Eu estava cansada da noite anterior, mas minha jarra
estava, sem dúvida, cheinha. O processo de elevar a energia, no entanto, pareceu
abrupto, meio precoce, o número 10 foi alcançado muito prematuramente. Fiquei
preocupada em não ter me colocado no jogo, em não estar naquele ser/estado de
bolinhas interiores. Se bem que em todas as atuações até agora (a amostragem é
de fato pequena, mas...) eu senti algo parecido: a prematuridade em subir a
máscara.
Foi só eu me flagrar parte daquele enxame de MCMs que
meu corpo se tornou alerta, ativo. Estávamos no terceiro andar e alguns lances
de escada nos separavam do nosso alvo: vários iminentes encontros vistos lá de
cima... A sensação massa de estender a mão, como se querendo agarrá-los, não as
pessoas, mas os encontros que poderiam ser travados. Como se querendo transformá-los
em matéria, torná-los palpáveis... Foi nesse trajeto escada a baixo, que me
surpreendi comigo mesma: ofereci e Cambalhota aceitou. Não sei com que forças a
carreguei nas costas pelo piso do segundo andar! Foi muuuito massa! Mas o que deveras
me deixou contente foi ter conseguido frear minha energia no momento certo: descarreguei
minha tripulação antes de enfrentar os degraus até o térreo.
Lindo beber da fonte de cada Pertonildo que estava
ali, lindo experimentar da atuação deles. Atrevo-me a citar nomes, cometendo o
pecado de não mencionar alguns companheiros, só porque sinto que se não o
fizesse estaria traindo esse relato. Jason Mora-longe, Augustino Boca Larga e Zefina
Falafina: babei em vê-los atuar.
Foram muitos os abraços, abraços de verdade. A versão
papel&caneta do diário de bordo sabe das minhas limitações e conquistas no
quesito abraçar. E não me furto a alegria de saber que estou me tornando um ser
“abraçante”, que estou mais perto dos mestres de abraço que já invejei na minha
vida! Ah, como seria bom saber que deixei em alguém aquele gostinho de quero-mais que eu sinto quando um desses mestres me abraça!
Um momento indescritível foi minha luta de gigantes!
Um título um pouco inadequado, já que uma das partes (yo) não é nem um pouco
avantajada “estaturalmente”... >< Chuto que meu oponente tinha de 1,80
pra lá... Mas não me intimidei. Meu olhar achou e parou no dele: era como se
pudesse ouvir o tema de “The Good, The Bad and The Ugly”! Inflei o peito e dei
um passo à frente... Ele fez o mesmo! Ele crescia à semelhança de um urso... Ficamos
nos encarando, um de frente pro outro, centímetros de distância, caras e bocas
de lutadores prestes a se digladiar. Eu tentava acompanhar... As pontas dos pés
já não eram suficientes. Resisti o máximo que pude. Mas num rugido, ele me
venceu! A melhor derrota de todooooooooos os tempooooooos! A comprada de jogo
foi tamanha que por um instante, fiquei realmente com medo de ser engolida!
*Peço licença poética, mas foi imprescindível esse
bom punhado de drama para retratar o que senti! Na vida real (que estranho
escrever isso), tendo a ser boba, frágil... E pra mim foi do caramba
me equiparar a um gigante daqueles!
O ruim é que não houve tempo para saborear aquela
derrota... No instante em que a luta estava finda, meu inimigo partiu e eu já
estava em outro jogo. Tudo acontecia muito rápido. Os encontros foram de modo
geral curtos... Não conseguia investir mais tempo em cada pessoa, havia muita
coisa acontecendo ao mesmo tempo, o ambiente estava abarrotado! Em alguns
momentos, abarrotado inclusive de nós: erramos em diversos momentos formando
aglomerados de palhaços.
Vou descrever somente mais dois outros acontecidos dentre
tanta coisa que rolou: Mogli grudado na minha perna e a situação que dá nome a
este diário!
Mogli tinha cerca de 7 anos e seu nome de verdade me
é desconhecido. Quando cheguei, ele já estava interagindo com mais dois outros
companheiros. Entrei na partida e brinquei. A mãe de Mogli não parecia nem um
pouco satisfeita, estava com pressa para ir embora. Ainda tentei jogar com ela,
mas ela não deu muita abertura. Foi no abraço que eu julgava “de despedida” que ele grudou, não queria largar minha perna
de jeito nenhum... Jason Mora-longe ainda tentou me ajudar, mas suas tentativas não surtiram muito efeito... A minha energia abaixou em pensar que a mãe dele estava com
pressa, e não consegui fazer da situação um jogo. Não consigo recordar o que
fez ele soltar, mas lembro que, pelo menos, ele não saiu irritado, pelo
contrário, estava até bem alegre. Relato de caso de síndrome da boneca! ? Talvez...
À procura...
Deparar-me com Gentileza, com sua face neutra, apenas
observando a atuação não foi muito confortável. Confesso que fugi dele umas
duas vezes. Por mais apreço que eu tenha e mesmo com tudo que aprendemos na
Oficina, minha cabeça teima em identificá-lo como o alguém que vai julgar,
aprovar/desaprovar, apontar os erros... Eis que estava encurralada! Não dava
para fugir mais! O receio de encontrá-lo se traduziu num jogo de “finjo que
vou, mas não vou” que culminou num abraço incrível! DAS MELHORES COISAS DESSE
PROJETO: quando o que eu sinto de verdade, mesmo que dúvida, receio, se transforma
em encontro, em jogo; eu, na pele de Ziza, sou mais eu mesma do que nunca! E
veio a pergunta: “o que tás fazendo aqui?”. Não havia um jogo norteador e eu não
havia me informado sobre o congresso... “Não sei!”... “Então vai
procurar!” ... E eu me pus à procura! E nesse projeto, tudo que eu procuro, eu
procuro muito! haha Quão bom é ENCONTRAR!
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