sexta-feira, 7 de julho de 2017

O meu nariz


Hoje era dia de pediatria e esse setor é sempre um mistério. As experiências da galera parecem muitas vezes meio assustadoras e ai desde que a escala saiu (assim como da última vez) fiquei com aquela pulguinha atrás da orelha: como será que vai ser?

Eu tinha um compromisso marcado Às 19h, então teria que sair umas 17:30h, só para piorar nossa situação com o tempo, uma reunião que acabaria às 15h, terminou durando um pouco mais e só conseguimos subir lá pras 15:40h. A atuação terminou ficando espremida entre dois outros compromissos meus, e por mais que eu tenha um MCM absolutamente compreensivo, não consegui me libertar da culpa/agonia/pressa...

Fiquei com o tempo em mente e quando eu me dava conta, já tinha me atropelado nos encontros. Assim foi com Thales, um menino daqueles magrinhos de regata verde e olhos tão expressivos que mal me lembro do resto da sua fisionomia. Quando estávamos siando do quartinho, disse a Antenório que lá encontraríamos crianças. Thales foi a primeira delas. Ele olhava pra gente fixamente como quem estudo um fenômeno curioso, mas não mudava em anda sua expressão. Eu me precipitei e fui até ele. Propus que brincássemos com seus carrinho, mas para minha frustração ele nem reagiu. (Acho que quando o não vem de uma criança é amargo de verdade) Antenório me resgatou do amargor e brincamos com o carrinho da limpeza – eu ainda tentando chamar sua atenção de alguma forma...não rolou!

Deixei de lado e continuamos pelo setor. Talvez pelo tardar da hora, muitas portas estavam fechadas e boa parte dos encontros se deram num quarto com 4 mães e seus bebês (teríamos voltado ao alojamento conjunto? Hehe). Elas não negaram o contato, mas de alguma forma, no olhar ou no tom de voz eu sentia que elas minimizavam nossa presença ali. Kinhos se manteve jogando e eu fui na dele. Depois realizei que na verdade elas tavam sim abertas para o jogo, mas aquele jogo que diminui o palhaço, que nos coloca naquele lugar de errantes. Nada mais justo...

No úlitmo quarto que entramos, encontramos uma menina muito fofa! Rolaram jogos de adivinhação, música, sorrisos... Num dado momento, para minha surpresa, Thales reapareceu no colo da sua mãe pelo vidro do quarto. Ele e Kinhos ficaram se comunicando através do vidro – dedinhos, agachamentos – até que eu, mandei um belo de um PEN! Eu tava muito feliz que ele tinha vindo e abandonei a menina para ir ao seu encontro...mais uma vez me precipitei com ele: enquanto eles curtiam o vidro, sai do quarto para tocar de verdade nele, fazer uma surpresa. Ele tava tão encantado com Antenório, que de novo nem reagiu à minha presença.

Amarguei e simplesmente voltei pro quarto. Nessa volta, me deparei com a curiosidade inspiradora das crianças.. a menininha bem delicadamente me perguntou se poderia tocar no meu nariz!!! Por um momento fiquei em dúvida, será que ela podia? Bom aquele era o meu nariz, e ela só queria tocar nele... Fizemos uma troca, cada uma tocava no nariz da outra ao mesmo tempo. E ai, logo em seguida, ela soltou: “Não é de verdade...”. Eu falei que era o meu nariz e era sim de verdade, talvez tenha deixado ela meio em dúvida. Mas o mais especial foi entender que aquele nariz, que representa tanto e esconde o mínimo possível, era de fato parte de mim....

Judith

Nenhum comentário: