sábado, 7 de outubro de 2017

Encontros acontecem

Db, estava meio difícil de parar para te escrever, mas agora vai. Bem, sobre o meu primeiro dia de atuação... Complicado descrever... Mas quero dizer que me indignei com a grande semelhança com o que descrevi lá naquele primeiro diazinho da seleção em que tive que começar a história de como seria meu primeiro dia atuando no hospital. Acordei ansiosa e com medo sim!
Fui andando do CFCH até o HC ouvindo "Durma medo meu" para ver se o medo passava, mas quanto mais chegava perto da hora, mais frio na barriga eu sentia. Foi aí que eu lembrei que eu podia ir com medo mesmo. Esperei Rai e minha MCM (Sabris) na frente do HC e deu um alívio ver que eu não estava sozinha nessa. Quando chegamos lá no ambulatório de onco foi que caiu a ficha do que se tratava tal local, realmente foi um choque ver  que seria naquele lugar tão pesado que eu atuaria pela primeira vez.  Isso quebrou minhas expectativas, me perguntava como conseguiria entrar ali com um sorriso no rosto? O que aquelas pessoas achariam daquele meu sorriso? Mas novamente me joguei. (Talvez o fato daquelas pessoas ali não serem crianças é que me intimidou, pois como eu poderia levar o encontro? Será que eles estariam abertos mesmo estando em uma situação tão difícil? Adultos são tão sérios normalmente. O medo começou a chegar de novo.)
Bem, fomos vestir nossas peles e fazer a maquiagem, nessa hora Rai foi incrível com a melhor playlist para subir a energia. Vestindo as roupas comecei a perceber que havia esquecido algumas partes da minha pele, Rai me acalmou dizendo que poucas vezes ele atuou com tudo completo kkkk Já prontas, estava na hora de começarmos a contagem para subir a máscara. Eu e Sabris demos as mãos e começamos a contar, quando vi o 10 já tinha chegado e já estávamos de olhos arregalados uma para outra. E agora? Vamos lá! Quando a máscara subiu o medo passou e assim partimos para "encontra"! Foi incrível sentir que naquele momento eu e minha MCM poderíamos ser o que a gente quisesse. Dessa forma, fomos desde desempregadas a procura do diretor do hospital para nos arrumar um emprego, até corredoras e caça e caçador. Dançamos, nos tatuamos e , principalmente, ouvimos aquelas pessoas atentamente. Dentre tantas histórias, Db, quero te contar uma que me respondeu, como quase um tapa na cara, aquela angústia que senti lá no início.
Pois bem, em um momento em que Sabris estava conversando com um paciente e eu só estava observando o espaço,  me deparei com uma mulher sentada de cabeça baixa. Resolvi ir lá, tentei de algumas formas "encontrá-la", mas não obtive muito sucesso, aquele não era o momento. Algum tempo depois, Sabris também notou essa mulher e fomos ao seu encontro, agora juntas. Ao chegarmos, notamos ela ainda muito reclusa, mas tentamos mais um pouquinho. Perguntamos se ela sabia quem era o diretor dali, pois queríamos pedir um emprego a ele. Para nossa surpresa, ela disse que sabia sim, e que era Jesus. Então perguntamos, e como a gente faz para falar com ele? Ela então continuou dizendo que tínhamos que juntar as mãos e pedir o que queríamos. Assim, pedimos que ela nos ajudasse e ela começou a orar junto com a gente. Assim foi o nosso contato com aquela mulher.
Aquela manhã voou, quando vimos a sala já estava bem vazia e o os almoços começaram a chegar, era hora de irmos embora. Nos despedimos de todos e seguimos para o quartinho das enfermeiras. Fizemos a contagem para descer a mascara e tiramos a pele e a maquiagem. Já fora do corredor, uma voizinha nos chamou e falou: Olha elas aí! Vocês já vão embora? Quando nos viramos tivemos a surpresa de ser aquela mulher que de início pouco falava. Fomos lá e demos um abraço nela e ela nos retribuiu com um grande sorriso. Foi extremamente gratificante aquele sorriso, não por eu achar que tivesse aliviado um pouco do seu sofrimento, acho isso meio difícil, mas tão só e simplesmente, por ele ter revelado que o encontro aconteceu.

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