sexta-feira, 2 de junho de 2017

Desenhos invisíveis

Meu amigo DB,


Atuar com um outro MCM dá sempre um frio na barriga. Ainda mais quando é um velhinho. Ainda mais quando é alguém que você tanto admira o trabalho. Muri é um daqueles clowns que você entra na onda da energia dele. Pense numa energia. Já no início subimos a energia no banheiro, derretendo, e já saímos jogando com a porta. Como funciona a trava? Abre, tranco ele do lado de fora. Volta assustado. Deixamos as bolsas na enfermaria. No início, estávamos sentindo o trabalho um do outro. Até onde podíamos ir. Quem está mais ativo. Quem vai dar a carta. Sinto que me arrisco pouco na tentativa de sentir o ritmo de Muri. Observo pouco o ambiente e me distraio com meu MCM. É uma desculpa digna? Com um tempo a dupla engrena e eu só tenho uma coisa a dizer: foi massa. Ressalto dois momentos incríveis: A sala das fofoqueiras. Entramos num quarto com 3 senhoras. Em certo momento, Muri se abaixa para fofocar com uma delas. Na mesma hora, eu me permito fazer de trouxa. A fofoca era sobre mim. Ele sai e eu ataco: o fofocado queria saber o que estava sendo dito. Em certo ponto, o jogo fluiu tão naturalmente que ambos eram fofoqueiros. De uma senhora para a outra. A primeira entrou tanto no jogo e cismava em não falar nada, porque os fofoqueiros éramos nós. O jogo funcionou incrivelmente bem, num ritmo que respeitou a participação das próprias pacientes. Valeu, Muri! O outro momento incrível que eu quero destacar foi a confecção do filme. Entramos no quarto e logo uma moça nos pede para filmar. Pronto. Começa nosso teste elenco. Eu me senti muito em jogo ao dizer à moça que filmava: “faz uma trilha sonora!”. Percebo que estou indo com medo mesmo e isso é um ganho imenso pra o menino dos receios. Ela compra o jogo e faz música de suspense, música de surpresa, etc. O jogo foi massa E ESTÁ FILMADO! HAHAHAH Ao final, sinto que respondo à minha pergunta lá no começo: não, não é uma desculpa digna. MCM é pra se sentir, não pra se observar.

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