sábado, 1 de julho de 2017

Alterando por Artifício

Lembro do frio. Mais do que tudo, me lembro de ter sentido frio. Acho que ando com medo de sentir que me repito no setor, então sempre tento focar em outra coisa. Dessa vez fui nisso, sentindo o clima mais frio, o ar condicionado, o espaço que diferia tanto dos outros fisicamente, que era quase alienígena para mim. Falta acreditar mais, acho, que vai ser mesmo diferente e que isso vai depender muito mais de que estejamos disponíveis do que que estejamos desviando sempre no sentido de alcançar o novo como se esse fosse o objetivo, até porque o novo pra gente pode ser o normal pra eles. Penso agora de quantos palhaços que não vieram e fizeram a mesma coisa que eu, de focar tanto e sentir tanto esse frio, que não acontecia porque o dia estava especial, mas porque o lugar é assim e pronto... Que me restringindo a uma diferenciação tão superficial assim eu facilito para mim as referências mentais que posso construir a respeito da experiência, mas efetivamente não permito que o dia aflore pelos caminhos que trouxer, acabo terminando em uma nota muito próxima daquele que comecei, fechando muito ou fechando quase sempre no frio a chegada e a saida... Como se acreditasse que partindo de um novo pressuposto estabelecido o caminho será especial. Não sei na verdade em que sentido que anda essa problematização, mas não posso deixar de perceber que esse processo soa de certa forma meio como um estado de alteração artificial, distanciador entre mim e a experiência de fato.
No mais, dezembro vai entrando e eu não consigo deixar de sentir que chegamos muito tarde para começar esse processo. Sinto-me muito mal pelo tempo que tivemos que tomar entre oficina e chegada no setor, mas espero que este hiato não promova maiores problemáticas quanto a este semestre de atuações e a minha continuidade do projeto.

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