segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O palhaço também é filho de Deus - Oncologia S2

Esticando os narizes e lançando o olhar através do espaço que separa o quarto da nossa passarela (por vezes pista de 50m rasos), encontramos um olhar sorrindo, em meio àquelas pessoas peculiarmente posicionadas e voltadas a olhar-nos. Todos sorriem, contudo aquele olhar sorridente se esticando em nossa direção, intrigou-nos. Fomos ao encontro. Todos sorriam, algo interessante acontecia naquele lugar. Não sabíamos ao certo o acontecia, mas ali morava a esperança. Certa hora, o lindo senhor da cama ao lado e suas visitas, saíram do quarto... Aquele olhar meio tímido, e cheio de vida e alegria agora poderia ser tomado plenamente por Coralinda e TchuTchu. Ora, ora, ora... Como vai você? Eu vou bem! (soltando um riso frouxo e com o olhar tímido) Ah, você gosta de ler? Pergunta Coralinda ao ver um livro sobre a cama. Gosto sim, gosto muito de ler a palavra do senhor. Sou evangélico e gosto de coisas da igreja. Aaaah, então você canta louvores... Diga um para a gente, para que possamos cantá-lo junto contigo! Eu não lembro de nenhum agora... Hmmm... Deixe-me ver, deixe-me ver... Coralinda lembrara, então, de uma música... Tal música fora tão importante no processo de planejamento da Coralinda... Talvez pudesse ser importante para alguém também... Chegava ao quarto, o pai daquele tímido e vivo olhar... Ele feliz com nossa presença, perguntou o que estávamos fazendo ali... Vamos cantar agora! Grita Coralinda animada com Susi TchuTchu. E começaram a cantar...

Os Planos de Deus são maiores que os meus

Ele vai fazer o melhor por mim
Ele vai além do que eu posso ver
Ele faz o que eu não posso fazer



Deus Vai cumprir os seus planos em mim
Ele vai fazer o que lhe apraz
Sou pequeno e falho, mas Ele é Deus
Ele só faz o melhor pelos seus



Acredito sim, acredito sim
Acredito sim
Que Deus vai fazer impossível em meu viver

O pai daquele tímido e vivo olhar, impressionado, mas não mais que emocionado, disse: Olha, elas sabem cantar mesmo... Claro que sabemos, palhaço também é filho de Deus e sabe de uma coisa...?! Quando tudo parecer difícil de superar é só lembrar, repetir e cantar com fé o refrão para nunca mais esquecer:


Acredito sim, acredito sim
Acredito sim
Que Deus vai fazer impossível em meu viver

Saíram cantarolando e perceberam, então, a grandeza do quarto da esperança... Saíram acreditando que aquele olhar tivera mudado suas vidas.

Enxeriram os narizes em uma porta que, naquele mesmo dia, tiveram o olhar negado. [Não saberemos dizer jamais, qual o motivo pelo qual não nos queriam por perto... Saberemos somente que não poderemos saber, se tivermos esgotado a nossa tentativa na insistência em querer permanecer e partilhar daquele encontro.] Até que um dedinho se levanta, em meio aquele olhar do gato de botas que lançamos, insistentemente, no ar. Esse dedinho, nos convida a entrar e romper aquela distância. Seeeu Joséééé Ribeeeiro, como vai o senhor? Eu vou bem vocês são irmãs gêmeas se parecem muito?! Pergunta ele como se fosse pegar o trem que já estava de saída. Hmmm... Reduzimos ainda mais aquela distância rumo aquele olhar com dúvidas... O senhor Acha que temos alguma semelhança?! (Perguntamos como faz Mr. Bean com o nariz quando tem uma dúvida) Ele, que até o momento estava de olhos arregalados e de prontidão para a ocorrência de eventuais surpresas, sucumbe ao riso e pode, dessa forma, relaxar aquele olhar, franzindo seus olhos para os vermelhos narizes de Coralinda e TchuTchu, resultados de uma queda estabacada. 

Sabe o que é o melhor disso tudo? É poder compreender que acreditar no impossível, muitas vezes e quase sempre, é acreditar nas pessoas e não desistir delas. É  acreditar que o palhaço também é filho de Deus e que para encontrarmos aquele olhar que tanto sonhamos, só basta insistir em encontrá-lo. 

O encontro não está, apenas, no compartilhamento... 

... Está no respeito... 

... Está no silêncio...
... Está no espaço que nos separa. 

O encontro é, acima de tudo, reconhecer que o outro tem para oferecer, não somente aquilo que ele tem para dar, mas, também, aquilo que ele descobrirá (porque alguém despertará a existência) que possui e, que porventura, escolherá compartilhar com quem despertou o que, até então, era desconhecido.

P.S.: Seu Samuel, o senhor é muito lindo! E o seu sorriso bobo e galante, ao me ouvir falar isso, torna-o mais lindo ainda.

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