quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Farewell, MCM

Mai rapai, quando a gente tava com a sintonia parecendo uma sinfonia sonora, o povo vem me dizer que provavelmente se troca de dupla já pro próximo período.
Fomos lá eu e Peitolargo pra última atuação do ano. Já tenho saudades. Foi no 10º - ala norte. São os pacientes de cirurgias Urológicas e Ginecológicas. Conhecemos tanta gente dessa vez... O taxista inseguro que foi chamado às pressas e estava sem água(conseguimos pra ele). João, que estava morando numa cabana de colchões e guardava um caminhão de bíblias numa mala. Nem ele nem o pai(seu Mané) gostam de ler. Aí ofereceram logo uma pra nós, mas sugerimos entregar para o Taxista(esse contou umas histórias cabulosas da profissão). No próximo quarto tinha um senhor que não recordo o nome, já operado. Esse veio de Verdejante(?) e contou como já não chove lá faz 4 anos. Acho que ele decorou a dança da chuva que ensinamos ele a fazer, pelo quanto que riu, deve ter prestado atenção. Eis que conversa vai, conversa vem, quem vem pro quarto é o taxista, juntou-se a nós. E nós deixamos os dois trocando experiências!
Do corredor já viamos o enfermeiro Schwarzenegger chamando a gente de Capim Cubano. Ele era grande, mas nós éramos dois e a encarada em trio causou espanto no corredor(sqn). Acredito que daí fomos pro quarto de seu José João do Nascimento, mundialmente conhecido(ou pelo menos conhecido na Gameleira) como o SEU NOGUEIRA! Aquele que teve 12 filhos. 5 mulé e 7 hômi. Estava acompanhado de uma filha muito bonita e dizia ele que todas eram assim, capa de revista. Carimbou a história de que a mulher perdeu o primeiro filho, ficou muito triste... Ele tratou de acalmá-la e arranjar mais 11. Fora os extraoficiais. Pense num caba firme aos 70 anos. A filha ria de tudo que ele falava. O clima nesse quarto foi muito bom. O outro paciente participava pouco, mas prestava atenção em tudo. E até os enfermeiros que nesse quarto entravam, tavam entrando na onda e soltando graça. Ainda visito Seu Nogueira lá em Gameleira. De lá a gente saiu frenético, conhecemos Aynoã, segundo ela, quer dizer graciosa e ... esqueci. Mas ela era isso mesmo. Tinha a luz do quarto diferente, era boa de conversa. Seu marido chegou em seguida, e foi dar o jantar dela. Parecia luz de velas, a gente até brincou que ia fechar a porta na saída pq o negócio alí tava caminhando de modo que "hoje tinha", só que ela disse que a cirurgia botou um cadeado nela por 45 dias.
Já era tarde. Ainda fomos num quarto com duas pacientes e suas acompanhantes. uma com a sobrinha e outra com a filha. Foi o "quarto das mulé bonita", mas também inteligentes, segundo uma delas. As primeiras eram de Gravatá, reclamaram da comida e riram da gente, mas eu ri mais quando vi a cara de rejeição pra sopa kkkkkkkkkkkkk Todo mundo já tomava seu café quando a gente notou que "tinha dado". E tinhamos dado outra cara pro setor. A gente voltou pro quarto, baixou a energia. E eu disse que sentia a necessidade de agora, sem máscara, dar boa noite e tchau para cada um dos pacientes que a gente tinha visto. Dias topou. Foi irado. O sorriso das pessoas diz tudo. Não sei se no fundo também já era uma despedida da nossa dupla, mas essa foi lá no térreo com um abraço.
Até ano que vem, Diário!

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