sábado, 26 de novembro de 2016

Quero mais encontros como esses, mais, muito mais! ❤

Olá queridões,

Peço perdão pela mequetrefice, pois mais uma vez, deixo para escrever no fim do prazo. Apesar da greve na universidade, minha rotina permanece quase a mesma, tendo em vista que o estágio não para. Mas, enfim, vamos ao que interessa...
Esta semana retornamos a hemodiálise. Eu estava bem desmotivada nesse dia e já preocupada em como seria a atuação. Porém, fui assim mesmo, pois sabia que ao fim do dia estaria melhor e feliz pelos novos encontros. Chegamos um pouco atrasadas no setor (por minha causa... perdão MCM), mas de todo modo, fomos mais cedo que da vez anterior e pudemos aproveitar mais. Conhecemos a tão famosa Dona Vera, que nos recebeu com tanto carinho e de brinde cantou para nós. Inclusive, me ensinou umas canções, que eu até já esqueci. Hehehe... Reencontramos o tio da tapioca, Joel, que mantinha seu jeito brincalhão. Ganhei logo um abraço bom! Ele entra facinho, facinho no jogo e faz isso com alegria. Adoroooo! Havia um senhor lá que chegou ao mesmo tempo que nós, ele era tão bonitinho. Queríamos muito ter jogado com ele, mas a única coisa que consegui foi acenar assim que entrava na sala. Suas mãos tremiam, sua respiração falhava, mas ele retribuiu o gesto. Ele não estava muito bem, mal podia respirar, então, o médico foi chamado para ajudá-lo e realizar os procedimentos necessários. Enquanto isso, fomos visitando os outros leitos, na esperança de que até o fim da atuação pudéssemos falar com ele. Mas, não rolou.  Ele me fazia lembrar do meu avô e Ursulina também disse recordar o seu. Esse era o motivo pelo qual desejávamos tanto ter um encontro mais profundo com ele. Espero revê-lo e que eu possa encontrá-lo em melhor condição. Num cantinho, encontramos Edson, não tenho certeza se este era seu nome, ele tremia, dizia sentir frio, mas permitiu o nosso encontro. Ele era gentil e até me alertou quanto a outro paciente que lá estava. Não havia compreendido bem, até que notei que este outro paciente estava nos xingando. Eu fiquei bastante impressionada quando notei, sem reação, até que tio Joel falou para não nos preocuparmos quanto a isso. Tratava-se de um paciente psiquiátrico, não sei ao certo o que ele tinha, mas compreendi que naquele momento o seu comportamento era sintomático. Não se tratava de algo pessoal. Até porque nem havíamos nos dirigido a ele. Fomos para o leito do senhor Ivanildo 1, pois ele disse que havia outro com o mesmo nome lá. Ele já estava de saída, se arrumava para subir para outro andar. Muito vaidoso, penteou o cabelo, pôs um chapéu. Falou que voltássemos outro dia às 11hrs para que pudéssemos passar mais tempo juntos e disse que nos daria almoço! Hahahaha... Ele era uma graça! Encontramos uma senhora simpática que acabara de chegar e conversamos um pouco com ela. Entre uma conversa e outra, voltávamos em Dona Vera, que sempre tinha algo a nos dizer ou a cantar. Por fim, saímos da hemodiálise e fomos para as enfermarias da nefro. Foi então onde encontramos o homem da voz de trovão. Inicialmente, deitado em seu leito, parecia dormir e por um momento achei que não estivesse aberto ao jogo. Quando saímos do quarto, ele me acompanhou com o olhar, foi a primeira fase do nosso encontro. Bastou segundos para que eu compreendesse que ele estava disponível para nos receber. Sorrimos bastante, ele fez inúmeros jogos de adivinhações e lógica. Ele sorria como criança e o que me deixou mais feliz foi ao ouvi-lo dizer que nossa presença o deixava alegre. Foi um dos momentos mais lindos do dia pelo significado atribuído àquele encontro. Ele não tinha acompanhante, então, eu gostaria que o tempo que passássemos ali fosse especial o suficiente para que ele se sentisse bem acompanhado e soubesse que não está sozinho nunca. Pessoas como ele, faço questão de guardar bem direitinho no coração e mesmo que não estejamos lá todos os dias, estaremos em sua memória, assim como outros palhacinhos que já haviam passado por lá e que ele lembrava com carinho. Eu adorei conhecê-lo. Chegou no quarto um dos senhores que estava na hemodiálise, e mesmo que indiretamente, ele estava no jogo. Ao deixarmos o quarto, ele estava gargalhando com algo que Ursulina havia feito. E foi assim que saímos daquele setor, deixando um pouco de nós e levando um pouco de cada um dos seres iluminados com quem nos encontramos. Quero mais encontros como esses, mais, muito mais! 


Beijos, 

Quitéria Pinguinho. 

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