sábado, 3 de junho de 2017

Ainda há tempo para estreias

DB,

Eis que o fim do ciclo se aproxima. Enquanto te escrevo, penso no quanto crescemos. Primeiro, eu, Pauli e Cacá, depois, eu e Evinha. Sempre um desafio novo, mas estivemos lá por inteiro, nos propondo para jogo. Com Evinha, "repeti" muitos setores... ela até brinca: "tu já atuou em todos!". Mas não é que ainda há espaço para estreias? Porque essa semana fomos atuar no COB, aquele lugar mágico que todos falavam (para mim, falavam mais do que a pediatria), mas que nem eu, nem a minha MCM haviamos ido. E muito menos a nossa lindovisora que nos acompanhava, que estava crente de que a gente ia saber como funcionava a dinâmica no local kkkk.

Pois bem. A atuação começa diferente desde a preparação. A pele não é a que montamos, mas a que o hospital oferece.  E quais acessórios podemos colocar por cima dela? Ou por baixo? (Evinha mesmo queria vestir a roupa de bloco por cima da pele). A insegurança se mostrava presente. Mas nos jogamos com tudo.

No primeiro quarto, 4 mulheres estavam conversando. 1 era amparada pela mãe, enquanto sentia as dores do parto. Essa mãe, muito esperta, notou logo que nós eramos uma médica e duas auxiliares, ali dispostas para ajudar. Inclusive, quando a "chefa" das auxiliares apareceu, fomos logo batendo continência. E aí, enquanto a chefa colocava o "choro" do bebê na veia da futura mamãe (ela tem que colocar, pra o bebê chorar quando nascer), nos viramos para uma outra companheira de quarto. Era Jaqueline. Ela estava um pouco cabisbaixa, mas soltava sorrisos quando nos aproximavamos para conversar. Percebemos um contraste ali: enquanto uma mulher se preparava para receber seu filho, a outra se entristecia, porque sua gravidez era tubária. Ai a incerteza ameaçou nos invadir. Como agir com ela? Como não faltar com a delicadeza? Acho que decidimos ter uma conversa normal... e foi um bom remédio. Aos poucos ela se abriu um pouco conosco, riu um pouco e descobrimos que ela era gêmea de Maroca. As semelhanças eram obvias (2 olhos, um nariz, uma boca...). Descobrimos também que ela era muito danadinha e que escondia as coisas! Escondeu um a goiabada e a outra colega de quarto! (Num minuto ela estava lá, falando ao celular, no outro, havia sumido!). De tão esperta, ganhou um vestido verde. E claro, nós também queriamos um daquele! E saímos em busca dessa vestimenta especial.

Em outro quarto, encontramos uma mulher mais parecida com a gente: usava um vestido, mas azul! Imaginamos que era porque ela esperava um menino... Miguel (com nome de anjo). Tentamos convence-la a esperar por uma menina também... menina era muito mais legal! Mas ela disse que não queria, que estava bom. Seu marido, no entanto, disse que ela estava errada. Homem de poucos palavras, mas certeiras! Disse inclusive que Evinha era grande!! Muito observador ele.

Seguimos nossa jornada, e entramos num quarto que considero o mais difícil. Quando colocamos o rosto na porta, já nos falaram: ela não pode rir não viu, cuidado! Respondemos entao que ficariamos seria, pra que ela não tivesse vontade de rir. E a conversa fluiu, mas não tão simples quanto nos outros quartos. Não que as pacientes/acompanhantes não estivessem abertas, mas não parecia que o jogo tinha encaixado ali. Mas ainda assim, tivemos momentos preciosos, como: "Vocês fazem residência aqui é?", "Não, que a gente não é pedreiro ué!". Evinha fazendo todo mundo rir no quarto onde não se podia rir...

E continuamos no quarto onde nossa "chefa" precisava baixar a pressão de uma mulher. Fizemos a mágica da concentração e não é que baixou? Mas o clima ali andava tenso... a melhor mágica era a nossa saída. E na nossa saída, observamos a entrada triunfal de AlbOnita, a dona do hospital. Poderosa que só ela, nos levou para conhecer sua filha. A menina, que parecia ter 15 anos (na realidade tinha 30), já era mãe de 2 filhos e esperava pela caçula Hannah. E ainda dividia o quarto com mais duas mamães muito jovens... imaginamos que aquilo era contagioso! Melhor não arriscar e sair de fininho hein?!

E assim encerramos nossa estreia no COB. Foi dificil, mas foi intenso, foi bonito. E ainda encerramos ouvindo de nossa lindovisora: eu não pensei em momento algum nos meus problemas. Pois é, eu também não. Como isso é bom!

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