quinta-feira, 6 de julho de 2017

Vínculos (e máquinas de hemodiálise)


Melca não foi atuar com a gente de novo. Aparentemente ela não vai mais se manter no projeto, ficaremos eu e Kinhos. Só chegamos a atuar juntas 1 vez, mas vou sentir falta de ter ela semanalmente comigo (a faculdade tá tão corrida que a gente nem se vê sempre).
A tarde começou com uma bela conversa com Kinhos que durou desde o momento que nos encontramos até a hora de subir o nariz. Isso também rolou das outras vezes...felizmente, me parece que tá virando rotina. É muito bom saber o que tem acontecido com ele e também compartilhar um pouco de mim...entrar em sintonia antes de atuar. E mais uma vez atuamos na enfermaria de nefro, um setor que já tem todo um carinho da minha parte.
A tarde foi recheada de momentos muito especiais! Primeiro que na hemodiálise rolou toda uma vibe com as máquinas de hemodiálise. De uma certa forma foi um jogo que carregamos de paciente em paciente, mas a ideia que ficou foi que há uma relação de amor e ódio dos pacientes com aqueles robôs filtradores de sangue. Eles têm um compromisso, há uma troca, o procedimento é um tanto invasivo mas traz muitos benefícios (às vezes a própria vida!). É um vínculo muito forte, quase um casamento, e ressignificar essa relação para eles e para mim foi bem especial.
Além disso rolou um momento de reencontros (ou reencantos): nos reencantamos com Marisol, a maravilhosa da limpeza da primeira atuação desse ciclo e eu me reencantei com um paciente que havia conhecido na primeira atuação do ciclo passado. Ele não pareceu lembrar especificamente de mim, mas Marisol lembrava até do meu nome e foi muito legal fortalecer esse vínculo.
É interessante que “vínculo” representa um conceito muito especial dentro da área da saúde e dos cuidados, e acho que pecamos em não discutir sobre isso quanto palhaços. É massa atuar em setores diferentes toda semana, mas e para onde vai esse tal desse vínculo? Esses reencontros inesperados foram boas surpresas, mas e se eles pudessem ser um pouco mais esperados?


Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieto e agitado: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração...”
(O Pequeno Príncipe)


Judith

Nenhum comentário: