Hoje era dia de pediatria e esse setor é sempre um mistério.
As experiências da galera parecem muitas vezes meio assustadoras e ai desde que
a escala saiu (assim como da última vez) fiquei com aquela pulguinha atrás da
orelha: como será que vai ser?
Eu tinha um compromisso marcado Às 19h, então teria que sair
umas 17:30h, só para piorar nossa situação com o tempo, uma reunião que
acabaria às 15h, terminou durando um pouco mais e só conseguimos subir lá pras
15:40h. A atuação terminou ficando espremida entre dois outros compromissos
meus, e por mais que eu tenha um MCM absolutamente compreensivo, não consegui
me libertar da culpa/agonia/pressa...
Fiquei com o tempo em mente e quando eu me dava conta, já
tinha me atropelado nos encontros. Assim foi com Thales, um menino daqueles
magrinhos de regata verde e olhos tão expressivos que mal me lembro do resto da
sua fisionomia. Quando estávamos siando do quartinho, disse a Antenório que lá
encontraríamos crianças. Thales foi a primeira delas. Ele olhava pra gente fixamente
como quem estudo um fenômeno curioso, mas não mudava em anda sua expressão. Eu me
precipitei e fui até ele. Propus que brincássemos com seus carrinho, mas para minha
frustração ele nem reagiu. (Acho que quando o não vem de uma criança é amargo
de verdade) Antenório me resgatou do amargor e brincamos com o carrinho da
limpeza – eu ainda tentando chamar sua atenção de alguma forma...não rolou!
Deixei de lado e continuamos pelo setor. Talvez pelo tardar
da hora, muitas portas estavam fechadas e boa parte dos encontros se deram num
quarto com 4 mães e seus bebês (teríamos voltado ao alojamento conjunto? Hehe).
Elas não negaram o contato, mas de alguma forma, no olhar ou no tom de voz eu
sentia que elas minimizavam nossa presença ali. Kinhos se manteve jogando e eu
fui na dele. Depois realizei que na verdade elas tavam sim abertas para o jogo,
mas aquele jogo que diminui o palhaço, que nos coloca naquele lugar de
errantes. Nada mais justo...
No úlitmo quarto que entramos, encontramos uma menina muito
fofa! Rolaram jogos de adivinhação, música, sorrisos... Num dado momento, para
minha surpresa, Thales reapareceu no colo da sua mãe pelo vidro do quarto. Ele
e Kinhos ficaram se comunicando através do vidro – dedinhos, agachamentos – até
que eu, mandei um belo de um PEN! Eu tava muito feliz que ele tinha vindo e abandonei
a menina para ir ao seu encontro...mais uma vez me precipitei com ele: enquanto
eles curtiam o vidro, sai do quarto para tocar de verdade nele, fazer uma
surpresa. Ele tava tão encantado com Antenório, que de novo nem reagiu à minha
presença.
Amarguei e simplesmente voltei pro quarto. Nessa volta, me
deparei com a curiosidade inspiradora das crianças.. a menininha bem
delicadamente me perguntou se poderia tocar no meu nariz!!! Por um momento
fiquei em dúvida, será que ela podia? Bom aquele era o meu nariz, e ela só
queria tocar nele... Fizemos uma troca, cada uma tocava no nariz da outra ao
mesmo tempo. E ai, logo em seguida, ela soltou: “Não é de verdade...”. Eu falei
que era o meu nariz e era sim de verdade, talvez tenha deixado ela meio em dúvida.
Mas o mais especial foi entender que aquele nariz, que representa tanto e
esconde o mínimo possível, era de fato parte de mim....
Judith
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