Olá galeriiis
Esta semana houve
um imprevisto e acabamos atuando na quinta-feira, fomos para o 10º andar, sul.
Para não perder o costume, eu estava um pouco nervosa. Mas, tudo sob controle.
Fomos nos arrumar no quartinho da enfermagem e, detalhe, não tinha água. “Então,
já sabe o que vai acontecer se errar a make, né?” Pensei! Enfim, deu tudo
certo. Quando estávamos já concluindo para começar o processo de subir a
energia, adivinha? Chegou um enfermeiro no quartinho para trocar de roupa. “E
agora? Como vamos subir a energia?” Solução: Subir energia no banheiro. E foi
assim que a energia subiu. Ser palhaço é também dominar a arte do improviso e
saber lidar com o imprevisível. Bem, parecia que havíamos aterrissado na
sonífera ilha porque quase todos dormiam. Encontramos a linda mãe jovem de 42
anos, que mais pareciam 24, e que acabara de chegar à enfermaria após um procedimento
cirúrgico, quer dizer, de amor. Ela havia retirado um rim para doar ao seu
filho de 24 anos. Que coisa mais linda!
Encontramos o senhor simples e carismático
que mora na cidade da pipoca gravatá, seu Edgar. Ele era muito fofinhooo! Outro
encontro do dia foi com “Acompanhante”, como passei a chamá-la. Ela entrou
rapidamente no jogo, e uma das que mais interagiu conosco, porém foi bem desafiadora.
Em determinados momentos, parecia que a situação fugia do nosso controle e o
jogo corria o risco de deixar de ser jogo. Acompanhante passou a chamar
Ursulina de “mainha”, referindo-se à sua tatuagem e nos levou de cadeira de
rodas para passear pelo corredor. Estava no hospital acompanhando seu pai, cujo
leito se encontrava na mesma enfermaria da pessoa mais encantadora daquele
setor, era seu Hermínio. Até agora não sei explicar bem o que aconteceu, mas
este senhor me cativou. O encontro com ele foi o melhor momento do dia, para
mim. E provavelmente, o melhor da minha semana porque até agora ao recordar
dele, meu coração se enche de afeto... como eu gostaria de voltar a vê-lo. Ele
transbordava alegria ao nos ver... eu me senti tão acolhida, que sensação
incrível. Carinhosamente ele me apelidou de Quiqui e pediu para tirar fotos.
Concedemos a permissão e não é que seu Hermínio é um bom fotógrafo?!
Depois, ele queixava-se de dores. Havia
feito uma cirurgia e mencionou que estava sendo difícil a recuperação, muito
dolorosa. Apesar disso, entre um sorriso e uma queixa de dor, permanecia firme e forte, sem desanimar. Dirigimos a ele palavras de apoio e encorajamento e nos despedimos.
Fomos chupar laranja no quarto secreto. Depois que nos despedimos de todos, fomos
nos trocar. Por fim, retornei ao leito do senhor Hermínio para pedir as nossas fotos
que ele havia retirado. Eu não estava mais como Quiqui, mas fui recebida tão
bem quanto, e o meu sentimento por ele era igual, afinal, eu e Quiqui somos a
mesma. Conversamos por uns minutos, o suficiente para admirá-lo ainda mais. Ele
me contou um pouco de sua história e se despediu de mim com um beijo na mão e
dizendo: “Eu amo muito vocês!”
Como cada novo encontro, estes traziam dentro
de si o inesperado. Foi um dia lindo. Percebo que há, de fato, um propósito em
tudo que fazemos. Os maiores recompensados somos nós mesmos porque é
indescritível a sensação que permanece depois de um dia desses. Mas, não vamos
nos preocupar em entender tudo, certo? Porque, como diz Clarice Lispector em um
de seus escritos, “viver ultrapassa qualquer entendimento” e eu estou satisfeita
com isso! ❤
Beijos,
Quitéria Pinguinho
Um comentário:
- meu deus, que coisa linda essa mãe...
- quiqui <3
- AMEI a foto!
- que vontade de colocar seu Hermínio num potinho
- to amando as atuações de vocês...
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