sábado, 25 de outubro de 2014

Olhos de Lucas

E finalmente um dos meus maiores sonhos se realizou! Atuar como palhaço em plena Pediatria!! Reviver um pouco das aventuras que eu e o meu amigo Pedro (meu cunhadinho) temos nos finais de semana. Antes disso, viver um sonho que eu já venho contemplando há muito tempo...

Saber que iria para Pediatria em pleno domingo foi complicado, pois eu sabia que ansiedade bateria ao longo da semana. Tem nada não! Somos movidos pela expectativa.

Interessante que tive aula prática na enfermaria da Pediatria na manhã da sexta-feira. Que feliz coincidência! Coincidência? Não, foi o destino mesmo! :) Poucas horas depois eu atiraria Bang Bangs de encontros!

E assim foi a minha sexta-feira, interpretei duas situações, em momentos distintos, entretanto com os mesmos pacientes e obtive experiências inesquecíveis. Naquela manhã, fui apenas um estudante de medicina armado de jaleco e estetoscópio, que recebi o encargo de estudar o caso de Lucas. 5 anos. Febre. Dor ao deglutir. Falta de ar. Faringoamidalite... Isso era pouco. Eu queria mais! Logo depois fomos para as visitas e conheci Lucas. Fiquei observando seus olhos cansados daquele ambiente, ativos pelas pessoas desconhecidas ali, curiosos pelo nosso material, fixos na tentativa do encontro e tristes por não estar com os seus carrinhos. Que belos olhos de ressaca, uma mistura de verde com mel. Apesar de não estar de posse do meu nariz vermelho, mantive um encontro com Lucas, que é uma das coisas mais desafiantes dentro do projeto: levar um pouco da magia do palhaço em um pote e distribuí-lo ao longo do meu dia. Gostaria de fazer isso mais vezes. Vamos em frente!

Algumas horas depois, fomos para o 6º andar. Coração a mil. Quando subimos o nariz, em mais uma obra dos destino, nos deparamos justamente para o quarto de Lucas. Quando sua mãe nos viu, o chamou da cama. E mais uma vez encontrei Lucas, mas de uma forma especial, pois ele sorriu ao me reconhecer. Um sorriso que só a pureza das crianças possuem. Um sorriso que farei questão de guardá-lo no meu tesouro. De imediato gritei seu nome. Isso lhe deu muita confiança de estar conosco. Sabíamos que ele era bastante tímido. Muito bom saber que o conquistamos pela forma mais bela: através do encontro.

Nossa atuação foi assim a tarde inteira. Intensa e energética! Que fluxo loucooo! Milhaaares de crianças atrás da gente, nos acompanhando de quarto em quarto, mães com os seus bebês nos seguindo... Tinha horas que eu me perdia hahahaha! Não sabia nem pra onde olhar. Tinham horas que éramos mais recreadores, pois as crianças só queriam saber de brincar com bonecos, carrinhos, quebra cabeça. Algo que eles encontram na brinquedoteca. Apesar de encontrarmos várias crianças super entrosadas, como Breno, Daniel e Chayanne, também encontramos crianças que tiveram dificuldade de se soltarem, como Jeremias e "Pitbull"; talvez suas idades mais velhas pesava nessa questão, uma vez que a maioria era mais nova. Às vezes, eles nos demonstravam que queria muito estar ali no meio da gente, com algumas brincadeiras e jogos, entretanto voltava o peso da idade e voltavam a ser mais fechados. Tentamos muito. Buscamos muito. Mas acho que não deu.

E durante esse turbilhão, a gente encontra a linda Naná, sozinha no quarto, chorando pela ausência da mãe. Tentei muito chamá-la para o corredor. Mas ela não queria nem conversa. Tentei atraí-la pela boneca de Chayanne. Ela até queria pegar a boneca para brincar, mas ela não me deixava nem passar pela porta. Talvez ela tivesse medo de mim, pelo desconhecido, pelo estranho; apesar disso nós compreendemos. Entretanto, alguns minutos depois, eu vejo Cambalhota e Naná de mãos dadas correndo pelo corredor! :O Meeeu Deus, como ela conseguiu?? É muita sensibilidade e talento para uma Cambalhota só! Bravo, bravo!! O mais engraçado disse tudo é que Naná foi a que mais demorou para se integrar, mas também foi a que mais demorou para nos deixar! Hahaha Bem como sua mãe tinha dito...

Se fosse para escolher um núcleo do dia, ficaria com os olhos de Lucas. Olhos esses que vou tentar me lembrar durante a minha rotina, para levar um pouco da magia do olhar e espalhar não só para os pacientes, mas também para as pessoas do meu convívio. :) Obrigado Lucas.



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