sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Paraíba masculina mulher macho sim senhor!!!

Vai ser impossível expor em palavras todos os sentimentos e sensações que senti no meu primeiro dia de atuação no hospital. Acordei com frios na barriga e carregando uma energia incrível. Todas as pessoas que estavam perto de mim, pela manhã, sentiam/percebiam a energia que de mim inalava. Primeiro, a mensagem da minha MCM Belinha: Bru, vamos agora? Vamos. O frio na barriga apenas se intensificava a cada segundo que passava. Chegando no HC, simbora para o décimo primeiro andar. Mas, pelos encontros da vida, antes de subirmos no elevador, duas MCM's lindas nos surpreenderam com um abraço de carinho e energia. Belinha não se conteve e chorou. A emoção é contagiante!
A cada andar que subíamos, a tensão aumentava. Moni, a nossa velhinha linda, nos orientava a cada minuto. Depois das instruções de Moni, pegamos a chave com a enfermeira e seguimos para o momento de nos arrumarmos.
Eu e Belinha estávamos muito nervosas. Moni nos ajuda a levantar a energia e... 1,2,3,4,5,6,7,8..9,10! Eita! Esquecemos de subir o nariz! rsrs... volta de novo...8,9,10: subo o nariz e explodi o meu olhar para a minha MCM.
Senti a mesma sensação de estar no picadeiro. Não tinha mais como fugir, eu já estava no jogo. Segurei na mão de Antonela duplicada e partimos para o encontro. Naquele momento, só vinha uma coisa na minha cabeça: "Eu não estou preparada! Não estou pronta. No entanto, lembrei das palavras do nosso querido Dom Gentileza:

"Palhaço pronto, é palhaço morto", "você recebe do jogo o que dá para o jogo"...Fazer do medo ao meu favor. Fazer da insegurança ao nosso favor... cuide do seu companheiro, cuida do jogo e não da jogada...

Essas palavras eram muito fortes em meu coração. Então, me joguei no vazio. Como foi difícil fazer o simples.
Entramos em vários quartos. Jogamos com duas mulheres que estavam visitando uma velhinha super simpática. Uma das visitantes tinha um nome parecido com o meu nome de clown. Depois, uma delas disseram que tinha dois filhos para apresentar tanto para mim, quanto para Antonela. O horário da visita acabou, e os seguranças a chamaram. Daí, entramos no jogo com o segurança e foi massa! Perguntei se ele queria levar a gente e, ele e a outra segurança ficaram rindo e as visitantes também. Depois de muito papo, elas nos deram um abraço e dos seus rostos, brotaram um riso de um canto a outro.
Antonela e eu, nos dirigimos a outro quarto. Conhecemos barnabé! Barnabé foi uma figura, "não tinha tanta força para falar", mas ele entrou no jogo com a gente cheio de brilho no olhar. E no jogo de apresentação dos nossos nomes, Barnabé disse que estávamos falando "mais sem força que ele". Nesse momento, eu e Antonela, rimos muito e ele sorriu junto com a gente. Barnabé nos agradeceu e nós nos despedimos dele.

Um dos momentos mais lindos foi no quarto do seu Zé Melo da Paraíba. Nesse quarto, haviam dois idosos internados e ambos, acompanhados pelas suas esposas. Antonela e eu, aparecemos na porta e pedimos permissão para entrar, de imediato, dona Tica desliga a TV e nos recebe com muita alegria. Cada um falou seus nomes e nós também nos apresentamos. Dona tica e dona Ana, sentadas, olhavam atentas para nós esperando que fizéssemos alguma coisa engraçada. Dona Tica olhou pra mim e pediu para que eu contasse uma piada. (Lascou! nem sei contar piada e não vinha nada na cabeça) Dona Tica não esperou muito e disse que sabia de uma piada. Ficamos atentas! Ela conta uma piada de papagaio muito engraçada e todos começaram a rir dentro do quarto. Eu disse que agora já sabia contar uma piada, a piada da dona tica! Depois, o quarto se transformou num palco de apresentações e, nem Zefina e nem Antonela eram as estrelas do palco. Dona Tica e sua companheira Ana, eram as cantoras do quarto, Antonela era a viola e eu tive que me transformar em dois microfones. Os maridos das nossas Paraíbanas, olhavam para elas cheio de brilho. Depois de terminada a cantoria, até beijo apaixonado rolou. Dona Tica e Zé Melo estão casados há 63 anos e dona Ana e seu esposo (Pena que não recordo do nome), há mais de 50 anos de casados. Eles disseram que essa seria a PROVA DE AMOR FEITA UM PELO OUTRO! foi lindo demais. "Caramba, caramba, caramba" (Isis, 2015).

De tudo rolou nesse quarto: São longuinho, são longuinho, se acharmos o cartão do SUS, daremos três pulinhos, ou melhor, seis pulinhooooos!!!
Quando ficamos sabendo que todos eram da Paraíba, começamos a cantar e a dançar: PARAÍBA MASCULINA MULHER MACHO SIM SENHOR! Dona Tica e dona Ana nos ensinou muito sobre cuidar do outro. Elas mostraram o quanto as Paraíbanas são fortes e corajosas. Antonela e Eu, não nos contivemos e demos um abraço coletivo dentro do quarto. Foi lindo demais. Eu sai do quarto muito feliz pois, não só cativamos como fomos cativadas.




Depois, percebemos um número muito grande de estudantes no setor, eram os estudantes que participam do Projeto Caminho. Eles iriam fazer um bingo. Não sei como exatamente aconteceu, mas quando nos demos conta, Zefina e Antonela estavam participando do bingo. Antonela se propôs a ajudar uma paciente que até então, não queria participar do bingo, mas com a ajuda de Antolela, ela participou deitadinha na cama. Eu fiquei no corredor, próximo a porta do quarto que antonela estava. No corredor, fizemos um bingo muito divertido, o pessoal do caminho entrou no jogo e falávamos o número como se fosse telefone sem fio. Foi massa! Cantamos, dançamos, marquei na cartela, joguei com uma paciente que queria por que queria ganhar um travesseiro.
O pessoal do caminho pediram para eu chocalhar o globo com os números mas, foi um desastre, derrubei duas bolinhas no chão. Depois Antonela foi tentar chocalhar e também "não deu certo", as bolinhas caíram no chão. kkkk foi muito divertido!

Enfim, são tantas coisas que aconteceram ontem que escreveria muito,muito mais aqui no meu DB. Mas, eu não posso deixar de contar o quanto foi divertido ajudar ser Pedro na mudança de quarto. Pensamos que ele estava indo embora, daí fomos nos despedir dele e oferecemos a nossa ajuda. Ele não estava indo embora do hospital, estava mudando de quarto. Daí, ajudamos a carregar as bagagens e ele olhou pra mim e falou: Tá vendo, atrasei o aluguel, fui despejado para um quarto mais barato. Eu paguei a metade e Dilma não pagou a parte dela. Dai, mesmo com pouca força, seu Pedro ria muito. Ajudamos com a mudança e foi muito divertido. Mais uma vez, rolou abraço coletivo. hehehe

E já próximo de irmos embora, entramos num quarto mais afastadinho. Alguém nos dava tchau, abraçamos uma gestante que estava chorando, ela sorriu emocionada e, quando escutei alguém dando tchau mais uma vez, encontrei no quarto uma pessoa maravilhosa, linda pronta para nos receber. Ela queria um abraço e não precisava pedir com palavras, foi através do olhar. O quarto estava todo enfeitado, com muitas cores e bolas de aniversário. Essa moça linda, que estava na cadeira de roda, nos abraçou mais uma vez e o olhar dela brilhava muito. Eu fiquei encantada! Ela é linda e, o encontro dela conosco fechou a nossa atuação com muito amor, brilho no olhar e sorriso do canto a outro. Eu não queria me despedir dela, queria ficar mais.


Aprendi muito nessa atuação: cuida do companheiro, foco no jogo, amplia os horizontes, não deixa a energia cair e se joga.


Obrigada Moni pelas orientações, carinho e energia. <3 <3 <3
Antonela, minha melhor companheira do mundo, grata pelos encontros. Você é linda! Até o próximo encontro.

Com amor, Zefina Falafina.


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