sábado, 14 de outubro de 2017

PAM

A atuação de hoje não foi tão gostosa quanto a da semana passada na Nefro. Os pacientes até eram receptivos, mas não foi como na semana passada, em que bastava que entrássemos no quarto e as pessoas já riam, queriam tirar fotos, interagiam, etc e nós nem precisávamos fazer muito. Dessa vez, as expectativas eram altas, ou pelo menos, não sabíamos ao certo como lidar com elas. No primeiro quarto que entramos, nos deparamos com muita gente: eram 3 pacientes e muitos acompanhantes, não lembro ao certo, mas devia ter umas 8 pessoas no total. Entramos meio sem jeito, como no a primeira vez, ainda com as mesmas dúvidas sobre o que fazer, o que falar, como jogar... mas ainda assim, disponíveis para o que viesse ao nosso encontro. E aí, elas apareceram, as expectativas... “mas vocês não são palhaças? Façam a gente rir! Nunca vi palhaço sem graça!” PAM! E agora, como lidar, quando as nossas expectativas não são as mesmas naquele encontro? Mil coisas passando pela cabeça: “e agora, o que a gente faz?”, “socorro, eu nem sou engraçada”...

Acho que aquilo baixou um pouco nossa energia, pelo menos eu me senti meio afetada (e acho que minha MCM também) e atuação ali durou, para mim, uma eternidade e parecia que não surgiria nenhuma brecha pra gente sair dali. A atuação toda foi meio assim, na verdade, pois sinto que não entramos nos outros quartos 100%, como tínhamos entrado naquele primeiro e saímos com a sensação que tínhamos passado muito tempo no setor, mas tudo durou pouco mais de 1h.

No fim, acho que nós tiramos da situação bem, com a ajuda de uma das pacientes, inclusive (gratidão àquela senhora que eu não lembro o nome, mas nunca vou esquecer daquele momento)! Também acho que nos esforçamos para não baixar a energia e até que deu certo, pois tirando aquele PAM, o resto da atuação foi bem boa, com muitos momentinhos pra se guardar:

- bronzeamentos de janela
- a moça do cabelo bonito e o rapaz que despertou calor
- Magnólia na cadeira de rodas
- a moça com o apartamento só pra ela e nossa festa de aniversário
- o cinema sem pipoca
- dona Risada e dona Risadinha

Lições do dia:

- aprender a não romantizar, lembrar que os pacientes não estarão sempre receptivos, nem terão as mesmas expectativas que a gente para aquele encontro e que é preciso aprender a lidar com isso
- ver o lado positivo das coisas, de vez em quando é bom
- preciso pensar em formas para tentar impedir minha MCM de fazer coisas que não devem ser feitas em um ambiente hospitalar, como se jogar no chão, sentar em leito desocupado, etc

No mais, ansiosa para a próxima atuação (que eu espero que chegue logo, pq a semana que vem não será fácil)


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