sábado, 24 de outubro de 2015

Não, não somos Patati Patatá!

Chegou o dia tão esperado, a primeira atuação, e seria logo onde? No setor que eu mais temia: PEDIATRIA! Tinha muito medo, medo de criar expectativa, medo de quebrar a cara, medo de não me jogar no vazio, nossa, quantos medos...

A ansiedade e o nervosismo foram os responsáveis por me acordarem naquele dia. Sentia necessidade de abraços, muitos abraços, precisava compartilhar minha energia exacerbada. Porém a cada encontro, eu ficava mais e mais ansiosa. Estampado em minha face havia um sorriso, este que estava misturado com alegria e desespero. Eu sorria com tanta força que meus músculos estavam doloridos e dormentes. Parece exagero não é, Emílio? Mas eu estava realmente desse jeito.

Chego no HC, encontro Nathi,, Amandinha, Môni, Tony, Paulinha (me diz o que é que eu façooo...), Tatá, Mano e Rai. As borboletas formavam um redemoinho dentro de mim ao mesmo tempo que um tsunami se formava em meu estômago, eu sinto que vou explodir! Mais abraços, mais alegria e... Mais nervosismo. SOCORROOOOO, ESTOU TENDO UM PIRIPAQUE!

Finalmente chegamos em Pediatria, minhas pernas tremem, encontro o olhar de Nathi, minha MCM. Me salva, Nathiiiii! Pele, maquiagem e, a parte mais importante, subir a energia. Demos as mãos e fechamos os olhos. Começamos a contagem: 1, 2, 3,... Ouço uma porta fechando atrás de mim, Môni havia nos abandonado! Volta aqui, Môni! 4, 5, 6,... Estamos quase lá, mais energia, mais energia 7, 8, 9... 10! LEVANTA O NARIZ E EXPLODE ESSE OLHAR! Angelina, chegou a hora, o vazio nos espera!

Como vamos abrir a porta? Devemos mesmo abrir? Ai ai ai, abre aí, Angelina! Tá bom, eu abro! Olho para o corredor (de alguma forma, o corredor parecia diferente, parecia ter surgido uma atmosfera de inúmeras possibilidades), nem sinal de Môni, mas que bandida (ai ai como eu to bandida)!!!Então, Angelina e eu demos as mãos e saímos pelo corredor olhando todos os quartos. Muitos, muitos e muitos encontros. 

Maria Vitória e sua família, que rapidamente entraram no jogo. Ela é dona de uma vasta herança e seus beijos consertam qualquer coisa e curam qualquer pessoa. Angelina teve sorte em ganhar um beijo dela.

Lara, que estava prestes a chorar quando a encontramos, tinha um carrinho que transportava shampoo, mas sua invenção era tão secreta que até hoje não sabemos para que serve. Ela nos deu 5 reais para que pudéssemos comprar nosso próprio carro.

Caíque estava com vergonha em nosso primeiro encontro, ficava se escondendo entre as pernas dos pais e sempre que dávamos um passo em direção a ele, este começava a rir e ia para dentro do quarto. Os pais deles insistiram para ele tirar uma foto com a gente, mas achamos por bem não forçar nada. Pode vir quando quiser, tá bom, Caíque?

No percorrer da nossa jornada pelo corredor, encontramos mais olhares: Robson, que agora pensei em chamá-lo de Augustus, pois sempre queria dominar o jogo; Tom e Jerry (não sabíamos os nomes deles) que atazanaram nossos juízos querendo tocar em nossos narizes o tempo inteiro. Além deles encontramos inúmeros pais, alunos, enfermeiros, médicos, auxiliares... Os enfermeiros e os auxiliares, todos muito lindos e sempre criando novos jogos, Fabíola e Isaias mesmo, sempre que podiam estavam com a gente. Os pais, por sua vez, ora estavam super empolgados com os jogos ora estavam super preocupados com suas crianças, sempre que podiam compartilhavam um pouco de sua angústia em estarem ali. Acredito que esses foram os momentos que mais precisávamos manter nossa energia alta, tanto para não correr o risco de cair como também para tentar passar toda essa energia para esses pais tão angustiados. Se alguém precisava de energia naquele momento, com certeza eram eles.

Voltamos a encontrar Maria Vitória, Lara e Caíque. Desta vez ele estava fora do quarto e parecia bem mais aberto, porém continuava muito tímido. Ele nos vendeu seu helicóptero por 4 reais! Saiu por menos de UM dólar, que pechincha! Mas logo em seguida descobrimos porque estava tão barato... Nosso meio de transporte não voava, apenas andava! E foi nesse momento que conhecemos Álvaro, ele estava disposto a comprar nosso helicóptero. Ele parecia ter gostado do meu cabelo, pegou nele inúmeras vezes e chegou até a colocar na cabeça dele, como uma peruca... Neste momento eu só pensava em: "Por favor, que ele não tenha piolho...". Álvaro nos salvou inúmeras vezes de Tom e Jerry, além de nos ter salvado das armadilhas escondidas no piso do corredor "Não pode pisar no piso branco, se você pisar você pode morrer", porém ele começou a querer ser nosso dono e ficava nos puxando pelo corredor.

De repente, Álvaro, Robson Augustus e Tom e Jerry (quatro demônios) se juntaram para pegar em nossos narizes, e foi aí que travamos uma batalha cruel e sangrenta, tivemos que usar nossa habilidade ninja para nos desvencilharmos de seus impiedosos e insistentes golpes. Estávamos indo bem até que Tom passou a me perseguir e eu, na minha tentativa desesperada de fugir daquele capeta, achei por bem me afastar dele. De repente ele me alcança e eu me vejo encurralada, preciso de ajuda! Angelina, socorro! Olho para trás e quando estava prestes a chamar pelo nome de minha MCM, percebo que ela estava cercada por 2 capetas. Ao olhar para mim, ela grita: "CHAYEEEENNE"! Preciso salvá-la!!! Não se aflija, eu estou a caminho! Eles nunca mais vão nos separar, Melhor Companheira Guerreira do Mundo (MCGM)!

Depois de muito sangue, suor e lágrimas, olhamos para a janela e percebemos que o Sol não mais se encontrava, tínhamos que nos apressar ou chegaríamos muito atrasadas para nosso baile. Quando começamos a nos despedir, eis que aparece Caíque. Ele se aproximou e disse que queria comprar o helicóptero de volta e nos ofereceu muito dinheiro, quase o equivalente à herança de Maria Vitória, não podíamos recusar tamanha oferta! 

Voltamos ao quarto para podermos nos arrumar para o baile. Nos sentíamos exaustas, porém muito, mas muito felizes. Que experiência linda! Enquanto tirávamos nossas peles, alguns capetinhas tentaram abrir a porta, nessa hora ficamos muito tensas! Quando saímos, o corredor parecia ter voltado ao "normal", como se aquela atmosfera de inúmeras possibilidades tivesse desaparecido. Os capetas perguntavam por Angelina e Chayenne, porém Báh e Nathi não faziam nem ideia de quem eles estavam falando, mas torciam para que um dia eles as reencontrassem. Nesse momento encontramos Lara:

Lara: Vocês vão pintar meu carrinho comigo?
Nathi: Mas agora nós já vamos embora.
Lara: Vocês voltam quando?
Nathi: Não sabemos...
Lara Mas eu queria que vocês pintassem meu carro...
Báh: Vamos pintar de roxo na próxima vez! Não, é melhor pintarmos da sua cor favorita, qual é sua cor favorita?
Lara: ROXO!

E então nos despedimos do setor, esperamos voltar muito em breve e que as próximas sejam tão incríveis como essa!

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