Hoje atuei no setor
que pra mim seria o maior desafio. A atuação na pediatria segundo os
MCMs é cheia de delícias e desventuras. Isso me
assusta um pouco por que nunca me dei muito bem com crianças, mas para minha
surpresa a atuação foi incrível. Quando subimos a energia e saímos para atuar
encontramos uma mocinha linda que nos acompanhou durante toda a atuação. Começamos
a brincar com seu balão, que se chamava Bola e depois fomos sair pra tomar
sorvete. O meu sorvete foi uma bola de morango, já o de Isolda foram 11 bolas
de sorvete de arroz com calda de feijão. Em meio a nossa comilança apareceu
Safira a companheira de quarto da menina que nos alimentava. Ela prontamente
aceitou os nossos jogos, de modo que pegamos nossas malas e fomos à praia.
Durante a viagem recrutamos mais uma companheira: Ingrid. Ela acabara de chegar
ao HC, era muito tímida e ainda não tinha amigas no hospital. Mas sutilmente nós
fomos introduzindo Ingrid no jogo de modo que quando saímos ela já estava íntima
das outras meninas (<3). Ao chegarmos à praia escolhemos os nossos biquínis,
nadamos pra fugir dos tubarões, que eram a equipe de enfermagem, e caminhamos perigosamente
num desfiladeiro. Na volta pra casa achamos melhor pegar um bote e remar. Remamos
muuuito, nessa hora eu já estava pingando a suor. Depois surgiu outro jogo no
qual estávamos no Ártico e tínhamos que fugir das orcas. Além disso, não podíamos
pisar nos riscos do piso pra não cair no mar gelado (o rejunte do piso do HC
nunca mais vai ser o mesmo pra mim kkkkk). Quando chegamos ao Ártico algo errado
aconteceu com Isolda, ela tinha se transformado num urso polar. Nessa hora eu pensei
que fosse morrer de tanto correr ao redor dos elevadores. As meninas estavam com
um medo tão real que ás vezes eu parava pra gargalhar disso com Melcop. Surgiram
muitos outros jogos legais com elas, como a guerra de piolhos, a ida de ônibus
ao salão de beleza (vai a direita, a esquerda, três voltinhas e pula, segundo
informantes) e muitos outros. Passamos boa parte da atuação com essas três
meninas e o jogo não caía. Um jogo bem legal foi quando pedimos pizza para o
jantar, porque nesse momento comemos todas juntas: eu e Isolda (a gorda), as três
crianças e suas mães.
O setor estava com poucos
pacientes, mas tentamos mudar um pouco o foco da atuação. Isso nos presenteou
com um dos encontros mais lindos que já vivenciei. Foi em um quarto com um bebê
de menos de um ano. Quando passávamos pelo quarto ele nos olhava todo esbugalhado.
Começamos a brincar com ele de esconder e aparecer. Ele ficava morrendo de rir.
Teve um momento que Isolda se aproximou mais berço e ele começou a engatinhar
em direção a ela, foi muito lindo assistir isso. Outro fato marcante dessa atuação
foi um menino que ficava quieto, nos observando de longe, mas que quando chegávamos
perto dele, ele se escondia ou nos ignorava. Tentamos nos aproximar sutilmente,
mas preferimos não insistir muito. Ele realmente era um desafio e eu queria
muito ter passado um tempo com ele, pois aparentemente o menino estava sempre isolado.
Houve um momento em
que meu corpo não aguentava mais. Decidimos encerrar a atuação. Foi difícil
dizer adeus às meninas e ainda não sei responder a pergunta "você volta amanhã?".
Descemos a máscara muito felizes porque conseguimos fazer ótimos jogos e envolver
muitas pessoas que estavam no setor. Pra mim, atuar na pediatria foi uma delícia,
espero voltar lá em breve.
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