Segunda atuação neste semestre no alojamento conjunto, com
as mães, pais e os seus bebês, mas dessa vez com Safifi. Estava ainda tossindo
um pouco, e fiquei com medo de tocar nos bebês e nas mães. Safifi estava
encantada com aquele lugar, aquelas criaturinhas, e eu me encantava ainda mais
com a forma dela de ver aquilo tudo, o que me ajudou a não sentir que estava
distante, ainda que me impusesse um monte de barreiras de contato. Jogar com os
bebês é uma experiência bastante particular. Eles reagem às coisas com tanta
intensidade que dá pra cansar só de acompanhar um movimento de espreguiçamento,
se formos tentar chegar no mesmo nível que eles, ou um ensaio de choro, um
suspiro de conforto, um bocejo. Eles são com o corpo todo, sentem com o corpo
todo, expressam com todos os milímetros de sua existência aquilo que está se passando,
e acho que isso é uma coisa que encanta muito mesmo. Sinto que preciso aprender a crescer como um bebê. Não de crescer e deixar de ser bebê para ser criança e depois adolescente e depois adulto. Crescer a relação com o existir como eles conseguem, ou como acontece com eles porque eles não estão tentando ser qualquer coisa, simplesmente existem daquele jeito. São senhores de uma expressividade absoluta, que tem tanto de transparente quanto de cênico e teatral. Parece ser a encenação de uma sensação, e é muito doido pensar que aquela é talvez exatamente a forma mais natural e verdadeira de se agir. Porque é tão carregado que não tem como a gente acreditar que é tudo aquilo, mas a gente acredita. Depois a gente relativiza, fala de um ridículo do ser tão intenso, mas basta eles mecherem um dedinho e somos novamente completamente sujeitados à sua arte de se expressar.
No mais, peguei um bebê no
braço, ainda que estivesse com tantos receios quanto à tosse, porque fui
assegurado por diversas pessoas durante essa semana que não deveria ter
problema, porque o bebê em questão estava bem protegido, com roupinha e manta e
uma toalhinha ainda e que assim não toquei de fato nele e ele não tocou de fato
em mim. Fiquei com vontade na hora de pedir a foto que a mãe tirou, mas esqueci
completamente disso. Agora me pego de novo com vontade de ter visto como
estava. Não é uma vontade que me vem com frequência. Fico achando estranho até,
em muitos sentidos, estar sentindo falta de ter a imagem do ato. Mas sei que quero,
não vou negar isso, e acho importante registrar, para que mais na frente se ela
voltar a aparecer eu não fuja de reconhecer ela, não a desconsidere como usualmente
acabo fazendo.
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