sport, e ele pelo Santa Cruz.

    No último quarto, fomos levados para uma boate, o pisca pisca da luz que falhava no quarto foi ótimo para interagir com uma linda moça que com seu sorriso comprava nossas brincadeiras e loucuras.

   A visita foi muito boa, todos os momentos me marcaram bastante, mas um deles me fez refletir por dias: admiração pelo o senhor que cuidava de sua mulher. Ele tinha uma paciência, um carinho, uma positividade, entre os gemidos constantes de dor de sua esposa, não cansava de repetir, já vai passar, isso enquanto alisava sua cabeça e limpava sua boca com um algodão.  Queria poder demonstrar o amor que ele sentia para com aqueles que amo da mesma maneira que ele, sem cobrar, de forma constante e pura apesar das dificuldades.

Róseo

Oiê!
Como falar dessa sexta... o dia começou tenso para mim. Estresses, pressão, desencontros e algumas lágrimas (poucas, ok? Não sou tanto assim de chorar...#pinóquiofeelings kkkk).
E o dia foi passando, reflexões, conversas, as últimas lágrimas... sorrisos.
E fui pensando “hoje é PEDIATRIA!” não há espaço para se doar pouco. ENERGIA! Beijos, abraços e lá estava eu, prontíssima!
Vou a procura do meu MCM, que me trollou, me fazendo procura-lo algumas vezes na biblioteca. Mas ok, está tudo ótimo, a vingança é um prato que se come frio! Hohoho
“Faz cara de médico!”, e fomos para o HC. E o clima estava ótimo. Era apenas nós dois conversando, desabafando, deixando para trás... Depois era nós dois e Beirute, nós dois e vários indianos... mas sempre nós dois.
 “Me surpreenda!”
“Uaaaaau! Reflexão. Aquela provocação era séria... OK!”
E depois chegaram Maricota e Bang-Bang! Maricota vestiu rosa nessa sexta. Sinto que ela não poderia ter usado outra cor. Foi a cor de Chachá, com seus 3 aninhos e sua energia sem fim. Foi a cor de Naná também. Menina difícil de conquistar...
“ Quer a boneca?”
Medo... choros... “mãããeeeeee”... 
Encontro de Tuberculino com Luquinhas *.*
“Não corre, Breno!” Slow Motion.    .      .
 Sua mãe tem medo que se machuque!
“Uaaaaaau, quantas vaquinhaaaas”! Até Pedro se divertiu!
OI, Pitbull! Oii, Daniel!
“Esquece essa cobra, ok?” (MCM um pouco desconfortável kkkkkkkkkk)
“ Geremiaaaas, tem uma música com seu nome, sabia?”
E aquela vontade de gritar: “ Geremias, maconheeiro sem vergonha....”
Auto controle...
E N E R G I A!
Chachá mandando em mim. Eu me deixando mandar por Naná... OK, meu nariz combinava com elas. Não podia dizer não!
Daniel em cima de Bang-Bang. Também quero! Eu sentada em Bang-Bang.
Daniel implicando com ele...
“Me proteje, Cambalhota!!!!!”
“Daniel, vem aqui!”    #soserious
“Vamos pensar em alguma maldade para fazer com ele?” hohohoho
É, lindos leitores, a vingança de fato é um prato que se come frio! Hehehe
E a tarde foi assim: das 15 as 18 e pouco, apenas nós dois, minha maldade, o nariz de Luís, nossas verdades, picos de energia, e muita MUUUUITA alegria!
É PEDIATRIA! Com seus bichos e seus pequenos donos.

Vocês são responsáveis por mim, vocês me cativaram!

PS- Cuidado com as cobraaaaaaaaaaas!                                                                                                     
    
                                                                                                                                  Tatá 

ENTUSIASMO

A intervenção dessa semana, 22/10/2014, foi realizada na Pediatria. O entusiamo foi um dos milhares de sentimentos que me acometeram desde que soube que atuaria nesse setor, uma vez que a figura do palhaço para as crianças se torna muito mais forte que para um adulto, principalmente dentro do ambiente hospitalar. Poder ter levado um pouco de alegria para tal setor foi muito gratificante e revigorante para as próximas e elas mesmo estando diante de uma enfermidade, apresentam uma alegria imensurável, tanto que apenas dois mequetrefes não dão conta :D Mas foi um grande prazer atuar no setor e ver, por exemplo, as risadas mais espontâneas que eu poderia ter visto, quando nos deparamos com um garotinho com paralisia cerebral, de fato, um dos momentos mais marcantes da intervenção. Aponto como entraves para a atuação a dificuldade de controlar algumas das crianças presentes e o fato delas, no momento de meu MCM e eu sairmos, mesmo sendo o momento certo de sair, insistirem para continuarmos.

sábado, 25 de outubro de 2014

COB

   Encontrei com minha MCM no HC e nos dirigimos ao andar do COB...quando chegamos lá tivemos um ÓTIMA surpresa *--* MIX!!! Mix estava acompanhada de outras duas palhacinhas; nos receberam, brincaram com a gente e pouco tempo depois invadiram o quarto em que Aninha e eu estávamos nos trocando e elas me viram nu,mentira, viram não  =P.
   Saímos e fomos até o local do COB, uma pré-sala (não sei se tem um nome), ficamos lá brincando com as pessoas (pacientes e profissionais), conversamos com as grávidas que estavam com filho de 9 meses e não queriam sair, e grávidas com filho de 6 meses querendo sair...esse mundo é muito confuso =S...depois de brincar nessa sala fomos para a "entrada secreta" o COB em si, entramos "sorrateiramente"  agachados para não sermos vistos...mas só até onde ficavam os médicos/enfermeiros/auxiliares, depois de chegar lá...ai a festa foi feita.
    Eu nunca pensei que o COB seria tão bom, tão divertido - pensei que seria meio que "enxotado" por só ter mulher e elas ficarem meio tímidas sei lá - mas foi a melhor ou fica empatada com a atuação do 10º andar (enfermaria).
    Conversamos com as grávidas, as acompanhantes, as médicas, enfermeiras, auxiliares de limpeza....conversamos com todos/todas e eles brincaram, se divertiram - só um cara lá que tava meio brabo, aposto que foi porque ele ficou com ciúmes de uma das mulheres lá...kkkk.
    Foi muito, muito bom xD
Diferente do último, esse foi pra preencher a tarde das pessoas com alegria \o

...

Mais uma vez esta dupla de dois vão juntos ao encontro de algo inesperado, nesta vez na maternidade... Você pode até pensar bebes, digo mais, isso era o que menos tinha lá.
Plinio com todo seu calar e todo seu molejo junto com mandacaru com toda sua beleza e sua desenvoltura, tentando descobrir como faz para ter um filho, e pensar que de respostas avulsas sairiam as melhores jogadas.
Muitas ideias, muitas propostas, muito jogo e diversas horas com um longo calar e uma inclinada de cabeça ao final.
Fazendo parte do jogo por deveras vezes não conseguia conter o meu riso, ou será o riso de Plinio, ao ver deveras armas apontadas para si e para mandacaru e exatamente neste momento não tinha carta melhor para dar, trasbordando neste momento o riso do outro e deste modo me contagiando.

Ao final só vinha a cabeça: THE BEST 

Olhos de Lucas

E finalmente um dos meus maiores sonhos se realizou! Atuar como palhaço em plena Pediatria!! Reviver um pouco das aventuras que eu e o meu amigo Pedro (meu cunhadinho) temos nos finais de semana. Antes disso, viver um sonho que eu já venho contemplando há muito tempo...

Saber que iria para Pediatria em pleno domingo foi complicado, pois eu sabia que ansiedade bateria ao longo da semana. Tem nada não! Somos movidos pela expectativa.

Interessante que tive aula prática na enfermaria da Pediatria na manhã da sexta-feira. Que feliz coincidência! Coincidência? Não, foi o destino mesmo! :) Poucas horas depois eu atiraria Bang Bangs de encontros!

E assim foi a minha sexta-feira, interpretei duas situações, em momentos distintos, entretanto com os mesmos pacientes e obtive experiências inesquecíveis. Naquela manhã, fui apenas um estudante de medicina armado de jaleco e estetoscópio, que recebi o encargo de estudar o caso de Lucas. 5 anos. Febre. Dor ao deglutir. Falta de ar. Faringoamidalite... Isso era pouco. Eu queria mais! Logo depois fomos para as visitas e conheci Lucas. Fiquei observando seus olhos cansados daquele ambiente, ativos pelas pessoas desconhecidas ali, curiosos pelo nosso material, fixos na tentativa do encontro e tristes por não estar com os seus carrinhos. Que belos olhos de ressaca, uma mistura de verde com mel. Apesar de não estar de posse do meu nariz vermelho, mantive um encontro com Lucas, que é uma das coisas mais desafiantes dentro do projeto: levar um pouco da magia do palhaço em um pote e distribuí-lo ao longo do meu dia. Gostaria de fazer isso mais vezes. Vamos em frente!

Algumas horas depois, fomos para o 6º andar. Coração a mil. Quando subimos o nariz, em mais uma obra dos destino, nos deparamos justamente para o quarto de Lucas. Quando sua mãe nos viu, o chamou da cama. E mais uma vez encontrei Lucas, mas de uma forma especial, pois ele sorriu ao me reconhecer. Um sorriso que só a pureza das crianças possuem. Um sorriso que farei questão de guardá-lo no meu tesouro. De imediato gritei seu nome. Isso lhe deu muita confiança de estar conosco. Sabíamos que ele era bastante tímido. Muito bom saber que o conquistamos pela forma mais bela: através do encontro.

Nossa atuação foi assim a tarde inteira. Intensa e energética! Que fluxo loucooo! Milhaaares de crianças atrás da gente, nos acompanhando de quarto em quarto, mães com os seus bebês nos seguindo... Tinha horas que eu me perdia hahahaha! Não sabia nem pra onde olhar. Tinham horas que éramos mais recreadores, pois as crianças só queriam saber de brincar com bonecos, carrinhos, quebra cabeça. Algo que eles encontram na brinquedoteca. Apesar de encontrarmos várias crianças super entrosadas, como Breno, Daniel e Chayanne, também encontramos crianças que tiveram dificuldade de se soltarem, como Jeremias e "Pitbull"; talvez suas idades mais velhas pesava nessa questão, uma vez que a maioria era mais nova. Às vezes, eles nos demonstravam que queria muito estar ali no meio da gente, com algumas brincadeiras e jogos, entretanto voltava o peso da idade e voltavam a ser mais fechados. Tentamos muito. Buscamos muito. Mas acho que não deu.

E durante esse turbilhão, a gente encontra a linda Naná, sozinha no quarto, chorando pela ausência da mãe. Tentei muito chamá-la para o corredor. Mas ela não queria nem conversa. Tentei atraí-la pela boneca de Chayanne. Ela até queria pegar a boneca para brincar, mas ela não me deixava nem passar pela porta. Talvez ela tivesse medo de mim, pelo desconhecido, pelo estranho; apesar disso nós compreendemos. Entretanto, alguns minutos depois, eu vejo Cambalhota e Naná de mãos dadas correndo pelo corredor! :O Meeeu Deus, como ela conseguiu?? É muita sensibilidade e talento para uma Cambalhota só! Bravo, bravo!! O mais engraçado disse tudo é que Naná foi a que mais demorou para se integrar, mas também foi a que mais demorou para nos deixar! Hahaha Bem como sua mãe tinha dito...

Se fosse para escolher um núcleo do dia, ficaria com os olhos de Lucas. Olhos esses que vou tentar me lembrar durante a minha rotina, para levar um pouco da magia do olhar e espalhar não só para os pacientes, mas também para as pessoas do meu convívio. :) Obrigado Lucas.



sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Pela passagem secreta...

Olá DB, desculpe a demora em te escrever, essa semana foi beeem corrida, maas aqui estou!
Segunda (20-10) eu e Caquito fomos ao COB! Chegando lá, antes de nos vestirmos tivemos uma baaita de uma surpresa, encontramos a trupe de Elisa Calabresa, Francisca Perneta e Adroalda Corada...  A tia lá do andar foi um amooorr, e cedeu um dos dormitórios para a gente se trocar.
No começo ficamos um pouco receosos sobre atuar no COB, mas decidimos desencanar e se jogar!
Para ajudar a subir o clima, enquanto a gente se trocava, as meninas fizeram uma surpresa e "invadiram" nosso trocador (hehe), DO NADA escutamos as risadinhas da Francisca e lá estavam elas, dançando ao som do novíssimo (sqn) repertório do palhaço, inclusive haviam feito uma coreografia na cama dos residentes (kkk). Não tinha como ficar por baixo, eu e Caquito voaaaamos para terminar de se trocar e entrar naquele clima tão alto astral! Depois de trocados, rapidamente subimos o nariz, porque a energia já estava lá em cima! As meninas nos mostraram a passagem secreta e nos deixaram lá. Nunca pensei que passar pelo (COB) seria uma experiência tãao incrível! foi LINDO, LINDO, LINDO!
Calma, antes de passar pela passagem secreta falamos com a tia, casamos um casal de estrangeiros que estava na sala de espera e falamos para Lohanne que já estava na hora dela nascer e que ela já podia sair.
Chegando na passagem secreta, tinham gravidas pra mais de meio metro e de todos os tipos!: as que queriam falar com a gente, as que fingiam que estavam dormindo, as que não riam, as que faziam jogos, as que penteavam o cabelo, as que queriam tirar foto, enfim, foi um misto de sensações durante toda a atuação. E graças a Deus todas revertidas de modo que fizeram o jogo fluir. Pura magia! desde os pseudo-desmaios do meu MCM, da tese do coração na bunda de Adroalda, da roncada no ouvido da gestante que fingia estar dormindo e logo "acordou" com uma gaitada, até as penteadas no cabelo de uma moça que estava internada. 


Por fim, ENCONTRAR, resume o dia no COB.
Hoje eu me encontrei mais uma vez, hoje eu encontrei com algumas das gestantes, hoje nos encontramos (eu e Caquito) mais como dupla de atuação.

A passagem secreta não poderia ser mais reveladora e preciosa!
Beijão! 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Quinta-feira do amor :D

Boa noite DB,

Mais uma quinta-feira iluminada junto com minhas duas MCM’s. Primeiro, encontramos com Dudu, Matheus e Môni, o que já deu uma ideia do quaaanto o dia seria booom! Hoje, pela primeira vez, encontramos com pessoas conhecidas o que no começo nos assustou um pouco. A doce e linda Tutu *-* e a galera do Caminho cheia de gente do M1 pra levantar mais ainda a energia de Carol, pois era o pessoal da sala dela J. Subimos energia e daí Beth, Carola e Maria Malhação entraram na enfermaria do 11º andar. Na hora do jogo o pessoal do Caminho entrou completamente no mundo do quarto de dona Antônia Lauras e Gau (costa), energia ótima, deveríamos armar mais encontros desses. Acho que essa é a maior enfermaria do hospital porque foram taaantos quartos e tantooos mundos e tantos encontros, eu costumo lembrar da maioria dos nomes das pessoas com quem a gente interage mas hoje eu sinceramente não lembro da metade, guardo aqui dentro um pouquinho de cada um deles e agradeço imensamente a oportunidade que esse projeto me dá de conhecer tantas pessoas incríveis. Gostaria de citar aqui D. Irene uma fooooooofa super charmosa com suas pernas cruzadas, segundo Tutu, a mais linda do quarto, Sr. Eli é Zé, que virou Aqui é Zé, Sr. Arnaldo, o cabra com olho mais bonito que eu já vi na vida “A gnt pode entrar? Pode não, deve! “<3. E em especial Dona Visita Acompanhante Giilda, sabe quando você percebe que a nossa presença era tudo o que ela estava precisando?! “Eu divido carinho” “Muito obrigado por virem, me alegrar” o abraço quádruplo mais gostoso do mundo! AAAAAAH "tudo que eu quero muito" e eu quero mt mt mt mt mais! Vem logo quinta!

"Que bom que vocês vieram alegrar o meu dia"

Boa nooooite!

A visita de hoje foi uma faca de dois gumes: Estava muito cansada, mas ao mesmo tempo queria mudar um pouco a imagem da visita passada que foi um pouco difícil pra mim, também por causa de cansaço. Foi difícil subir a energia! O setor também foi enfermaria, mas dessa vez a do decimo primeiro andar. Aconteceu uma coisa engraçada que foi a coincidência do projeto Portal estar acontecendo na mesma hora e local. Ver alguns deles participando dos jogos foi muito gratificante e deu um frescor muito legal. Essa linguagem de dois projetos diferentes, mas que convergem no tocante a ‘se doar ao outro’. O resultado foram muito mais sorrisos.

A atuação em si foi boa. Apesar de querer melhorar ainda mais, acho que já houve um crescimento. As pessoas foram muito receptivas e se permitiram nos encontrar de fato. Fica difícil eleger um momento único. Ainda sinto o abraço de Gilda e as palavras dele de como nós animamos o seu dia.  Irreverente Dona Irene, com seu sorriso e coração aberto. Seu Amaro, seu olhar acolhedor e suas histórias misteriosas. Como me ensinaram. Que eu possa ter a oportunidade de aprender sempre mais. Palhaço pronto é palhaço morto. Que exijam mais de mim, pra que eu possa ser cada vez melhor para eles e para mim mesma. 

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A MUDEZ LIBERTA?

Hã? Que título é esse? Eu e aquela que se diz ser a minha mcm (e é mesmo) estávamos muito felizes por ir para onco nessa semana. Apesar de um 'leve' atraso e umas informaçōes nada corretas (mandaram a gente ir pro 8o ou 10o, quando era no 3o andar) chegamos a tão famosa incrível onco. Após Marieta e Tatá surgirem, Vatapá disse que hoje ela não falaria nada, nenhuma palavra. O desespero tomou conta de Marieta e Maroca sentiu uma imensa vontade de chorar (acho que isso não é novidade para vocês). Marieta implorava para Tatá voltar a falar e ela nada, Toboágua pedia pros pacientes fazerem Tatá falar e ela NADA! E nessa história passavam o tempo e alguns pacientes. Marieta percebeu que essa preocupação fazia com que ela perdesse a oportunidade de brincar com alguns pacientes. Quando ela deixou fluir e se acostumou com sua MCM muda. A atuação foi fantástica! Dar um pouco de carinho, amor, atenção e sorrisos àquelas pessoas não tem preço.

Gostaria de falar em especial de uma paciente e sua acompanhante: Mônica - a paciente. Logo que entramos no setor, tinha uma pessoa que se escondia embaixo de um cobertor. Pensamos que ela não daría a mínima para nossas brincadeiras. Como Marieta ama estar enganada pelas primeiras impressões! Quantos sorrisos lindos e gostosos. Assim como guardo com carinho no meu coração o marido e a sua esposa do 7o andar, as irmãs do 10o andar, a Pipoca da intervenção externa, guardarei M e seus sorrisos.

ps: apesar de xingamentos e esculachos que recebi da minha própria MCM, ela é sim a MCM. Não concordo 100% com suas justificativas para a repentina mudez, mas agredeço muito, pois me mostrou o porque estou nesse projeto.

Com muuuito amor,

Maroca e Marieta.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Acochadinha feijão com arroz

OBS.:Este diario (atrasado) corresponde a minha atuaçao da semana passada =)))

A intervençao da semana passada aconteceu na enfermaria, 10º andar. De longe nao foi nossa melhor atuaçao, porque o mais cedo q eu e minha MCM conseguimos começar a atuar foi de 5 hrs da tarde, e eu tinha um compromisso à noite, de 20 hrs, e uma parte minha (correspondente a minha preocupaçao com o tempo) ficou rodeando Toniquinho.... Mas foi interessante. Destaco um leito em que tinha uma menina de 15 anos extremamente obesa, que "amava tec(nologia) e estava jogando com a gente normalmente, mas, em dado momento da brincadeira, começou a filmar (sem eu ter visto, de inicio, estava de costas) no celular. Estranhei, mas deixei a situaçao vir pro jogo, e tentei encaixa-la. So que ela simplesmente nao interagia; nao dava um sorriso, uma abertura, um gesto, nada! No maximo, falava coisas do tipo "vai palhaço, faz alguma coisa ai" e ficava nos encarando atras do aparelho; ela queria coisas pré-prontas de um palhaço pré-pronto. Nao tinha espontaneidade nenhuma. Ainda pilambetei um pouco, mas logo eu parei e pensei " Te fode Nao é assim que eu atuo vei, isso ta prejudicando minha energia e da minha MCM, n vou me enganar aqui". Me despedi dela (disse q voltava dpss) e fui pros outros. E ai sim tivemos bons encontros. Gostaria de ter passado mais tempo la, porque o setor era gigantesco e nao pudemos visitar todos os quartos ( faltaram uns dois ou tres), e todas as pessoas que visitamos gostaram de ter nossa presença la, inclusive a gorda obesa do celular. Mas no fim das contas, valeu a pena ter ido.

Você, que me faz cantar!

Olá DB!!  20/10/2014

"...Because even when I was flat broke, you made me feel like a million bucks"


Hoje fui mais clown que gente de verdade! Pela primeira vez, fui muita energia do início ao fim! Martina encontrou na maternidade um Caminho repleto de sorrisos e muito mistério no "Como eu faço um bebê?". Mais do que se jogar no vazio, Martina foi levada pelos que ali estavam e comprou toda brincadeira que jogaram.
Pela primeira vez também, a fala não foi o artifício principal dessa dupla atrapalhada de namorados chamada Plínio&Mandacaru! Arrisco dizer que o espírito de Josefina Chapelina esteve conosco, tamanha a empolgação que nos cercou. :D

Continuo a ouvir  a música utilizada como base para o texto anterior - The Story, Brandie Carlile - e ela continua mostrando sentido, naquele leve tom bucólico, que Tutu tanto gosta, misturado pela força da letra de quem já viu (algumas) muitas coisas na vida!

Nossa, nossa... Um dia depois ainda estou aqui, lutando para guardar Martina dentro de mim e poupá-la para a próxima intervenção. Tarefa difícil! Ela quer gritar e assumir o controle de tudo. Deixo?

Como se fosse uma resposta de Deus às minhas orações, meu pequeno milagre me resgatou mais uma vez desse turbilhão de pensamentos que sugam minha energia e me mostram negativismo apenas. Martina não, Martina é pura e intocável pelo mal.  Meu pequeno milagre me faz crer no impossível!

E o impossível se fez nesse Mandacaru! Me pego, diversas vezes, cantarolando esse milagre...

Luzes - infinitas - em forma de beijos, 
Martina Mandacaru

Mutirão da Alegria :D

Essa semana fizemos uma intervenção diferente, no lugar de ir para o setor no HC como é de costume fomos para o Mutirão da Alegria! Foi a segunda edição desse evento aqui em Recife, mas infelizmente só eu e Pri fomos representar o PERTO, por que as nossas aulas da tarde foram canceladas miraculosamente (hahaha). Cheguei lá no Derby antes de Pri e fiquei me sentindo meio deslocada, por que tinha tanta gente da UPE que eu não conhecia ainda, mas aos poucos fui conversando com o pessoal e me sentindo mais a vontade. Esperamos a maior parte do grupo chegar e fomos trocar de roupa lá na oficina de estudos (a minha segunda casa durante o ano de cursinho), foi tão bom reencontrar o pessoal de lá, principalmente Zinha ( a minha segunda mãe no ano de cursinho hahaha). Trocamos de roupa e nos maquiamos e pra subir a energia fizemos aquele jogo da tapa (1,2, ,3 , 4, 5, 6, 7 não sei o nome hehehe). Como sempre, a maior loucura. Daí Rafael separou a gente em grupos, o meu trio era só de gente alta kkkkk Fomos lá pra fora e do caminho da sala pra porta da oficina fizemos uma aula de ingles, assistimos à um culto e paqueramos bastante. Lá fora encontramos com uma companheira atrasada, a vontade de se juntar a nós foi tão grande que ela trocou de roupa e se maquiou lá fora mesmo. Fomos na minha bicicleta imaginária até a Praça do Derby. Encontramos logo de primeira um cara super legal, ele tava esperando o onibus pra Carpina com uma amiga e não faltaram elogios da parte dele pra gente :3. Acho que nunca ri tanto em uma atuação, meus companheiros foram os melhores do mundo como sempre. Nunca vou esquecer de Anita, toda envergonhada no começo, mas que depois não queria largar da gente. E nem de Poliana, uma pestinha com energia em 100% o tempo inteiro. A praça estava um pouco vazia, mas a interação com as pessoas  foi maravilhosa! E pra fechar com chave de ouro nada melhor que uma chuvinha gostosa pra lavar nossa maquiagem e deixar nossas roupas encharcadas kkkkk Cheguei na oficina ainda com muita energia, sem vontade nenhuma de baixar o nariz. Até na fila pra entrar na aula nós ficamos. Eu só não sabia bem o que fazer quando encontrava alguem conhecido, mas acho que consegui manter a brincadeira viva mesmo com eles. Como sempre eu não consegui expressar em palavras o quanto esse Mutirão foi maravilhoso, você vai ter que confiar em mim, Diário. Proximo ano quero estar lá de novo, e desse vez com todos os meus melhores companheiros do mundo do PERTO.  (mil desculpas pelo atraso, esqueci de postar HUE)

Niveta desencalhooou!!!!

Hoje nossa intervenção foi no 7º andar, e Niveta mal sabia o que a lhe esperava... Nos trocamos e fomos desvendar as enfermarias. Pareciam que todos estavam no clima, desde os funcionários até os pacientes e acompanhantes. Entramos em uma enfermaria que tinham três senhoras muito simpáticas,e uma delas tinha um filho que a estava acompanhando, tenho certeza que foi amor a primeira vista, ele amou Niveta no primeiro olhar.... Hahaay... Então, Odete saiu de enfermaria em enfermaria  fazendo as solenidades do nosso namoro...
depois disso,saímos cantando pelos quartos, conhecemos a enfermeira (que a propósito, é a namorada de Dom Gentileza, hihi...) e saímos sem rumo na cadeira de rodas...
Hoje foi 10!! <3 <3 <3

Sobre Niveta desancalhar...

Olá DB!!!!!


Nessa quinta foi uma experiência diferente... 7° andar e muita diversão.
Primeiro eu gostaria de parabenizar Niveta pelo seu romance com Júnior e seu futuro casamento, fiquei muito feliz de ser a madrinha e a "padre" desse relacionamento.
Correr naqueles corredores com Niveta apaixonada e cantarolando sua paixão, foi muito encantador como sempre. Odete não se arranjou, mas é questão de tempo apenas. :D
No meio dessas correrias, paramos em um quarto muito especial, que tinha um chapéu muito especial.. e nós usamos. Era de couro de lebre *o*, Odete teve alergia de tão chique.
 Encontramos uma enfermeira linda e que nos contou um segredo.. Era conhecia um certo Dom Gentileza sabe... Só podemos contar essa parte do segredo.
Depois de mais uma manhã incrível com a minha MCM,como num passeio por aquele imenso corredor, fomos emboraaaaa e levamos apenas os olhares, encontros e risos espontâneos!!!!

Com amor, carinho e uma imensa saudade da Onco <3
Odete Spaguete.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Um fora discreto..

Por Flora Pinica


Minha MCM e eu fomos ao Alojamento Conjunto, mas confesso que não estava muito determinada a focar todas as minhas energias ao meu palhaço. Nos arrumamos e fomos. Decidimos começar a intervenção pelo final do corredor. Encontramos mães com seus bebês e uma delas, logo em seguida, nos deu um fora =( Um fora discreto, dizendo que bebês gostavam de silêncio. Olhei para a minha MCM e partimos. Não soubemos como lidar com aquilo. Meus olhos se encheram de lágrimas, e digo que, ao digitar isso aqui e reviver o fora que levamos, faz novamente meus olhos se encherem de lágrimas novamente. Procuramos um outro quarto para intervir e encontramos mães mais dispostas aos jogos, que gostariam de participar deles. Também conseguimos conquistar as mulheres que estavam limpando o corredor do alojamento. Uma tinha a cara bem fechada para nós, mas consegui quebrar o gelo, quando descobri o seu nome. Foi muito divertido. E foi nesse momento que minha energia começou a aumentar, corri pelo corredor, olhava "vivamente" para as pacientes. Curti apenas o final mesmo da intervenção. 

O alojamento conjunto para mim foi o mais difícil até agora. Não consegui lidar com as mães em muitos momentos. Fiquei parada muitas vezes observando minha MCM, porque eu não sabia como agir. Tentei me jogar mil vezes no vazio, mas é como se eu fosse uma estátua mesmo, não consegui. Consegui apenas no final... =/ 

Léo e Babi, fiquei sabendo que vocês estavam atrás da gnt, KKKK.. As meninas da limpeza nos contaram! 

=)

domingo, 19 de outubro de 2014

RENASCENDO NO COB...





"De todas as dádivas que tive o prazer de receber, 
ser mãe foi, sem dúvidas, a MAIOR delas!"
eu mesma :)                                    


Em que lugar melhor meu nariz poderia nascer? Chegou nossa vez no COB! Medo? Tive.. acredito que terei sempre.. fiquei preocupada pq pensei que, se eu estivesse com contrações, eu não quereria rir com palhaços! É muita dor, é muita tensão, é uma mistura de medo com curiosidade, é uma confusão danada entre querer que o bebê chegue e já ficar com saudade da barriga! É lindo, é apavorante, acima de tudo, é mágico, é único... Acredito que, mesmo tendo 500 filhos, cada parto é um momento único! Estávamos lá (depois do nosso último encontro, aquele que foi cheio de NÃO's) e fomos recebidas por uma senhora simpaticíssima  que estava no posto de enfermagem! Finalmente ganhamos a chave de um camarim *.* Entramos, nos preparamos e saímos, pela primeira vez, com nossos narizes especiais! Já na saída da sala começamos a brincar com umas senhoras que queriam "bater" fotos hahahahaha, foi massa.. Uma delas já tinha tido seu bebê (: Depois encontramos uma médica inter cambista, muuuuito receptiva que entrou no nosso jogo de pedir permissões para ter permitida nossa permissividade naquele recinto bastante permissível. Encontramos Laurete, sempre fofa, dando uma guinada na energia e um pouco mais de coragem.. Encontramos uma grávida que estava "esperando" e fomos esperar com ela, tive meu bebê, um ventilador e Mari o dela, uma garrafa pet.. foi massa! Tive vontade de ficar lá, tive vontade de participar daquele momento mágico.. não vejo a hora de pagar obstetrícia *.* ESSE PROJETO É INCRÍVEL! OBRIGADA A TODOS OS QUE FAZEM  ISSO E MUDAM NOSSAS REALIDADES 

<3

Lindo fim de dia

Que maravilha essa atuação na enfermaria do último andar do HC. Uma bela vista, na companhia da minha MCM. Muitos encontros inesperados e perfeitos.
A exaustão sempre desaparece quando coloco o nariz (pela primeira vez o "oficial"). Parece mágica.
Paqueramos bastante, rimos e arrancamos as mais diversas risadas... até as desdentadas! hahahaha.
Quantas coisas boas, diário.

Que essa semana nos reserve ainda mais maravilhas! :)

Gratidão

Hoje pela primeira vez eu e minha MCM, Bond, atuamos de manhã, foi um pouco difícil subir a energia no começo, mas conseguimos. Os pacientes também estavam num ritmo mais lento, pelo horário eu acho, mas aos poucos foi ficando mais ativo, foram tantos encontros, desse vez foi de todas até agora a que mais encontramos pessoas disponíveis pra jogar, fomos pra Europa de urubu, de helicóptero, pra fábrica de chocolate! Caminhamos pelo corredor com um paciente velhinho muito fofo que parecia estar em todo canto, disse até que queria um nariz igual o nosso <3, com ele que viajamos e ouvimos suas piadas pra la de indecentes hahahaha. E o último quarto que entramos, 4 pacientes pra la de animados, só falando em comida uma energia muito boa, ao final dessa intervenção saí com a sensação putz hoje todas essas pessoas encheram meu copo, transbordaram na verdade, que sensação boa! A cada atuação me apaixono mais por esse projeto, e fico muito feliz por poder fazer parte dele!

Não sejas mequetrefe.

Segunda-feira não pudemos atuar; portanto, a terceira atuação aconteceu na terça-feira! Fomos eu e meu companheiro Tonico Acochador ao décimo andar. Nos arrumamos literalmente na merda. No início não foram tão receptivos conosco (quando ainda não estávamos de clown), e acabamos nos arrumando num banheiro de visitas que estava uma beleza. hahaha.

O décimo andar, apesar de menos tenso do que o COB, acabou sendo um pouco mais difícil. Difícil porque alguns esperavam de nós atitudes de Pilombeta, fazendo, portanto, nossa energia baixar... e foi aí que nós (na verdade meu companheiro Tonico, rs) conseguimos uma maneira de finalizar e sairmos daquele quarto... Foi quando a energia voltou a subir! E depois conseguimos voltar para este mesmo quarto e jogar novamente, dessa vez até melhor.
Conhecemos a Lua, a Vanessinha, o PS (que não é PlayStation, mas adora games), o senhor de Vicência e outro de uma cidade que fica perto de Carpina, mas não me recordo o nome. Conhecemos uma funcionaria chamada "Qualquer Coisa" e outra que se chamava "Serpente", segundo meu MCM. Conhecemos até o Tom Cruise do 10º andar.
Um senhor me ensinou a desfilar para ganhar dinheiro. Outra senhora nos contou que havia um circo na sua cidade, quem sabe não passamos por lá, não é mesmo?

Saímos de lá bem tarde, já as 19h, e na nossa saída, os funcionários nos viam já com outros olhos. Foi uma experiência interessante, pena que não pudemos passar mais tempo e passar um tempo maior em todo o setor (que era enoooorme), pois já estávamos cansados...

Que venha a pediatria amanhã! Aguardando ansiosamente.

Surdete na maternidade

Acho que poderia escrever um livro apenas com esses três capítulos de atuação: Surdete's first time, O casamento de surdete e Surdete na maternidade. É uma infinidade de encontros que dá vontade de guardar pra sempre no coração e na memória. Mas como nem toda memória é tão boa assim, ainda bem que existe meu diário de bordo <3

Hoje (vos escrevo no dia 19/10, a respeito da minha atuação no dia 14/10), em especial não havia começado o dia bem. Sabe aqueles dias bem bads mesmo? Em que até esboçar o menor sorriso é uma tarefa complicada? Considerei e reconsiderei novamente, com perdão do pleonasmo, não atuar nesse dia. Imaginei que a minha presença não seria brilhante o bastante, ou não saberia ou conseguiria passar tanta energia nesse dia. Fiquei com medo. Duvidei muito de mim. Mas eu queria tanto atuar na maternidade! Eu queria tanto estar com a minha MCM de novo! Sentir aquela sensação extasiante pós atuação :) Parei. Conversei com Jucinara e que alívio na alma eu senti. E decidi ir.

A minha atuação em si, para mim, sempre vai ter falhas e pontos a serem melhorados e vazios a serem melhor explorados. Mas foi lindo. Não me arrendo de ter ido. Surdete enlouqueceu com tantos bebês a seu redor e já iniciou seus planos pra ter seu próprio "pacotinho". As mulheres que foram receptivas ao jogo me incentivaram muito a ter um filho com seu José, e quem sabe, né? hahahhaha

Ah! Minha MCM estava brilhaaante hoje! Simpatizou com as moças da faxina e assim que tentamos ajudá-las Flora apresentou seu nome e quase teve uma competição de piniqueiras! hahahhaha Florinha, como eu aprendo contigo a cada dia! Obrigada pela espontaneidade, pelo cuidado e pelo brilho/força que você me passa a cada atuação. É engrandecedor!

Ale HUP!

"À maravilha da alegria"

Sabadão, solzão combina com: Atuação! E lá fomos eu e minha MCM, rumo ao 10º andar. Chegando lá, entramos no primeiro quarto e conhecemos uma mãe muito engraçada, fundadora do bloco das "lisas ressacadas" e dos "empresários falidos" lá estava ela, entregue ao nosso olhar, olhamos para o corredor e lá passava um senhor, baixinho, caminhando, iaaa e depois voltaaaava, mas que curioso ele não? #PartxiuSeguirOVelhinho e ele então se apresentou: seu Canindé, sorriso fácil, mente fértil e olhar cativante, sim era dele meu olhar maior, que me perdoem os outros olhares tão lindos que encontrei nesse mesmo dia, mas o do seu Canindé, aaah aquele bateu forte em mim. Fui pra janela com ele e começamos a contar os carros: 2 motos, 3 caminhões, 5 ambulâncias, 7 fuscas, 1 helicóptero...
- Epaa, 1 helicóptero na BR seu Canindé?
- Siiim minha filha, ele veio nos buscar
- Pra onde homi?
- Pra "zorópa"
Do HC seguimos então pra zorópa, Paris, Portugal, pizza e "perfume do bão", depois subimos num "zarubu" preto e, pasmem, cheiroso, que nos deixou nos Estados Unidos, conhecemos Mickey, tiramos fotos e o zarubu nos trouxe de volta, como é bom viajar com seu Canindé ❤️Poderia passar o dia ali viajando, mas seu Canindé além de um ótimo companheiro de viagem, também era um excelente companheiro de corredor e nos levou para outros quartos, para conhecer seus amigos que também queriam viajar.

Seu Canindé me deu um papelzinho, que guardei com muito carinho, dedico essa postagem "à maravilha da alegria e da pureza do céu", trechinho que estava escrito e que ele me entregou logo após ler.

Com todo amor, Bond, Marybond



E fui a mais uma intervenção... E, sempre o frio na barriga. Mas, acho que finalmente entrei em contato com o bom "frio". Eu e minha MCM fomos atuar no"COB". a principio um choque,a enfermeira informou q hj não era um bom dia para atuar por que tinha muitas mulheres com dor, falta de leitos... Em fim as gravidas não estavam muito felizes não...
Mas a atuação foi muito massa! Me deparei com vários desafios (alguns não consegui superar, um quarto em especifico que senti que não havia muito o que fazer o que é um pouco triste. Mas acho que realmente não havia o que fazer). E houve vários encontros! Desde uma acompanhante risonha a uma paciente que não podia nem falar mas tinha um olhar ativo, Lindo! E ao final da atuação senti que o clima estava mais leve... foi otimo!

Obrigada, Manoel.

O dia começa: Vou atuar hoje? Não vou?... não sei...
Até que de repente vou! E fui! Quer dizer, nós fomos.
E algo me dizia que o dia prometia algo muito bom.
E eu acreditei!
E tudo começou!
"Alôôôô?" Não colou assim tão bem...
Dona Ilda, Rafael Gomes (sorrisos), senhora dorminhoca...
Senhor da primeira hemodiálise, Seu Manoel (pausa).
Meu balançado de mãos não pareceu funcionar.
Tenta de novo... A enfermeira faz sinal. O meu tchauzinho não poderia funcionar pra quem não vê com os olhos. Pausa. Risos internos. ( Bem feito pra deixar de ser mequetrefe)
Pergunta sobre tudo. E tudo estava dentro dele ( agulhas, hemodiálise, veia...):
NOSSAAA, COMO O SENHOOR É GRAAAANDE!
Risos e felicidade. E tudo estava dentro dele. E me contagiou.
Obrigada, Manoel!
Empurra Tuberculino! hahaha
"Oooi, Seu Vicente". Ok, parecia dificil conquistá-lo. Reclama da vida... (escutamos... come on! Estamos aqui para te fazer esquecer deles!)
Pergunto se me vê, responde sobre uma luz... luz? Uaau, é assim que ele vê meu nariz!!!!
"O senhor não sabe o que é essa luz?"
Dá uma narigada no braço dele. Sem sucesso. Seu Vicente ainda sério. Segunda narigada, também sem sucesso...
Mas a terceiraaa: " Eita, issso é um naariz!!??" (muitos risos, obrigada).
Volta... "Oi, Seu UFC!" Ok, ok.... o senhor mal olha pra mim! ( para de dar atenção pra esse palhaço feio!)
Muda de assunto. Tenta resolver seu problema com o frio. Muda de lado... E ele ainda só quer saber de Tuberculino?
Eu no vácuo...
Vou alí... " Toc Toc Toc"
Olhos curiosos.
" Posso entrar Seu Manoel?"
"Opaa, pode sim, minha filha"
" Vim só dar tchau pro senhor"
"Tchau, minha filha!"
"Quando sair, fecho a porta?"
"Não, pode deixar ela aberta"
" Ok, então TCHAAAU, TCHAU, Tchaaau, tchaau..." (tentativa de eco/mais risos)
Outro quarto, outros sorrisos.
" Oi, Deusa!"
" Dona Aldete!"
Vai que é tua, Tuberculino!
"Olha o café com leite e com salsicha!"
"Não precisa ter medo, Rainha!"
A U T O G R A F O

Senhorinha fofa apaixonada por tuberculino...
Ele a olha nos olhos, e ela diz que ganhou a noite! Uuaaaaaaaauuu! Ainda bem que não era paciente cardíaca! hohohoho

Hora de dar tchau.
Volta nos quartos ( alguns poucos, já tinha acabado o jantar)
Abraça Tuberculino.
Abraça Dudu.
Pula/sobe a energia ( e não era para descer?)
E vai saindo do setor.
Só mais um pulo.
OK.
Obrigada 5° andar.

                                                                                                           
Maricota Cambalhota!

  

Encontro (-me)

Dessa vez a atuação foi no setor de onco. O receio do que poderia vir encontrar foi constante durante as horas que precediam a intervenção. Será que os pacientes estarão abertos pra nos receber? Qual será o estado dos pacientes? Será que estamos prontos pra ver o que iremos possivelmente ver? Nunca mais me esquecerei do sorriso de seu Ciço em nos ver quando, vagarosamente, abria os olhos quase sem força. Levarei comigo aqueles olhos que me viam como uma eterna descoberta, estonteantes, um tanto atônitos. Cansados lábios que, enrugados de permanecerem calados, exauria em um só suspiro o doce mel de um beijo. Eu respondia com outro. Ele me devolvia sem pestanejar. Aqueles olhos, aqueles lábios, não cabiam naquela cama, ou melhor, seu Ciço não cabia naquele estado. Então nascia na gente, capaz de dar os mais variados lugares e acontecimentos que não aquele singelo quarto de hospital. Deixo gravado esse encontro. Levarei comigo o “Devir” desse momento e a eterna possibilidade de encontrar nele, a surpresa, a confiança, o amor, o alívio e o “eu” mais límpido, mais afável e mais entregue existente em cada um de nós.

A pediatria

Corre...
Bate na porta...
Levanta energia...
Abre Porta...
Olhares esperando...
Começou o jogo...
5 Criança...
4 meninos...
Brincadeiras...
Aniversário...
Risos...
Bola...
Baixar a energia...
Choros...
Boa noite

"It's true...I was made for you"

Olá, DB!!  17/10/2014

"All of these lines across my face tell you the story of who I am, so many stories of where I've been and how I got to where I am"
[The story - Brandi Carlile] 

O encontro desta vez foi na PEDIATRIIIIA 


Tutu falará, não Martina, porque ela continua naquele corredor do 6° andar do HC, e t e r n i z a d a ! Levantar energia e encontrar olhares... Me encontrar, na grande verdade que a vida me mostrou! Rafael. Um aniversário e a ausência de um bolo. Ausência? Havia cheiro de chocolate quente, sabor de brigadeiro com morango. Como acreditar nisto? No que não se toca, mas é sentido em profundidade. Naquilo que apesar de não visualizado, ainda assim o é: existem cores, formatos e tamanhos, tal qual sonhamos. Tudo isto materializado no olhar, no sorriso e no se jogar no vazio de quem tem a larga sabedoria de vida, nos seus 7 e poucos anos. Eu? Fecho meus olhos e sinto todo este MILAGRE. O presente foi dado para Martininha, mas Tutu também o encontrou. Guardou. E ficará para sempre protegido, livre do mal, do desamor... Meu primeiro presente. Um balão? Não! Olhe. Agora olhe de novo. Além de.
São essas percepções que me farão médica, são esses olhares que me fazem permanecer na estrada e acreditar no impossível. Meu milagre do coração continua vivo - nas mãos de Deus, no coração de Maria - por momentos como estes: santificados. No Dia do Médico, celebro o amor e a entrega, porque minha maior formação está aí.
Feliz dia de olhares completos! 


Luzes em forma de beijos, 

Martina Mandacaru

EM BUSCA DE OLHARES

A intervenção dessa semana, dia 15/10/14, foi realizada na oncologia. Tal intervenção deveria ocorrer à tarde e no setor de nefro, no entanto, devido a uma disponibilidade do horário, minha dupla e eu fomos para esse setor e ficamos encantados com a receptividade dos paciente e também dos profissionais. Nesse dia, as dificuldades foram as mínimas possíveis, fomos, literalmente, com a ideia de se jogar no vazio, com a ideia de querer fazer com aquela intervenção realmente tivesse o objetivo de encontrar as pessoas que ali estavam e conseguir mostrá-las que não estão sós naquela imensidão que é o HC. Dentre as poucas intervenções que fiz, acredito que essa foi a que mais me chamou atenção, porque dava para perceber, não somente por nós que estávamos fazendo a intervenção, mas pelos paciente, a nossa entrega, dedicação e amor pelo que o projeto faz. Não podia acabar o diário sem falar de seu Ciço, um senhor que lá estava, e mesmo diante da sua enfermidade e da consciência de sua gravidade, não deixou de sorrir e nos encantar com sua simpatia. Não vejo a hora de voltar para tal setor e descobrir novos olhares e descobrir se os que já havia encontrado, terei a possibilidade de encontrá-los novamente.

sábado, 18 de outubro de 2014

Fazendo a diferença


   Mais um novo local: COB. Mais uma nova insegurança: como fazer pessoas que não podem rir, pelo menos sorrir? Mais uma nova complicação: Superlotação, falta de leitos, banheiros separados, grávidas passando mal. Mais um resultado: Por incrível que pareça, tudo saiu bem.

  Ao chegar ao COB, a confusão era tanta que não sabíamos onde pedir informação. Caio foi proibido de entrar no setor, tive que entrar para poder falar com alguém e assim pedir permissão para atuar. A moça que me recebeu, que eu não soube distinguir qual era sua função, muito agoniada me informou que o setor estava caótico, as grávidas estavam com muita raiva devido à falta de leitos e algumas estavam com complicações e muitas dores. Mesmo assim ela falou que poderíamos nos trocar no banheiro, antes da entrada para a ala restrita. Fui chamar Caio para assim adentrar o recinto, quando ele entrou junto comigo ficou perdido com a confusão, tentamos achar o banheiro para poder discutir o que fazer, mas logo fomos informados que eu deveria ir para um banheiro e ele para outro. O frio que estava em minha barriga, na verdade era um iceberg que destruía toda minha confiança e me afundava em medo.

   De súbito uma ligação, enquanto me desespero no banheiro. Caio me liga, diz que deveria ficar calma, ia dar tudo certo, mandou me vestir e encontrá-lo antes do banheiro dele, nós íamos conseguir atuar. O medo permanecia, mas a confiança de que estava com o melhor companheiro do mundo me sustentou, me vesti e fui encontrá-lo.

   Relembramos algumas coisas que vivemos na oficina, cantamos, fixamos tudo que era importante. Finalmente subi minha energia. E assim levantamos os narizes, dispostos a enfrentar o desafio.

    No primeiro quarto, vimos logo um desafio, Verônica e Márcia dividiam o quarto com uma grávida que não podia falar devido a dor na barriga. Verônica estava menos alerta, mas sempre mostrava simpatia. Márcia não ria, mas parecia criança, olhos atentos e brilhantes, e por incrível que pareça com aquela que menos podíamos falar, foi com quem mais conversamos, seja tentando adivinhar, seja fazendo gestos, com ela aprendemos a lidar com o silêncio sem perder o jogo.

   Neste dia visitamos todos os quartos e até mesmo os leitos improvisados no corredor. Em um dos quartos, as grávidas sitiam muita dor, foi muito legal perceber a sintonia minha e de Bufa. Vimos que ali não ia adiantar forçar nada, saímos desejando o melhor para elas.

   Em um dos quartos umas das acompanhantes era muito disponível. Ria bastante, interagia, propunha jogos e respondia. A sintonia com ela foi tão boa que conseguimos animar até as outras pacientes. Abordamos muitas grávidas indo ao banheiro. Na espera da fila, uma delas ria tanto ao dedurar Bufa para mim, “Ele já veio aqui com uma palhaça chinesa, de cabelo amarelo”. Minha indignação percorreu vários quartos.  No corredor, conheci minha sogra, o filho dela ia ser tão lindo que eu ia casar com ele, e Bufa vai casar com a tia dele.

   Em um deles um momento muito especial. Lá estava Mônica que acabara de ter dois gêmeos, ela dividia o quarto com Maria, uma grávida tão iluminada, tão feliz, tão disponível. Ela ainda ia ter dois lindos bebês. Maria se acabou de rir, com uma piada tão besta. Lá estava Maria Isabel, chamei ela de Bel, e perguntei se ela poderia a me dar seu mel.  Não sabia que uma coisa tão simples e boba, ia conquistar risadas tão boas e reconfortantes.

    No final do corredor um ato simples também fez a diferença. Uma grávida tão fofa, ia tirar sangue. De súbito ela ia ensinar Bufa a não ter medo de tirar sangue. O garrote virou uma pulseira, e a borboleta da agulha um lindo anel.

   Saímos daquele local realmente com a sensação de que fizemos a diferença. Posso estar enganada, mas cada vez mais eu saio com essa sensação das minhas atuações. Eu sei que pelo menos eu estou mudando. Colocando o medo para dormir, dando asas a boba que existe em mim, e tentando ver cada sorriso como uma conquista.