terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Viagem Nº 6 (Final de um Ciclo) - O Totalmente Demaaais Mundo do Alojamento Conjunto - 04/12/15

3... 2... 1...

Se joga! (Havia um turbilhão de emoções dentro de mim)


O que posso dizer do último dia desse ciclo de atuações? Que foi maravilhoso? Que foi surpreendente? Que foi musical? Que foi mágico? Que foi imprevisível?

Que foi espetacular, indescritível, surreal? Que foi “totalmente demaaais”?

Que foi ao lado da melhor pessoa que poderia dividir essa experiência comigo? A minha MCM! A linda, espontânea, alegre, contagiante, e um pouco dolorida (kkk): Marieta Melhoral!

Que fomos orientados, vigiados e agraciados pela melhor LindoVisora? Pelo melhor tutor? Muito obrigado, Aninha! Muito obrigado, Dudu!

E é um pouco (muito) nostálgico que te escrevo hoje, Meu Estimado Diário de Bordo! Sinto que as atuações desse ano passaram voando. Foi tudo muito rápido! E essa sensação se exacerba ainda mais por ter sido tudo muito intenso!

E lembre-se Meu Estimado Diário de Bordo: “Nada do que você fizer sairá exatamente como planejado. Tudo acontece como tem que acontecer. Não digo que você ao deva realizar mais planos do que fazer e como fazer. Afirmo, apenas, que você não pode se limitar ao pré-estabelecido. Pois os tropeços e erros são inevitáveis. E lidar com o inusitado e o inesperado seja, possivelmente, o maior desafio.” Não sei se você se lembra DB, mas retiro essas palavras do meu primeiro diário de bordo das oficinas.

Mas vamos lá. Você deve estar curioso sobre o que aconteceu na sexta-feira, dia 4 de dezembro de 2015, às quatro horas da tarde, no Alojamento Conjunto, ao lado da minha MCM, na presença de pessoas maravilhosas.

A CHAVE

Tali e eu chegamos na enfermagem, pegamos a chave e fomos nos preparar para a incrível tarde que estava por vir. A chave tinha um navio, uma jangada, um veleiro como chaveiro. Subimos a energia numa contagem de 1 a 10 e encontramos o olhar um do outro. Era estranho lembrar que eu não veria aquele olhar daquele jeito nas próximas sextas. Mas ao mesmo tempo era maravilhoso lembrar que pude nutrir-me dele durante as sextas anteriores. Estávamos prontos! Prontos? Não! Nunca estamos prontos! “Palhaço pronto e palhaço morto!” E de peito e mente abertos nos jogamos no mar que havia tomado conta do corredor e navegamos em nosso veleiro até o cais da enfermagem, onde devolvemos nosso pequeno barquinho à sua dona.

A VIAGEM

Foram muitos encontros. Muitos olhares. Muitos jogos. Mas falarei dos que mais me marcaram.

No primeiro quarto, encontramos três bebezões! E conversando com suas mães, descobrimos que elas tinham comprado eles! Elas encomendavam e pagavam 9 meses. O bebês vinham no interior de uma caixa redonda que as mães podiam carregar na barriga. Marieta ficou doidinha pra encomendar um e preguntou como comprava. Partimos então numa busca para descobrir como era que as mães compravam, esperavam e recebiam seus bebês. Em outro quarto, nos foi informado que lá embaixo, no quarto andar, era o lugar onde as encomendas chegavam. O pagamento dos 9 meses podia ser feito no cartão Hiper, Master, Visa, mas não aceitava Americanas nem C&A. Carnê? Nem pensar! Como estávamos sem cartão de crédito, resolvemos então fazer a encomenda do bebê de Marieta no nome de uma das mães que estava lá.

Depois vimos o grande pequeno Theo, que dormia feito pedra. A vovó de Theo nos deu a honra de segura-lo no braço por uns instantes. Marieta não queria largá-lo! Kkkk Cogitamos a possibilidade de sequestra-lo, mas a vovó era esperta e se ligou! Cantarolamos nossa música bem baixinho para ele! “Orangino e Marieta... Toca o dedo na corneta!” Nos despedimos da mãe e da vovó de Theo.

Ao longo da nossa jornada nos deparamos com muitos bebês! No outro quarto vimos Álita Beatriz, Beatriz Álita e Moisés, que estava paquerando as duas anteriores. Mas ele tinha que se decidir logo porque em breve chegariam mais um garanhão no quarto e Moisés tinha garantir a sua pretendente. Beatriz Álita presenteou Marieta com um belo chapéu: uma linda embalagem de pente e escova que ajudamos a abrir. Ficou lindo quando encaixado na tiara de Marieta! Ela sim entende de moda!

Também encontramos um bebê AVATAR!!!!!! Sim!!! Ele era todo azul! Perguntamos a mãe onde ela tinha arrumado um avatar! Ela começou a rir e disse que era o bebê dela! Mas depois nos explicou que ele não tinha vindo de Pandora, mas estava azul por causa da luz que o seu berço especial emitia! Ahhhhh... Agora tá explicado! Kkkk

Ao lado do avatar estava dona Lenira, que nos revelou que estava aguardando sua encomenda chegar. Ela estava louca pra ver suas meninas.

“MeninaS???” Perguntamos.

Sim! Eram duas! Gêmeas! Larissa e Lais! Dissemos que depois voltaríamos para ver se as gêmeas haviam chegado e conhecê-las.

De volta ao corredor, demos de cara com um biombo. E ele estava tão sozinho, num canto, esquecido, triste. Decidi tornar seu dia mais feliz e dá-lhe a importância q ele merecia! Fazer-lhe sentir-se útil mais uma vez! Como? Fazendo o que ele faz de melhor: Esconder quem está atrás dele! Marieta entrou no biombo, fiquei atrás dela, segurando o nosso novo amigo e partimos pelo corredor em passos lentos, para evitar que fossemos vistos. À medida que avançávamos no corredor, olhares curiosos miravam o biombo ambulante e ria quando viam a carinha de Marieta aparece pela fresta do pano e quando eu me espichava para olhar por cima do mesmo pano. Chegamos na copa, e com o biombo interditamos a entrada ao repararmos que estava havendo uma festa ali!

“Palhaço come bolo?” perguntou a enfermeira!

“Comeeee!!!” respondemos (óbvio). Kkkkk

Enquanto saboreávamos a fatia, as enfermeiras nos disseram que lá no fim do corredor estava a Xerife do lugar! E que se por acaso nos encontrássemos com ela, deveríamos bater continência! Uma das enfermeiras também estava carregando uma caixa redonda na barriga! Ela disse que estava em promoção e que se Marieta quisesse era bom aproveitar!

“Pois é! Deve tá em promoção mesmo! Dona Lenira comprou uma e levou duas!” dissemos.

Quando íamos saindo da copa, uma enfermeira penetra atravessou, literalmente, o biombo e foi se servir do bolo.

Pegamos o biombo, partimos e quando nos despedimos dele, colocando-o no seu lugar habitual: nos deparamos com a xerife!

“Sentido!” Batemos continência e ela também!

...

“Olha, são gêmeas!” Ouvimos alguém falar.

Nos viramos e vimos duas cegonhas! Cada uma com uma bebê no colo!

“Essas são Larissa e Lais?” perguntamos à cegonha, que confirmaram.

Guiamos as cegonhas até o quarto de dona Lenira e anunciamos a chegada das gêmeas! Ajudamos a instalar os bercinhos no quarto e tive que demonstrar o quanto sou Máximus levantando uma cadeira e pondo-a em outro lugar para dar espaço para a caminha de Lais!

Ainda ajudamos a tia do jantar a servir um dos quartos! E não podia ser diferente: ela tinha uma bandeja orangina!

“É da tua cor!” Ela falou.

LIBRAS

“O mais importante na comunicação é ouvir o que não foi dito!” (Peter Drucker)

Esse momento que falarei agora foi um dos mais intensos e gratificantes que tive ao longo das atuações e um que eu ainda aguardava que ocorresse em algum dia da minha vida.

Ele aconteceu logo no inicio da atuação, no mesmo quarto de Theo! Mas resolvi colocá-lo por último tamanha a marca que ele deixou em mim.

Quando chegamos no quarto, vimos que havia três famílias: a de um bebê que estava mamando, a de Theo e a de Victor. Brincamos, rimos, sorrimos com a primeira família. Estávamos com a energia lá em cima. Aquela atuação já tinha começado com um tom especial.

Ao nos dirigirmos para o segundo casal e seu bebê, pudemos ver que o pai, com uma cara de decepção, fez sinal que era surdo.  Talvez ele achasse que não ia poder participar, que talvez nós não tivesse como entendê-los. E senti que ali havia surgido uma linda oportunidade. Eu havia feito eletiva de libras no quinto período, e embora não fosse fluente e já tivesse esquecido muita coisa, ainda me lembrava do básico. 

Olhei pra Marieta e minha energia subiu ainda mais.

“Você é surdo?” perguntei em libras para ele.

Na mesma hora, a expressão dele mudou. E a da esposa também (ela também era deficiente auditiva). Ele sorriu. Respondeu que sim. Perguntei o nome dele e o sinal (em libras cada um recebe um sinal de acordo com alguma característica física). Rivaldo, ele disse. Falei o meu e perguntei o da esposa. Viviene. O filho se chamava Victor. Marieta e eu percebemos que Rivaldo e Victor estavam usando a mesma cor da camisa dela. E demonstramos que eles tinham bom gosto! Victor também era surdo. Perguntei qual o sinal dele, e sua mamãe respondeu que ele ainda era muito novinho pra definir. Segurei Victor no braço, e encontrei um dos olhares mais puros que já vi. Ele me encarava com seus olhinhos diminutos e intrigados. E ficamos assim por um bom tempo. Minha MCM do meu lado. Foi um momento incrível que deu origem a uma das memórias mais bonitas que levarei comigo.

DESPEDIDA

Pegamos nosso veleiro e nos despedimos de todos. Foi muito difícil sair daquele lugar incrível. Saímos cantando o refrão da novela das sete. Afinal o Alojamento Conjunto era, com certeza:

“Totalmente demais! Totalmente demaaaaaais!!!”

Meu Estimado Diário de Bordo,

Acrescentei muitas memórias à minha coleção durante esse período. E observo um grande sentimento de gratidão no meu interior. Vejo-o pulando, inquieto, felicíssimo, grato.


PS:
Obrigado, Marieta Melhoral! Você tornou meus fins de tardes e inícios de noites de sexta inesquecíveis!

Obrigado, PERTO! Quero estar cada vez mais perto de encontros como os que tivemos!

Desculpa, minha LindoVisora, pela demora na postagem e pelo tamanho desse diário. ;)




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