E ai Pandolfo,
O nível tá diminuindo né kkkk, vê,
hoje tenho uns paranauês para tu me ajudar. Eu e minha linda MCM, fomos hoje
para o décimo primeiro andar. Carola estava com medo de não ter mais jeito com
os adultos, mas da mesma forma que ela tem medo do seu cabelo não estar bonito,
estes são proposições sem fundamento. Seu cabelo é divino, e ela se saiu
divinamente bem. Entre os encontros tenho que destacar dois: O encontro no
quarto das meninas safadinhas que queriam olhar os médicos bonitões e o
encontro com Edna.
Tenho que comentar também sobre alguns amigos que fizemos. Conseguimos
um senhor muito fofo e de um olho azul lindo, que sabe como consertar
elevadores e vai me permitir finalmente sair daquele andar, afinal eu só saio
de lá quando ele melhorar e puder me tirar daquele local, para todos juntos, irmos
para a fazenda do seu colega de quarto, comer muito. Mas é claro que isso vai
ser antes de eu virar uma menina comprometida, porque como é de praxe, eu dei
uma de pedófila e me arranjei com um menino de seus sete anos. O meu futuro
noivo não me conhece, mas se eu tiver a felicidade de ser que nem seu avô, pode
ser até que dê certo. Seu avô, tinha 99 anos de muita lucidez, disposição e
olhar delicado e puro, e é claro muito bom gosto, porque depois de alguma
relutância aceitou que eu virasse sua neta de coração.
Entre as visitas, fomos convocados a ir no quarto de Edna, e foi lá que
a revi e a conheci de verdade. Edna estava dando trabalho, porque estava muito
chorosa, devido a solidão e a recente mudança de quarto, Carola já era uma
velha conhecida e para ela soube falar muitas palavras que revigoraram seu dia.
Eu a iludi um pouco, afinal antes eu era duas e virei uma só e já fui até um
palhaço que gostava de atirar, mas de qualquer forma, um encontro que começou
com choro se tornou em riso e muita satisfação. Mas, não era primeira vez que
via Edna, e não era a última que escutaria falar seu nome. Edna foi a primeira
paciente que eu como estudante fiz a anamnese a duas semanas atrás. Nos
encontramos antes, com diferentes posturas e objetivos, e muitos professores a
citam devido sua condição muito peculiar, mandando ir vê-la para fins
acadêmicos. Mas, tenha certeza Pandolfo, depois que a conheci como palhaça,
posso te garantir que só me encontraria com ela para ver ela feliz, para
conversar e não para notar sua pele, ou respiração.
Por muito dias, fiquei refletindo sobre como essa situação me incomodava,
em motivos acadêmicos porque percebi como me ligava emocionalmente ao paciente,
e como isso não era tão bom, e por motivos pessoais, por de alguma forma achar,
meio incorreto a forma tão analítica que temos que abordar os pacientes. Enfim,
muitas reflexões depois, percebo que talvez os dois precisam existir. A forma
analítica vai me permitir que no futuro eu tenha condições de ajudar pessoas
com Edna, e minha forma pessoal e emocional vão ser sempre as razões que vão me
levar a me esforçar na minha busca analítica acadêmica, porque apesar de
divergentes esses dois caminhos tem a mesma meta, trazer felicidade para
pessoas tão lindas como Edna.
A ela dedico muitas coisas, a minha primeira anamnese, o meu encontro
único, e principalmente minha primeira percepção de qual minha real meta na vida.
Que cada futuro paciente ou pessoa que eu me encontrar, eu tenha a capacidade de
expressar tudo que Edna me ensinou.
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