Acredito que a minha primeira atuação na Maternidade da semana passada me deixou um tanto confiante para as futuras intervenções, e me deu indícios que eu estava no caminho certo. Nada melhor do que vivenciar outra realidade e outro ambiente para desconstruir o que eu pensava e concluir mais aprendizados desse belo projeto! Isto é experimentar um processo dialético mental! Vei, estou viajando massa aqui! kkk A minha primeira atuação me deixou com uma vontade imensa de entrar nesse mundo mágico de novo, o mais rápido possível; entretanto, aguardei essa vontade até hoje.
Apesar de deixarmos muito claro um para o outro antes da intervenção que a atuação de hoje seria diferente da anterior, estávamos com medo. O nervosismo estava no olhar. A intervenção iria nos exigir bem mais. O público era diferente! Encontramos pessoas mais debilitadas, com doenças crônicas e com dores! Um ambiente bem distinto daquela agradável Maternidade: mães hiperssensíveis lambendo suas crias adocicadas de mel. Além disso, o fluxo do 7º andar era diferente daquele encontrado na Maternidade. O corredor era mais quieto, poucas pessoas passeavam pelo corredor, enfermeiras mais quietas, poucas pessoas da limpeza. Enfim, o fluxo era menos intenso, nos requerendo mais atenção e sensibilidade para ditarmos nossa dinâmica.
O medo, que nos inibia antes mesmo de atuarmos, foi fundamental para o nosso encontro com os lindos daquele corredor. Nem mesmo senti quando se foi. Íamos nos afogando no vazio paulatinamente, seguindo a rotina daquela quieta enfermaria. A atuação foi se tornando mais dinâmica e proveitosa assim que nós íamos nos permitindo a encontrar o próximo da maneira que ele é, respeitando sua individualidade. Com os corações mais abertos e mais leves, conduzimos a energia para todos os quartos do corredor! :) Até o ponto de nos sensibilizar realmente com o comportamento do Seu Lourenço.
Confesso que a minha principal dificuldade foi me acostumar com o lento fluxo da enfermaria, pois isso me deixou mais desgastado para a segunda parte da visita. O meu combustível foi a energia contagiante de muitos pacientes, as cambalhotas de Maricota e o cafézinho da dona Jail! Inclusive, hoje demoramos bem mais em relação à visita da Maternidade.
E, finalmente, qual é o sabor do medo? Eu não sei! Só sei que o gostinho de se jogar no vazio vai continuar valendo mais a pena do que me permanecer na minha zona de conforto, sem desfrutar da companhia dos olhares alheios.
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