3... 2... 1...
Se joga! (Havia um turbilhão de
emoções dentro de mim)
O que posso dizer do último dia
desse ciclo de atuações? Que foi maravilhoso? Que foi surpreendente? Que foi
musical? Que foi mágico? Que foi imprevisível?
Que foi espetacular, indescritível,
surreal? Que foi “totalmente demaaais”?
Que foi ao lado da melhor pessoa
que poderia dividir essa experiência comigo? A minha MCM! A linda, espontânea,
alegre, contagiante, e um pouco dolorida (kkk): Marieta Melhoral!
Que fomos orientados, vigiados e agraciados
pela melhor LindoVisora? Pelo melhor tutor? Muito obrigado, Aninha! Muito
obrigado, Dudu!
E é um pouco (muito) nostálgico
que te escrevo hoje, Meu Estimado Diário de Bordo! Sinto que as atuações desse
ano passaram voando. Foi tudo muito rápido! E essa sensação se exacerba ainda
mais por ter sido tudo muito intenso!
E lembre-se Meu Estimado Diário
de Bordo: “Nada do que você fizer sairá exatamente como planejado. Tudo
acontece como tem que acontecer. Não digo que você ao deva realizar mais planos
do que fazer e como fazer. Afirmo, apenas, que você não pode se limitar ao
pré-estabelecido. Pois os tropeços e erros são inevitáveis. E lidar com o
inusitado e o inesperado seja, possivelmente, o maior desafio.” Não sei se você
se lembra DB, mas retiro essas palavras do meu primeiro diário de bordo das
oficinas.
Mas vamos lá. Você deve estar
curioso sobre o que aconteceu na sexta-feira, dia 4 de dezembro de 2015, às
quatro horas da tarde, no Alojamento Conjunto, ao lado da minha MCM, na
presença de pessoas maravilhosas.
A CHAVE
Tali e eu chegamos na enfermagem,
pegamos a chave e fomos nos preparar para a incrível tarde que estava por vir.
A chave tinha um navio, uma jangada, um veleiro como chaveiro.
Subimos a energia numa contagem de 1 a 10 e encontramos o olhar um do outro.
Era estranho lembrar que eu não veria aquele olhar daquele jeito nas próximas sextas.
Mas ao mesmo tempo era maravilhoso lembrar que pude nutrir-me dele durante as
sextas anteriores. Estávamos prontos! Prontos? Não! Nunca estamos prontos! “Palhaço
pronto e palhaço morto!” E de peito e mente abertos nos jogamos no mar que
havia tomado conta do corredor e navegamos em nosso veleiro até o cais da
enfermagem, onde devolvemos nosso pequeno barquinho à sua dona.
A VIAGEM
Foram muitos encontros. Muitos
olhares. Muitos jogos. Mas falarei dos que mais me marcaram.
No primeiro quarto, encontramos três
bebezões! E conversando com suas mães, descobrimos que elas tinham comprado
eles! Elas encomendavam e pagavam 9 meses. O bebês vinham no interior de uma
caixa redonda que as mães podiam carregar na barriga. Marieta ficou doidinha
pra encomendar um e preguntou como comprava. Partimos então numa busca para
descobrir como era que as mães compravam, esperavam e recebiam seus bebês. Em
outro quarto, nos foi informado que lá embaixo, no quarto andar, era o lugar
onde as encomendas chegavam. O pagamento dos 9 meses podia ser feito no cartão Hiper,
Master, Visa, mas não aceitava Americanas nem C&A. Carnê? Nem pensar! Como estávamos
sem cartão de crédito, resolvemos então fazer a encomenda do bebê de Marieta no
nome de uma das mães que estava lá.
Depois vimos o grande pequeno
Theo, que dormia feito pedra. A vovó de Theo nos deu a honra de segura-lo no
braço por uns instantes. Marieta não queria largá-lo! Kkkk Cogitamos a
possibilidade de sequestra-lo, mas a vovó era esperta e se ligou! Cantarolamos
nossa música bem baixinho para ele! “Orangino e Marieta... Toca o dedo na
corneta!” Nos despedimos da mãe e da vovó de Theo.
Ao longo da nossa jornada nos deparamos
com muitos bebês! No outro quarto vimos Álita Beatriz, Beatriz Álita e Moisés, que
estava paquerando as duas anteriores. Mas ele tinha que se decidir logo porque
em breve chegariam mais um garanhão no quarto e Moisés tinha garantir a sua
pretendente. Beatriz Álita presenteou Marieta com um belo chapéu: uma linda
embalagem de pente e escova que ajudamos a abrir. Ficou lindo quando encaixado
na tiara de Marieta! Ela sim entende de moda!
Também encontramos um bebê
AVATAR!!!!!! Sim!!! Ele era todo azul! Perguntamos a mãe onde ela tinha
arrumado um avatar! Ela começou a rir e disse que era o bebê dela! Mas depois
nos explicou que ele não tinha vindo de Pandora, mas estava azul por causa da
luz que o seu berço especial emitia! Ahhhhh... Agora tá explicado! Kkkk
Ao lado do avatar estava dona
Lenira, que nos revelou que estava aguardando sua encomenda chegar. Ela estava
louca pra ver suas meninas.
“MeninaS???” Perguntamos.
Sim! Eram duas! Gêmeas! Larissa e
Lais! Dissemos que depois voltaríamos para ver se as gêmeas haviam chegado e conhecê-las.
De volta ao corredor, demos de
cara com um biombo. E ele estava tão sozinho, num canto, esquecido, triste.
Decidi tornar seu dia mais feliz e dá-lhe a importância q ele merecia!
Fazer-lhe sentir-se útil mais uma vez! Como? Fazendo o que ele faz de melhor:
Esconder quem está atrás dele! Marieta entrou no biombo, fiquei atrás dela,
segurando o nosso novo amigo e partimos pelo corredor em passos lentos, para
evitar que fossemos vistos. À medida que avançávamos no corredor, olhares
curiosos miravam o biombo ambulante e ria quando viam a carinha de Marieta
aparece pela fresta do pano e quando eu me espichava para olhar por cima do
mesmo pano. Chegamos na copa, e com o biombo interditamos a entrada ao
repararmos que estava havendo uma festa ali!
“Palhaço come bolo?” perguntou a
enfermeira!
“Comeeee!!!” respondemos (óbvio).
Kkkkk
Enquanto saboreávamos a fatia, as
enfermeiras nos disseram que lá no fim do corredor estava a Xerife do lugar! E que
se por acaso nos encontrássemos com ela, deveríamos bater continência! Uma das
enfermeiras também estava carregando uma caixa redonda na barriga! Ela disse
que estava em promoção e que se Marieta quisesse era bom aproveitar!
“Pois é! Deve tá em promoção
mesmo! Dona Lenira comprou uma e levou duas!” dissemos.
Quando íamos saindo da copa, uma
enfermeira penetra atravessou, literalmente, o biombo e foi se servir do bolo.
Pegamos o biombo, partimos e
quando nos despedimos dele, colocando-o no seu lugar habitual: nos deparamos
com a xerife!
“Sentido!” Batemos continência e
ela também!
...
“Olha, são gêmeas!” Ouvimos
alguém falar.
Nos viramos e vimos duas
cegonhas! Cada uma com uma bebê no colo!
“Essas são Larissa e Lais?”
perguntamos à cegonha, que confirmaram.
Guiamos as cegonhas até o quarto
de dona Lenira e anunciamos a chegada das gêmeas! Ajudamos a instalar os
bercinhos no quarto e tive que demonstrar o quanto sou Máximus levantando uma
cadeira e pondo-a em outro lugar para dar espaço para a caminha de Lais!
Ainda ajudamos a tia do jantar a
servir um dos quartos! E não podia ser diferente: ela tinha uma bandeja orangina!
“É da tua cor!” Ela falou.
LIBRAS
“O mais importante na comunicação
é ouvir o que não foi dito!” (Peter Drucker)
Esse momento que falarei agora
foi um dos mais intensos e gratificantes que tive ao longo das atuações e um
que eu ainda aguardava que ocorresse em algum dia da minha vida.
Ele aconteceu logo no inicio da
atuação, no mesmo quarto de Theo! Mas resolvi colocá-lo por último tamanha a
marca que ele deixou em mim.
Quando chegamos no quarto, vimos
que havia três famílias: a de um bebê que estava mamando, a de Theo e a de Victor.
Brincamos, rimos, sorrimos com a primeira família. Estávamos com a energia lá
em cima. Aquela atuação já tinha começado com um tom especial.
Ao nos dirigirmos para o segundo
casal e seu bebê, pudemos ver que o pai, com uma cara de decepção, fez sinal
que era surdo. Talvez ele achasse que não
ia poder participar, que talvez nós não tivesse como entendê-los. E senti que
ali havia surgido uma linda oportunidade. Eu havia feito eletiva de libras no
quinto período, e embora não fosse fluente e já tivesse esquecido muita coisa,
ainda me lembrava do básico.
Olhei pra Marieta e minha energia
subiu ainda mais.
“Você é surdo?” perguntei em
libras para ele.
Na mesma hora, a expressão dele
mudou. E a da esposa também (ela também era deficiente auditiva). Ele sorriu. Respondeu que sim. Perguntei o nome
dele e o sinal (em libras cada um recebe um sinal de acordo com alguma
característica física). Rivaldo, ele disse. Falei o meu e perguntei o da
esposa. Viviene. O filho se chamava Victor. Marieta e eu percebemos que Rivaldo
e Victor estavam usando a mesma cor da camisa dela. E demonstramos que eles
tinham bom gosto! Victor também era surdo. Perguntei qual o sinal dele, e sua
mamãe respondeu que ele ainda era muito novinho pra definir. Segurei Victor no
braço, e encontrei um dos olhares mais puros que já vi. Ele me encarava com seus
olhinhos diminutos e intrigados. E ficamos assim por um bom tempo. Minha MCM do
meu lado. Foi um momento incrível que deu origem a uma das memórias mais
bonitas que levarei comigo.
DESPEDIDA
Pegamos nosso veleiro e nos
despedimos de todos. Foi muito difícil sair daquele lugar incrível. Saímos
cantando o refrão da novela das sete. Afinal o Alojamento Conjunto era, com
certeza:
“Totalmente demais! Totalmente
demaaaaaais!!!”
Meu Estimado Diário de Bordo,
Acrescentei muitas memórias à
minha coleção durante esse período. E observo um grande sentimento de gratidão
no meu interior. Vejo-o pulando, inquieto, felicíssimo, grato.
PS:
Obrigado, Marieta Melhoral! Você
tornou meus fins de tardes e inícios de noites de sexta inesquecíveis!
Obrigado, PERTO! Quero estar cada
vez mais perto de encontros como os que tivemos!
Desculpa, minha LindoVisora, pela
demora na postagem e pelo tamanho desse diário. ;)
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