quarta-feira, 8 de abril de 2015

Palhaço pelo avesso

Boa noite!
O dia de hoje foi bem atípico. Eu e minha MCM nos encontramos e passamos por todas as etapas até subir a energia. A enfermaria do décimo primeiro, inicialmente calma, estava cheia de pessoas que queriam interagir. O que aparentava calmo, começou a ficar movimentado. Era medico pra um lado, enfermeiro pra outro. Acabou que atuamos e interagimos com muita gente diferente, o que foi incrível.
Hoje, no entanto, eu pude exercer uma imagem bem diferente da que normalmente se tem do palhaço. Lembro que em nossa formação, o que mais trabalhamos é: palhaço não tem a função de fazer rir, mas de encontrar. Por mais que trabalhemos isso incansavelmente, acho que todo mundo tem uma ideia formada de que o palhaço acaba se encontrando no riso. Felizmente, ou não, hoje foi um daqueles dias em que levamos uma rasteira e aprendemos de novo que o importante não é o fazer rir, mas o olhar e o encontro. Os encontros se deram, também, no riso, mas não só nele. Vi um senhor com um olhar que me desconcertou: 99 anos de pura lucidez, gentileza e coragem. Que sorriso contagiante! Guardei cada momento que passei naquele quarto no coração.
Mas, como sempre, gosto de eleger um momento muito marcante. O de hoje vai para o ultimo quarto em que atuamos. Uma paciente, ja conhecida nossa, está no hospital há uns 4 ou 5 meses. Hoje ela estava particularmente sensível. Nos disse que era muito difícil, que não aguentava mais, e que estava cansada de ver todos os companheiros de quarto indo embora e ela ficando para trás. O que dizer a ela? Como colocar todo o amor no olhar? Foi difícil. Os médicos haviam pedido que fossemos vê-la. Nunca tinha sentido que tinha feito tão bem a alguém. Ela se transformou. Sorriu, apesar de não ter perdido o momento sensível em que se encontrava. Desabafou. Chorou. Abraçou. Foi um momento que, segundo ela, ela explodiu, e talvez agora as forças tenham sido renovadas para ficar no hospital por mais quanto tempo ela precisar. Só consegui pensar o quão privilegiada eu sou por conta da minha saúde, e que eu posso, realmente, fazer a diferença no dia de alguém.
Rezo por muito mais dias como esse.
Como diria minha amiga Martina Mandacaru, Beijos com MUITA luz.

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