domingo, 3 de abril de 2016

"Que minha dor seja motivo para o riso de alguém" (Chaplin)

Meuuuuu querido DB!!! Quanto tempo, meu querido. Virgulino tava se acabando de vontade de voltar!!! Vi, logo de cara, que esse novo ciclo chegou trazendo um montão de novidades e desafios. As novidades??? Agora eu tô atuando com duas, isso mesmo: DUASS,  MCM's lindonas que, coincidentemente, estiveram comigo na seleção do PERTO em 2014! Bru e eu ficamos pra só conseguir nossa vaguinha no de 2015, mas nossa já velhinha Cassis conseguiu ainda na primeira e hoje vem pra atuar junto conosco. Acredite, logo de início até assusta um pouco atuar em trio pela primeira vez! ("E se eu não conseguir pegar o tempo delas? E se a gente tiver um  estilo diferente de atuar? WTF kkkk). tsc tsc tsc, eis que o Virgulino, ainda bebo de sono por tanto esperar pra voltar a atuar, esqueceu do nosso principal ensinamento: "Palhaço pronto é palhaço morto!". Fica aqui o meu sincero agradecimento aos ensinamentos do Tio Gent's na aula bemmm teórica da nossa reciclagem. Finalmente eu entendi com muito mais certeza algumas dúvidas que me cercavam sobre essa arte de fazer sorrir. Finalmente fiquei completamente a vontade, o que traz um ar de pura naturalidade, nos encontros e, consequentes, sorrisos que viriam a surgir.
Cassis, Bru e eu nos encontramos ainda nos elevadores do HC e subimos juntos para a Nefro, um setor que requer bastante cuidado, uma vez que nem todos os pacientes em diálise ou outros tipos de tratamentos podem (no sentido de conseguir mesmo) desfrutar de um sorriso. O nervosismo foi logo quebrado devido a dois fatos: Californication (RHCP) é uma paixão de Bru e de Cassis (créditos a Belinha que me sussurrou essa dica de ouro). Baixei no meu celular e aí o clima ficou muuuito bom, a atuação ficou bem mais Hard Core kkkkk. O outro fato foi o de que a enfermeira nos entregou a chave do quarto dos enfermeiros e lá vai eu, alezaiado, tentar usar ela pra abrir uma porta com um trinco TOTALMENTE diferente! Sério, o buraco era uma cratera comparado ao do que seria pra chave que a gente tinha KKKK. Quando Bru viu isso, disparou numa risada estrondante comigo que quebrou qualquer clima de gelo!!! E o MELHOR, descobri que ela faz um som igual ao de um porquinho enquanto dá risada! KKKK. Quando a gente ouvia o som, triplicava as gargalhadas.
Indo pra atuação, tivemos logo de cara alguns moentos PEEN que até poderiam baixar nossa energia, mas que não conseguiram de forma alguma: a enfermeira do setor insistia em nos excluir do campo de visão (e parar de enxergar o palhaço como um ser Santo em 100% do tempo ajudou MUITO!!! Porque ativei aquele lado demôniozinho que tava gritando e comecei a brincar com o fato de a enfermeira nos excluir. Logo depois ela riu!!!) e a primeira paciente do leito que a gente tentou encontrar, também se recusava a olhar pra a gente e só olhava pra o celular. "SEGUE O FLUXO", como ensina a arte da dança de Swingueira! Logo logo a gente voltaria pra tentar resolver isso!
Entrar na sala de diálise também nos mostrou porque é tao dificil atuar na nefro. A maioria dos pacientes estão embarrotados de equipamentos no corpo. Brincamos com o máximo que nos permitia! Quem salvou nosso momento foi uma senhora, que insistimos em chamar de Super Heroína, de tão forte que ela aparentava ser. Ela falou algo mágico: "O importante não é a beleza de vocês ou do nome de vocês. É o amor que une vocês que é o mais importante!"
Depois a gente foi pra um leito que tinha bem umas 4 senhoras juntas. Aí sim, o motor de Virgulino, Zefina e Surdete esquentou a todo vapor. Eram 4 fontes diferentes de brincadeiras, ou seja, com a própria Cassis comentou depois, foi muito enérgico! Daí surgiu o dilema (jogado pelas pacientes) de que Virgulino deveria escolher entre Surdete, com sua saia bunda-rica, ou Zefina com seus meiões amarelos. A outra opção foi Virgulino ficar com D. Clarisse (uma das senhoras do leito) que mora em Prazeres. Resultado: D. Clarisse disse que Virgulino precisava comer um AÇOUGUE de mocotó (pocotó, seguundo Zefina) pra ver se conseguia aumentar a bunda e engrossar as pernas e Zefina e Surdete decidiram NÃO querer mais Virgulino e, assim, formar um casal amoroso entre elas.Eitaaa prejuízo da gota serena, Virguuu!!!
A partir daí nossa atuação se resumiu em MÚSICA!!! Num outro leito encontramos o Senhor Zé! um caba com voz de radialista e que cantou de Zé Augusto a Roberto Carlos. Logicamente, nós fomos os instrumentos musicais que alimentavam uma voz tão forte. Ainda dissemos que ele poderia morar num conqueiro (ele mora no bairro de coqueiral) vizinho a nossa casa da árvore. Ele perguntou onde iria encontrar um coqueiro e a gente so fez apontar pra janela que ele abriu o sorriso ao ver um coqueiro gigante do lado de fora. Na mesma hora em que cantávamos juntos, entraram no leito um senhor, uma senhora e um jovem magro como Virgulino. Qual surpresa o destino nos guardava? ele também se chamava Virgulino, era mago e galego. Aí lascou: "Achei papaaaaaaaaaaai! Mamãaaaae! E ainda ganhei 2 irmãos" Todos bolaram de rir.
Quando a gente ja tava se despedindo de todos pra ir embora, uma senhora ainda sendo carregada numa maca no corredor e acompanhada por um jovem também magro (primo de Virgulino KKK topou até brincar com a própria magreza junto comigo), parou bem na nossa frente e disse "Vocês só saem daqui depois de falarem comigo! Quero brincar também! Quero cantar pra vocês...". Ela tinha acabado de chegar de uma cirurgia e estava desde as 9h da manhã sem comer. Começou a comer uma canjica que a deram e Virgulino brincou dizendo que ele que tinha feito a canjica. Ela simplesmente subiu o olhar, a expectativa de todos aumentou, e ela mandou um "Horrível, Virgulino, ainda não dá pra casar" KKKK. Ela se apresentou como Vera e disse que ia ensinar Virgulino a se declarar pra Zefina e Surdete. Cantou em voz alta até em espanhol!!! Mudou o clima do leito e, acredite, até das pessoas que passavam naquele corredor meio "parado de tudo". Ela, então, nos deu o maior ensinamento. Mesmo com todas as dores da cirurgia, mesmo cantando pausadamente, disse que cantava e que sempre gostava de ter um bom humor "não por mim, não por um motivo individual, mas sim pra mudar as pessoas que tão ao meu redor, pra fazer os outros sorrirem Quando eu olho pra vocês, eu to enxergando, na verdade, pessoas que eu posso fazer sorrir". Nunca essa frase de Chaplin encaixou tão bem aos meus ouvidos. "Que minha dor seja motivo para o riso de alguém". O coração de Virgulino e, tenho certeza, o de Surdete e Zefina se encheram de muito amor nesse momento. Que combustível!!! ahhhhh, pra finalizar! Lembra daquela primeira paciente que se recusava a olhar pra a gente porque só vivia no whats? ela tava nesse mesmo leito que D. Vera e, assim como os outros, se transformou totalmente nesse momento do jogo!!! Em uma das musicas cantadas, se falava em beber e sabe o celular dela? tinha uma capinha com o formato de um copo e um líquido vermelho dentro, parecendo uma taça de vinho. Tem dúvidas? Virgulino pediu o celular a ela, que já entregou com o sorriso aberto, e deu uma golada naquela taça de vinho que surgia no meio da música. Resultado: Todos ficamos embriagados em sorrisos de uma tarde de encontros. Espero pela próxima! Obrigado Cassisss e Bruuuuu!!!

Um comentário:

PERTO - Palhaçoterapia UFPE disse...

Zéeeeee que amor esse diário! <3

Bru!