domingo, 19 de outubro de 2014
Encontro (-me)
Dessa
vez a atuação foi no setor de onco. O receio do que poderia vir encontrar foi
constante durante as horas que precediam a intervenção. Será que os pacientes
estarão abertos pra nos receber? Qual será o estado dos pacientes? Será que
estamos prontos pra ver o que iremos possivelmente ver? Nunca mais me
esquecerei do sorriso de seu Ciço em nos ver quando, vagarosamente, abria os
olhos quase sem força. Levarei comigo aqueles olhos que me viam como uma eterna
descoberta, estonteantes, um tanto atônitos. Cansados lábios que, enrugados de
permanecerem calados, exauria em um só suspiro o doce mel de um beijo. Eu respondia
com outro. Ele me devolvia sem pestanejar. Aqueles olhos, aqueles lábios, não
cabiam naquela cama, ou melhor, seu Ciço não cabia naquele estado. Então nascia
na gente, capaz de dar os mais variados lugares e acontecimentos que não aquele
singelo quarto de hospital. Deixo gravado esse encontro. Levarei comigo o “Devir”
desse momento e a eterna possibilidade de encontrar nele, a surpresa, a
confiança, o amor, o alívio e o “eu” mais límpido, mais afável e mais entregue
existente em cada um de nós.
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