Meu primeiro diário. Durante a semana não estava nervo para
atuar pela primeira vez no HC, mas quando cheguei lá, quando vi a cara de Fefo
e sua apreensão, tudo mudou. Fomos para o sétimo andar, era lá, no sétimo, onde
iria acontecer e aconteceu minha primeira atuação. Encontramos nossa linda
Lindovisora Laurete, ela com uma cara de felicidade, mas que não escondia a
apreensão também. Ela até nos disse que estava se sentindo como na primeira vez
em que atuou. Estávamos terminando a maquiagem quando surge o primeiro desafio;
quem vai entregar a chave para a enfermeira que tinha acabado de nos receber de
cara limpa? Pensei em algo e disse que iria entregar. Subimos a energia,
subimos a máscara e PAM! Hora de sair do quarto e se jogar. Laurete se despede
e partimos para entregar a chave, quando chego à recepção; cadê a enfermeira
que nos atendeu? De primeira já percebo que não dá pra pensar em muita coisa
nem combinar nada. Sempre vamos ser pegos de surpresa, teremos que dançar conforme
o jogo for nos guiando. Depois disso, um corredor com várias pessoas nos olhando,
percebo que somos bem vindos ali, todos sorriem e eu e Carequildo não fizemos
nada até agora, começamos a cumprimentar quem por ali passava. Até que uma
mulher pede pra desfilarmos, começou a interação de fato. Ela nos anima,
desfila conosco. Depois mais uma mulher nos ver, pede pra tirar foto, brinca,
dança... ufaa, a tensão que estava em mim no começo saiu e agora me envolvo nas
brincadeiras. Partimos de quarto em quarto, logo um dos primeiros que a gente
entra, um homem com down, olhei pra Fefo ele olhou pra mim, nós pensamos, “ vai
ser massa aqui, ele vai querer brincar muito”. Aconteceu qualquer coisa menos
brincadeira. O homem não queria saber muito da gente, seu acompanhante muito
menos. Saímos com a energia meio baixa, confesso. Mas de lá saímos para procurar
Gabriela, foi essa a palavra que o paciente nos disse. Conseguimos pegar algo
dali e jogar ao nosso favor. A partir desse momento, onde chegássemos
perguntávamos por Gabriela. Era nossa primeira forma de tentar uma interação,
dava certo. Quando perguntávamos onde está Gabriela, olhavam e diziam que não sabiam
e a partir daí outras conversas surgiam. Enfim, entre vários momentos que passamos quero
destacar dois. Um momento bem baixo astral e outro que foi o nosso auge, o
nosso momento PAM. O baixo astral foi quando tentamos interagir com uma senhora
que a primeira vista parecia querer a interação, logo depois parecia não querer
mais, então quando íamos saindo ela disse algo que eu não escutei bem, mas
parecia um xingamento. Fefo ficou bem pra baixo nessa hora, confesso isso não
me mudou muito. Eu nem percebi direito o que ela havia dito. Ele me relatou que
a energia dele tinha baixado depois dali, eu disse para seguir explodindo o
olhar e a gente seguiu. Depois tivemos nosso momento PAM. Foi quando entramos
num quarto com duas mulheres que pareciam não mostrar interesse por mim e por
Fefo, mas foram só uns 5 minutos de conversas e brincadeiras que elas entraram
no jogo. Percebi que elas sorriam com a dança atrapalhada de Fefo Carequildo,
então passei a bola pra ele e apenas fiquei dando um apoio e o vendo fazer performances
e mais performances. Foi quando a gente foi dançar juntos e sem querer batemos
canela com canela. Na hora realmente doeu, mas as duas mulheres caíram num riso
tão grande, que valeu apena aquela canelada. Sem mais delongas, era isso que eu
tinha pra falar, Diário.
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