Perdão por minha mequetrefice por postar com uma semana de
atraso. A atuação no ambulatório de onco foi, certamente, a mais difícil até
agora. O fato de não podermos dar um chingling e mudar de quarto me deixava
tenso, especialmente na mudança de jogo de um paciente pro outro. Desenvolver um
único jogo sem tumultuar o setor era difícil. A energia do andar era pesada. A
equipe não estava receptiva. Era como um picadeiro, onde todos lhe viam
direcionado para um único paciente por vez. Primeiro, desenvolvemos um jogo já
na entrada do banheiro e, de longe, já víamos Risolinda rindo em nossa direção.
Ela foi, certamente, uma das mais abertas do dia todo. Myn baixou uma bela
carta chamando-a de sacoleira. Lá vou eu chamá-la de Paraguaia. É assim nasceu
Risolinda Paraguaia. Foi um jogo interessante. A dificuldade era envolver sua
sogra, que estava aberta, porém visivelmente debilitada. O jogo com ela não
fluía e tudo culminou em uma troca longa de olhares: senti a tristeza, somado
ao desconforto e à gratidão de estar sendo vista. Seus olhos cheio de lágrimas.
Lágrimas indecifráveis. Pra quebrar isso foi difícil. Quebrar esse olhar e
emendar com uma atuação com a senhora que estava ali do lado - como fazer isso?
Era como dizer "acabamos com a senhora e agora é a vez dela". Foi
duro. Eu sinto que a gente falhou e que as transições foram bem mequetrefes. O
ambiente exigia jogos calmos, e isso foi fazendo minha energia cair. Os
pacientes cismavam em falar de suas vidas antes do câncer e isso me era um soco
no estômago - mas estávamos ali para ouvir, também. O último jogo também foi
especial. Era um menino jovem. Falamos de Tamandaré, nós convidamos para sua
casa, dissemos que iríamos pro show com ele. Falamos de cuscuz com ketchup e
outros gostos exóticos. Minha energia estava tão basal que era difícil dizer se
era uma conversa sincera e nojenta ou se era, de fato, Arcanjo quem estava ali.
Então foi descer a energia e dar um abraço na minha MCM. A sensação era de
"foi bom, mas...."
Nenhum comentário:
Postar um comentário