Essa sexta-feira na maternidade, foi, de longe, a atuação mais cagada que já tive. Fui com expectativas muito altas e energia muito baixa. Foi a mais curta também. Fiz cagada também quando esqueci de escrever o diário (e quase ia me esquecendo hoje novamente).
Pedimos a salinha para uma (eu suponho que) estudante de enfermagem, que quando falamos "palhaço", ela se mostrou familiarizada com o projeto. Não sei se participou ou se algum amigo faz parte, mas ela (assim como nós) pareceu cheia de expectativa. Nos arrumamos ~como sempre~ ao som das músicas da oficina, saímos com as bolsas na mão e começamos o jogo ali mesmo, ao entregar as bolsas para guardarem pra nós. Entramos no primeiro quarto, e tudo ia ocorrendo muito bem, meu MCM arrumou 9 filhos pra criar e tinha que ganhar na loteria para comprar tanto leite Nãm (ou seja lá como se escreve). Interagimos bastante neste quarto, onde saí de lá com 2 irmãs e mais um rol de sobrinhos. Quando nos despedimos e fomos partir para o próximo quarto, não mais que 10 segundos depois de meu MCM por o rosto para fora do quarto, ouvi um grito de pavor "AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHH". Seguido de um "ESSES PALHAÇOS JÁ ESTÃO FAZENDO PALHAÇADA POR AÍ?!", nada amigável da enfermeira chefe. Voltamos para o quarto assustados, onde eu tive uma crise de pânico camuflada por um ataque de risos (porque realmente foi engraçada, apesar de aterrorizante, a reação da moça). Quando finalmente conseguimos sair do quarto, a moça que gritou estava trêmula e chorando, virada de costas para o corredor onde estávamos, o que nos permitiu passar despercebidos. A partir daí, a entrada em cada quarto era cautelosa e eu estava sempre com medo de receber reações parecidas ou de, por algum azar, a moça que tinha medo de palhaço estar naquele quarto.
Não sei se por coincidência, ou se por azar da moça mesmo, sexta-feira era dia 31 de outubro (o famoso dia das bruxas). Vai ver isso teve alguma influência na reação dela. Palhaços assassinos? Ouvi falar de uns casos na França, mas aqui não, moça! Por favor! "Não maltrate os palhacinhos".
Ainda conseguimos algumas boas interações, mas nada tão intenso quanto no primeiro quarto. Acho que o susto baixou um pouco nossa energia. O que eu achei interessante foi a quantidade de índios por metro quadrado que tinha ali! Uma índia ainda pediu umas pilombetadas nossas (querendo que levássemos doces para os pacientes, como se fossemos palhaços recreadores de festinha de criança). Mas achei a interação com ela particularmente interessante, ao nos ensinar algumas palavras em tupi. Queria aprender tupi.
Outra mulher, já no fim da atuação, se mostrou bem receptiva até, dizendo que "prazer não, satisfação!" hahah. Ela explicou as devidas diferenças, e depois de passarmos rapidamente por mais dois quartos, voltamos para desejá-la "satisfação".
Não tenho muito a acrescentar aqui, mas talvez a experiência tenha servido para aprendermos (ou nos habituarmos) a lidar com adversidades.
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