sábado, 26 de novembro de 2016

Presentes no 11º Sul

DB,

Atuação na clínica médica. Primeiro pensamento: espaço familiar, por onde transitamos tanto no 4º período. Segundo pensamento: lá sempre tá lotado... E realmente estava. Mas, isso só aumentou o número de desafios.
De início, logo em um dos primeiros quartos, encontramos umas mulheres e fomos jogando com elas. Algo como uma loja, um desfile. Em algum momento, Pauli propôs que precisava de uma mudança e eu concordei, sem saber o que ela pretendia. Daí, ela virou o nariz, trocando a cor. PAM: o meu nariz não muda a cor. Assisti por uns 3 segundos a cena e pensei: como eu vou mudar também Deus? kkkk O que me veio na hora foi trocar o lado da boina. Funcionou. Estávamos as duas "irreconhecíveis".
Seguimos e encontramos um pai um filha, jogando canastra ou algum outro jogo de baralho (era um negócio complexo). Cena comum? Precisavam passar o tempo e a "monotonia"? Acho que sim. Mas não havia nada de ordinário naquelas pessoas. Principalmente no pai. Que presente foi encontrá-lo e aprender com ele, seu Anthelmo Sabino. Ou "Sabido", como o batizamos. Escutamos, escutamos, escutamos. Poderia passar horas ouvindo o que ele tinha a dizer... Tantos ensinamentos! E o mais bonito... o amor pela família, pelos filhos. E da filha para com ele... era palpável. E ainda aparece um neto depois, "o Caio, que faz faculdade aqui perto", como contou cheio de orgulho. Seu Anthelmo com certeza foi um presente naquele dia, em meio ao caos das últimas semanas que temos vivido. Eventualmente, tivemos que deixa-lo... parecíamos duas órfãs de "avô", querendo ser adotadas por ele.
Em um outro quarto, encontramos seu João, que logo esboçou um sorriso de orelha a orelha quando colocamos a cabeça na porta do quarto. Foi como um abraço de boas vindas. E como sorria esse senhor. E são esses momentos que fazem tudo valer a pena, quando todos os problemas se tornam minúsculos, quando esqueço de tudo que me aflige. Qual o tamanho dos meus problemas, quando tem alguem que sofre por, certamente, algo muito mais dificil e ainda sorri daquele jeito?
E seguimos assim, impulsionadas por esses e por todos os outros pacientes que encontramos nesse dia. Foi um presente lindo!

P.S.: gostei de como interagimos com o "exterior", com o que se passava do lado de fora. Sempre que passava alguém com um rádio, pensavamos ser algum tipo de segurança, querendo nos retirar do andar "vip". Notei que estávamos bem atentas às pessoas lá fora, inclusive, percebendo quando uma de nossas colegas de turma apenas passou e sorriu. Acho que estamos aprendendo...:)

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