Hoje, eu - Durvalina - e Dorotéia fomos para a Enfermaria 10 sul. Opa, passamos pelo pior andar, o da Pediatria, então agora vai ser tranquilo, vai ser fácil. Calma, e por que meu coração tá acelerado? E por que meu estômago não para de fazer barulho? Hm, tô bem nervosa!! Mas vamos, sobe a energia. Epa, hoje tem música, que arraso! Subimos. Se joga.
Não sabia o que nos esperava naquele andar, um andar cheio de adultos. Encontramos uma senhora,. Ela sorriu. Vamos nos aproximar. Ela estava brincando de caça-palavras, nos ensinou como jogar, até nos falou que é uma ótima caçadora, "eu caço tudo" ela nos disse. Perguntamos onde estava a agitação daquele andar? Pois Arcanjo e Eulália nos falaram muito bem daquele andar, inclusive estamos vindo hoje porque eles estão em lua-de-mel, e como somos primos, aceitamos ficar no lugar deles para eles aproveitarem o casamento. Ela riu, e nos falou que eles enganaram a gente direitinho, porque aquele andar era o mais calmo de todo o HC. Fomos em busca de outros encontros. Vixe, tá todo mundo dormindo mesmo? Passamos em frente a um quarto, olhamos, tinha um senhor, ele nos olhou e se virou na cama. Percebemos que ele não estava aberto, então continuamos em busca de mais alguém. "Dorotéia, esse já é o último quarto, vamos torcer para ter alguém acordado". Tinha. Dona Maria das Graças, não falou nada, mas acompanhava todos os nossos movimentos com o seu olhar. Foi um encontro bem interessante, pois me remeteu ao encontro que eu tive com a criancinha que não escutava na semana passada, onde, eu não precise falar nada, só bastou os nossos olhos se encontrarem, e a magia aconteceu.
Depois encontramos dois rapazes, eles nos receberam perguntando: "Vocês não são palhaças assassinas não, né?" Ai meu Deus, "não, não, não, esses são nossos primos distantes". Tivemos que desfazer toda a história de não sermos palhaças assassinas, mas que nosso primos são, e que inclusive foram presos. Eles entraram no jogo. Um deles nos disse que vai fazer ENEM para tentar faculdade de Advocacia. Então, chamamos ele para soltar nossos primos da cadeia, e ele disse que iria. Esse foi um dos quartos que eu gostei bastante, porque eles realmente entraram no jogo, se jogaram com a gente.
Em seguida encontrei o senhorzinho mais fofo e amado do mundo. Ele foi tão amado por nós que seu nome é Amaro e nós o rebatizamos de seu Amado. Desde que passamos pela primeira eu tinha observado esse quarto em particular, pois seu Amado estava conversando com a médica, e ao passarmos pela porta, ele nos olhou, esperando que a gente se aproximasse. Ele foi maravilhoso conosco, nos contou toda a sua vida, em como ele não gostava de viajar, sobre seus netos, sobre sua esposa linda. Sobre tudo. Me pareceu que ele realmente estava precisando de alguém para conversar, sabe DB? Dava pra ver em seus olhos brilhantes e pretos como ele estava se deliciando daquele encontro. Ele nos apresentou sua filha, Dona Nai, um pouco tímida no começo, mas logo se soltou. Ela inclusive pediu para tirar foto com a gente. :) Disse que não tinha filhos, que era solteira. Então prontamente lembramos da "moça caçadora", e fomos atrás dela, para ela nos ajudar a arrumar um namorado para Dona Nai.
Quando fomos perguntar sobre um pretende para a "caçadora", ela nos falou que quem era sabia mesmo dessas coisas de caçar era Dona Inácia. Chegamos em Dona Inácia, ela é uma senhorinha muito linda e amável, de cabelos bem branquinhos. Explicamos a história para ela e ela só nos dizia: "negativo, negativo". Aí eu percebi que ela estava bem cheirosa, tinha acabado de tomar banho, então falei: "a senhora é paqueradora mesmo né? Tá mais cheirosa que filho de barbeiro". Ela continuou rindo e nos explicou toda a história. Pense numa história engraçada viu kkk Vários corações para Dona Inácia.
Hoje tava uma tarde tão legal, mas teve uma parte bem chata. Chegamos em um quarto, tinham 2 moços. Um desses moços já tinha nos olhado quando passamos pela primeira vez, mas achei que era só por curiosidade mesmo. Quando voltamos a esse quarto, paramos na porta e demos um "olá", esse mesmo moço levantou prontamente da cadeira, ele era o acompanhante, e foi até a porta, apertou nossas mãos, e aí eu me toquei ele estava com segundas intenções. Aí nós voltamos para porta, e começamos a conversar com os 2. Não conversamos muito, pois o filho do paciente, adolescente, entrou no quarto, passou por nós, sem nem dar um boa-tarde. Nos entreolhamos. Ele logo começou a brigar com o pai, porque este estava usando um de seus shorts. E aí decidimos ir embora, porque a energia não estava muito boa. Porém, não sei como, do nada o menino já estava "respondendo" Dorotéia, e aí realmente decidimos ir embora. Não gostei desse quarto. :( Achei uma energia muito pesada, fiquei bastante tensa.
Mas depois veio mais um quarto maravilhoso, um pastor. Assim que colocamos a cabeça pela porta, ele achou que Dorotéia fosse Eulália e começou a brigar com ela, dizendo que tinha preparado tudo para o casamento, mas que ela não havia aparecido, Inclusive uma senhora que estava ao seu lado também se meteu e começou a dizer que ela tinha colocado um vestido só para a ocasião. hahaha Conversamos bastante com eles, explicamos sobre a lua-de-mel de Eulália, e eles entenderam, embora ficaram chateados porque nem bolo eles receberam. Por fim, o pastor se levantou e orou por nós. Foi bem lindo, realmente nos tocou. Dorotéia, que é sensível, começou logo a chorar, mas logo se recuperou.
Por fim, entramos em um quarto bem lindo, eram 2 irmãos, uma senhora e um senhor, e um adulto jovem. A moça havia retirado um de seus rins para doar ao seu irmão. Eles me derrubaram nessa hora, com essa ação linda que tinham feito, me emocionei para valer, mas consegui segurar e prosseguir no jogo. Jogamos, ele nos falou também sobre os palhaços assassinos. Aparentemente isso anda bem na moda. E então fomos embora.
DB, só sei que hoje foi lindo! Tiveram alguns momentos "pêns", mas eles não pareceram nada quando eu lembro de todos os momentos "uaus" deste dia. Pode ter certeza que cada pessoa que eu encontrei naquela enfermaria vai ficar guardada, cada encontro de olhos, cada sorriso. Foi de arrepiar. Não vejo a hora de me jogar de novo. P.S.: ficou imenso, mas é porque foram tantos momentos, eu não queria escolher apenas um ou outro.
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