“Ciakinevaciaverisky?” – Nos perguntou dona Vera.
3... 2... 1...
Se joga! (o que nos aguardava na nefro?)
Meu estimado Diário de Bordo,
dessa vez nossa jornada foi pela nefrologia. E foi uma atuação cheia de altos
(bem altos), e alguns baixos (não tão baixos. Mas baixos). Mas acredito que por
justamente ter encontrado muitas reações bem diferentes das que esperávamos,
foi um dos dias em que mais aprendi. Um dos dias em que mais consegui extrair
lições. Tanto dos jogos que deram super certo, quanto dos que não tiverem o efeito
desejado.
“Orangino e Marieta... Toca o dedo na corneta!
Orangino e Marieta... toca o dedo na corneta!!!” Subimos e a energia e abrimos
a porta. E nos deparamos com uma mulher sentada numa cadeira e vendo televisão
no corredor. Ficamos tentando “encontrá-la”. Ficamos espiando ela e buscando
seu olhar. Mas recebemos um elogio logo de cara.
“Vixe! Que palhaços feios!”
Começamos a rir. E perguntamos a ela quem era mais
feio. Ela disse que os dois. De repente um celular começou a tocar na
televisão. Marieta atendeu e disse que Zé queria falar com a mulher que estava
sentada. Mas ela disse que não ia falar com Zé. Zé mandou um beijo para ela, mas
ela disse que não queria mandar outro para Zé. Pobre Zé. Descobrimos que ela não
queria falar com Zé, porque estava interessada em outra pessoa. Ficamos com
pena de Zé e entramos no primeiro quarto.
Lá encontramos o “médico” de seu jeremias! Ele
disse que era ele que cuidada de seu Jeremias o dia todo. E ficava lá, deitado
na outra maca, observando seu “paciente”. De repente ele disse que já nos
conhecia. Que já tinha nos visto por foto.
E que outro dia uma menina muito parecida com Marieta esteve por lá. Após
uma breve investigação descobrimos que era Cambitinha RisoFrouxo. E expliquei
que nos tínhamos enviado Cambitinha para transmitir um recado para ele! Porém o
exato momento em que ia falar do que se tratava, Marieta ergueu algo em sua
mão. AS CHAVES. Esquecemos de devolver ao doutor!
“O carro!!!” Dissemos. Explicamos que tínhamos que
ir no carro. E pedi para ele ficar no mesmo lugar do mesmo jeito que estava.
Exatamente na mesma posição, que quando eu voltasse contaria o recado. Ele
concordou e disse que ia ficar.
Quando chegamos na recepção, uma enfermeira me
perguntou se meu cabelo era daquela cor mesmo.
“É não! Eu pinto! Olha aqui a raiz aparecendo já!”
Disse e mostrei o cabelo para ela, que veio analisar de perto.
“E qual é a tinta?” Ela perguntou.
“Sarará Color 2.0”
“Vou comprar” Respondeu.
Expliquei que comprei por um bom preço na Black
Friday. E perguntamos se as enfermeiras não queriam ir passear conosco de
carro. E Marieta balançou as chaves. Ao longe, avistamos o doutor dono das
chaves. E quando ele chegou, revelamos que por pouco não roubamos o carro dele.
André, era seu nome. E que encontro incrível com André nós tivemos. Uma pessoa
extremamente sensível e inspiradora. Descobrimos que ele é escritor! E que
ainda no sexto período de medicina escreveu cenas de um filme pernambucano. E
que continuava escrevendo. Um apaixonado por cinema, por pessoas, pela
humanidade.
Voltamos então ao quarto de seu Jeremias. O cara
que dissemos para ficar parado no mesmo canto não estava mais lá. Encontramos então
o homem dos olhos azuis. Marieta viu logo a cor peculiar do olhar daquele
homem. Eu tive que chegar mais perto para de fato enxergar. Fingi que era mais
cego do que realmente sou e me aproximei bem muito dele para comprovar se era
azul de verdade.
“Isso é lente é?” Perguntei.
“É não! É dele mesmo!” respondeu a acompanhante.
“É de verdade? Posso tocar?” Perguntei.
Marieta quis ficar com os olhos da mesma cor também
e começou a encará-lo para ver se passava para os olhos dela. Parece que deu
certo. Quando olhamos para Marieta, ela estava com olhos azuis.
Chegamos em seu Jeremias. E descobrimos que ela não
estavam com nenhuma vontade em nos ver. E nos mandava embora com a mão.
Tentamos reverter a situação. Perguntamos se ele gostava das enfermeiras que
estavam lá cuidado dele no momento, e ele mexia o dedo em negativa. Tentamos outras
coisas e não conseguimos. Amargamos um pouco. Mas o jogo segue e as
possibilidades são infinitas. Descobrimos que ele gostava de buxada de bode e
para dissemos que íamos buscar buxada para ele. Nos despedimos das enfermeiras
maravilhosas e do senhor dos olhos azuis e sua acompanhante.
No corredor, Marieta disse que só podíamos pisar no
piso azul. Até que o azul ficou muito pouco e tivemos que alterar a regra do
jogo para pisar no amarelo, senão não sairíamos do canto. Kkkk
No outro quarto encontramos uma senhora
envergonhada e seu marido fotógrafo. E ao lado, achamos uma fã de gospel e sua
filha fã de Luan Santana. Ela estava sentada ouvindo musica com seu fone de
ouvido e sua camisa “orangina”.
“Olha só! Ela tá com uma camisa igual a minha!”
falei “Deixa eu ver o que ela tá ouvindo” Sentei do lado dela e roubei um fone.
Não reconheci a musica, mas ao passar para Marieta (que também é doida por
Luan) descobri quem cantava! Kkkkkk
Descobrimos que a menina gostava de ler (estava lendo
o livro: O que espera de uma gravidez inesperada). E que não estava
comprometida. Perguntei a mãe dela se ela deixava eu namorar a filha dela. Só
daria certo se eu conquistasse a mãe dela. E para conquistar as duas de uma
vez, sugeri:
“Vou trazer Luan Santana aqui para cantar musica
gospel! Pode ser?”
Parece que gostaram da ideia! E Marieta também!
Quando saímos encontramos a tia do jantar que
estava grávida de uma garotinha. Perguntamos se foi uma gravidez inesperada. E
explicamos sobre o livro que a minha futura namorada estava lendo. Kkkkk
No corredor, encontramos o cara que fugiu (o que
dissemos para ficar parado. Que era o “medico” de seu Jeremias). Ele nos disse
que tinha comido doze paes e três copos de sopa além do café. Ao analisarmos
seu biotipo...
“E isso tudo foi pra onde?” Perguntamos, afinal ele
era bem magrinho.
“É dos meus!!! Come, come e não engorda!!!” disse a
ele.
E então aproveitei para transmitir o recado que era
para Cambitinha ter repassado: Ele tinha ganhado na megasena, mas era para ter
tirado o prêmio até a segunda feira passada. Lamentamos um pouco, mas ele disse
que ia jogar de novo.
Depois encontramos o senhor que gostava de
chuveiros industriais, o menino que trocou de lugar com a paciente e deitou na
cama enquanto ela tomava seu jantar na cadeira. Ele adorou nossa maquiagem, mas
não quis ganhar uma de presente quando oferecemos. Vimos Anaranja, Anarrosa e
Anazul. Três mulheres que vestiam roupas nas cores de seus nomes. E recebemos
uma missão da irmã de dona Amparo. Dona Amparo estava na hemodiálise e sua irmã
pediu que fossemos lá falar com ela.
Na hemodiálise, encontramos dona Ines. A famosa
dona Ines. Já deu várias entrevistas, mas não queria nos dar seu valioso
autógrafo. Ao seu lado, estava uma rapaz que não queria muito papo porque
estava com problemas demais na cabeça. Um leve amargada. Mas resolvemos fazer
uma cirurgia para remover os problemas da cabeça dele. Retiramos os aperreios e
jogamos fora. Conversamos com um ex-estudante de uma universidade da Califórnia,
que nos contou sobre sua experiência lá fora. Dissemos a ele que gostamos da
ideia e que resolvemos viajar para lá também.
Ate que nos deparamos com dona Vera. A princípio
estava cochilando. E nesse momento aproveitamos para analisar a doutotra super
concentrada que se assustou quando nos aproximamos sorrateiramente. kkkkk DonaVera
acordou e ficou super feliz com a nossa presença. Chegamos perto e ficamos admirando
seu olhar e sorriso!
“Ciakinevaciaverisky?” – Nos perguntou dona Vera.
Rimos! E
muito!
“É o que?” (momento Roger)
Ela repetiu umas três vezes até que entendemos a
piada!
“Se aqui nevasse, haveria esqui?” kkkkkkk
Dona Vera, pura simpatia, um poço de conhecimento e
alegria. Escritora de 18 livros, poliglota, cantora, uma linda e encantadora
senhora. Cheia de boas experiências para passar. Muitas histórias para contar.
Muitas. Muitas mesmo. Tantas que passamos um bom tempo com ela. Talvez até
demais. Kkkk Mas foi ótimo. Cantamos nossa musica para ela, ela cantou algumas
para nós. E quando Marieta começou a se queixar de rinite, decidimos leva-la
para tomar remédio. E antes de irmos ela nos perguntou se estudávamos lá na
federal e o que fazíamos. Dissemos que não fazíamos nada e ela duvidou! Disse
que estamos mentindo porque quem mente fica com o nariz grande e vermelho!!!
“Quer dizer que quem mente fica com o nariz
vermelho?” Perguntei.
Marieta e eu nos entreolhamos, viramos para traz e
quando voltamos a olhar dona Vera pudemos apreciar seu ar de surpresa!
“Tá vendo! Não estamos mentindo!” Dissemos. E estávamos
com a cor trocada da máscara. Marieta com seu nariz azul e eu com o meu verde.
Foi uma das melhores jogadas que fizemos! E o melhor de tudo: revogamos o
título de mentirosos! Kkkkk
Nos despedimos e fomos embora. Descobrimos que no Imprevisível Mundo da Nefro, assim como em Nárnia, o tempo passa muito mais devagar que no
mundo real. E percebemos que saímos bem tarde. Kkkkk
Valeu a pena. Cada sorriso, cada sim, cada não,
cada abraço, cada olhar, cada espiada, cada cara fechada, cada música, cada
dança, cada jogo... E a cartada final, a mudança das máscaras.
Foi mais uma experiência ótima ao lado da minha MCM
Marieta Melhoral, de quem gosto tanto, por sinal!
Pois bem, meu estimado Diário de Bordo, estais
ciente da nossa mais recente aventura. Fique no aguardo da próxima. Ela
acontecerá no Tão Tão Distante Mundo do Alojamento Conjunto!
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