Sim, estudantes do 5º período, pagando obstetrícia e neonatologia, vivenciando plantões de obstetrícia, foram ao alojamento conjunto. Overdose de grávidas, puérperas e RNs. Mas antes de ir para lá, não era nada disso que eu pensava, era tão e somente nos bebês. Depois do choro na pediatria, fiquei com medo que a cena se repetisse com aqueles pacotinhos que tinham acabado de chegar ao mundo. E como lidar se as mães fossem superprotetoras e não deixassem a gente chegar junto deles?
Claramente eu precisava me tratar.
Para minha surpresa, as mães são seres bem mais tranquilas do que eu pensava. Logo em um dos primeiros quartos, uma delas entregou sua filha nos braços de Pauli... Tirem uma foto com ela! Tiramos. Eu super encantada e perplexa, ao mesmo tempo. Melhor ainda foi que a menininha nem se mexeu, nem chorou, nem nada. Trauma 1: vencido! (tudo bem que não era a mesma coisa, mas deixa eu me iludir hehehe). A cena se repetiu em um outro quarto, com Pauli servindo de "berço" para mais uma pequenina calminha. Quanta confiança sentir ser transmitida. Uma mãe entregar seu filho, com poucas horas de vida, nos braços de umas estranhas e ainda por cima vestidas de palhaças. Devíamos estar fazendo alguma coisa certa.
Seguimos por outros quartos e percebi como o clima no AC é diferente, é leve. Os jogos fluem de uma maneira diferente e o fato de haver 4 pacientes em quase todos os quartos + seus respectivos filhos tornava quase todos os momentos uma grande festa, pois todos interagiam entre si. Ainda assim, o cuidado não foi deixado de lado. Fomos informadas, ainda na nossa chegada, que duas pacientes tinham perdido seus filhos. Uma delas assistiu enquanto tiravamos foto e brincavamos com a filha de uma outra paciente, em seu mesmo quarto. Quando olhei para ela, soube na hora que era ela a "FM", como disse a enfermeira. Tanta tristeza em seu olhar...e ter que assistir todas as outras mães com seus filhos... como lidar?. Pauli e Cacá também perceberam e fomos falar com ela. De início, havia lágrimas em seus olhos e ela segurava o choro. Mas fomos conversando e foi muito bom ver que, no fim de nossa rápida interação, suas lágrimas haviam secado e um sorriso havia nascido em seu rosto.
Continuamos por outros quartos e cada interação foi especial. E fechamos com chave de ouro no quarto de Roberta, paciente que eu Pauli já conhecíamos dos plantões no COB. Assim que entramos, ela já foi logo dizendo: Eu mereço... E depois: Eu conheço vocês!
Foi uma mudança radical. Da impaciência à entrega. Sim, porque ela nos fez encerrar atuação cantando juntas, logo ela que não queria nem que a gente chegasse junto...
P.S.: tenho notado que estamos tendendo a repetir alguns jogos. Ainda que cada atuação seja única e a resposta dos pacientes, diversa, isso tem me incomodado um pouco :(
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