sábado, 1 de novembro de 2014

O Voo dos Pássaros

Antes de partir para o meu encontro com Maricota, encontrei muitas pessoas queridas ao longo do meu dia, que recarregaram minha energia depois da semana cansativa com muitos abraços, desde o pequeno Thomas Edson de 3 anos do ambulatório de Puericultura até aqueles mais silenciosos da biblioteca. Eu precisava muito disso. E a minha companheira também! Ela também teve um dia cansativo e estressante. Mais do que nunca o "estar 100%" foi necessário para iniciarmos a atuação, no desconhecido 10º andar.

De início, pareceu que a nossa atuação seria semelhante com aquela realizada no 7º andar, justamente pelo fluxo mais calmo e pacientes mais debilitados. Felizmente, eu estava enganado! Cada enfermaria que conhecemos é única! Talvez, seja isso que me leva sempre a um pouco de nervosismo antes das intervenções; é impressionante, nem mesmo depois de cinco atuações. Nos primeiros quartos conhecemos mães e filhas doces e dispostas, as quais nos deram muita confiança para continuarmos a nossa caminhada. Elevar a nossa energia e a do setor era preciso. Até presenciaram uma enfermeira cearense me colocar no bolso! hahaha

Logo depois, como passarinhos, fomos pousar em um quarto, onde apenas um paciente e a sua acompanhante estavam presentes. Pareceu meio estranho, mas o vazio nos colocou lá. Interessante que a nossa chegada silenciosa não atraiu os olhos do Seu Alcides, nem mesmo a nossa chegada barulhenta. Parecia que a TV estava no meio do Picadero. Os passarinhos queriam voar novamente. Tentamos mais uma vez. Entretanto, "Malhação" parecia ser um lugar mais confortável para um olhar tão desolado e desesperançoso. Não era simplesmente assistir à novela, era, de fato, assistir ao vazio. Esse mesmo vazio que nos propõe a experiências únicas dentro desse projeto, também é o mesmo que acalenta olhares perdidos.

E quando menos esperávamos, o vento trouxe esses passarinhos para um quarto, onde mais uma vez a TV parecia ser o centro das atenções. Entretanto, conseguimos vários momentos de interação com Seu José já de "alta hospitalar", com o fiel Seu Dirceu e com a espontânea Vivi; que significaram bastante pra eles e, principalmente, para nós, pois mostrou que estávamos no caminho certo, em busca da crescente energia.

Depois de uma aposta com Vivi pra ver se eu conseguia um café com a senhora do jantar (quem perdesse levaria o outro na cadeira de rodas até o fim do corredor, hehehe), demos uma "avoada" pelo corredor e soltamos beijos para @s lind@s que já estavam jantando. Entretanto, paramos justamente no quarto do Seu Severino e do Seu Joaquim, onde fomos muito bem recepcionados e até esperados pelos seus acompanhantes. Seu Joaquim estava bastante triste pela recente amputação da perna, já Seu Severino não queria jantar e já estava há dois dias sem comer; condições que exigiram demais de mim e da minha companheira; em vários momentos não era Bang-Bang e Cambalhota que conversavam ali, e sim Eduardo e Tatá, e com ajuda do Cara lá em cima conseguimos receber beijos de despedida ao fim da visita. Atitudes simples que representaram muito para nós. :)

No meio do caminho avistamos em um dos quartos um pai no telefone com a sua filha de 3 anos. Ficamos ali na porta, esperando um pedido pra entrar. Melhor do que isso, pedimos pra falar com sua filha no telefone! Nossa, o pai ficou muito feliz por isso. Disse que tinha ganho o dia com aquilo. Apesar de no final ele brincar dizendo que queria até nos contratar para a festa de aniversário da filhinha, o nosso melhor salário é receber tal reconhecimento por gestos tão inocentes, mas cheios de boas intenções. :)

Como passarinhos curiosos entramos na brechinha da porta do quarto dos simpáticos Ednaldo e Bielse (tinham que ser rubro-negros, né?) que se abriram bastante para conversa; até chegaram a acreditar na conversa da Maricota de estudar Astronologianumseiquantas... kkkkkkkkk!  Logo ali, avistamos Maria do Carmo e Vanessinha fazendo caminhada no corredor! Eu nunca tinha visto aquilo até então no hospital! Isso nos energizou e fomos acompanhar as duas pelo corredor. A alegria e a motivação que demos para uma simples caminhada contagiou outros pacientes e acompanhantes a seguirem a mesma receita; finalmente conseguimos os 100%, conseguimos elevar o fluxo e a energia do setor! Foi arretado!!

Fomos passarinhos durante toda atuação. Claro que teríamos que sair da atuação seguindo a discrição de um pássaro. Quando menos se espera, ele já volta pro seu ninho. Como pássaros, temos limites físicos, nem sempre podemos traduzir o que temos de intenção no coração na dura realidade. Como pássaros, distribuímos um pouco da beleza de um belo voo para aqueles que se dispuseram para o encontro. Como pássaros, começamos do solo, com pouca energia; que logo depois vai aprendendo a dominar a pressão atmosférica e continua até alçar voos cada vez mais altos, elevando a própria energia e daqueles envolta. Até mais passarinhos. :)




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