Berenice, ó querida Berê
Antes de tudooo e de mais nada mil desculpaaaaas, fui muito mequetrefeeee lhe esqueci no canto da internet, não há desculpas eu sei eu sei, vou recompensar prometo, um dia quem sabe.
Dia 17/11, já faz tanto tempo, mas as lembranças ainda estão vivas, os nomes nem tanto, assumo, nunca fui bom com nomes, apenas com rostos, esses eu não esqueço jamais, exceto se você cortar o cabelo muito radicalmente ou algo do tipo, já passei algumas vergonhas com essas situações, maaas voltando ao dia da invasão a pediatria, dia 17, local da missão:Pediatria, 6º andar do HC, local temido por muitos e desejado por todos, missão: papocar a galera na risada, equipe para tal: o eterno primeiro MCM : Luigi Pequeno Horizonte.
Lá estavamos nós mais uma vez na cocheira, conversa vai e conversa vem, dificulades do dia, dores corporais pra um lado, madrugadas viradas para o outro, mas ambos ali naquele momento de esquecimento, onde não importava nada que tinha acontecido nem que viria a acontecer, só importava tá ali, esquecer do resto e simplesmente se permitir, tai uma das grandes coisas que gosto no PERTO, você não precisa ter a experiência de um milhão de palhaços treinados no Bolshoi ou algo do tipo, só é preciso sinceridade, sinceridade consigo mesmo e nada mais , o resto flui ou empaca, mas de uma forma única. Talvez por isso eu nunca saiba muuuito bem como escrever, não gravo momentos específicos em grande parte, na maioria das vezes pego os sentimentos e vou deixando, por isso eu sei que sempre que entrar no 6º agora, seja para uma discussão de caso ou no internato ou daqui a 20 anos pra qualquer coisa, o mesmo sentimento vai tornar a se apoderar de mim, a receosidade do primeiro encontro, porque crianças são assim elas não se entregam no primeiro olhar, elas não sorriem falsamente para serem educadas com você, nãããão com crianças você tem que provar seu valor, você só vai conseguir um sorriso delas se realmente as fizer sorrir, e a receosidade do primeiro olhar estava presente em todos os quartos. Nos primeiros quartos eram apenas garotos e uma princesa, dois garotos, os dois guardiões do andar, os mais fortes do andar, eu diria até do hospital, venceram Luigi e eu de uma forma esmagadora em uma disputa de forças, mas nos redimimos e na guerra de cócegas eles riram até nao aguentarem mais e no final o grande prêmio um abraço de cada um, naquele abraço de breve despedida não sabiamos ainda, mas um dos guardiões do sexto nos acompanharia durante quase toda atuação de longe, as vezes se aproximando para uma nova batalha de cócegas, as vezes ao longe só rindo e com seu boneco do homem aranha na mão, mas independente do momento, ele estava lá. Naquele dia, agora distante, houve muitos encontros, alguns desencontros também, lembro que tinha um menino um pouco mais velho, se fosse pra chutar uma idade diria 14-15 anos, para esse não havia encontro no mundo real interessante, ao menos não com nois dois, eu e Luigi tentamos de todas as formas e cá entre nós Luigi é um dos melhores em conseguir a atenção de alguém, seja com o seu glúteo avantajado ou com suas danças mirabolantes, mas para aquele menino não, para ele só bastava o celular e o 3g, ali estava todo o mundo que necessitava naquele momento, entendemos e respeitamos, aliás nem tudo corre de acordo com o que você espera.
ESTÃO CHAMANDO VOCÊS LÁ NA FREEEENTE , falou uma mãe perdida pelo andar, lá fomos nós em busca de quem estava nos requisitando, isso foi durante a ultima batalha com os guardiões, chegando lá estavam um bebê e uma criança, uma menina que sonhava em ser médica, nesse quarto não eram as crianças que queriam brincar, nãããõ , mais uma vez ela estava receosa e calada, como de costume, mas as mães,aaaaaah essas queriam e estavam pro jogo então eu e Luigi plantamos a jogar, até falar com o marido da dignissima nós falamos, convites para a serra surgiram no whatsappp de uma das mães, para ela?não, claro que não, chamavam os palhaços para visitarem a serra, e pelos quatro cantos de pernambuco Luigi e Roberto bradam para quem quiser ouvir e quem não quiser também, no HC há uma trupe de palhaços que não vão deixar ninguém quieto. Ali naquele quarto o exercito da cocheira se dividiu, enquanto luigi corria para o quarto da esquerda, eu ia em busca de ver o que nos aguardava no quarto da direita, mas apesar da divisão não havia medo, o guardião ainda estava ali olhando, nesse momento já tinham ocorrido mais duas batalhas de cócegas um breve momento para recompor as energias, e Luigi estava há um grito de distância, no quarto da direita estava Jéssica, creio ser esse o nome se não for será, ela tinha PC, paralisia cerebral ou então alguma doença com o quadro parecido, estava com uma sonda, nós, eu e Luigi, já tinhamos passado por uma garotinha com o mesmo quadro lá no quarto do primeiro guardião,e nesses casos o encontro se faz marcante,nos outros você pode falar, cantar, dançar, nesses o encontro cativa , não é preciso fazer mais nada, não há a necessidade de fazer mais nada, todo um mundo, um cérebro, uma alma em um olhar, toda uma vida sem conseguir se comunicar, muitas vezes só tendo a mãe como unica pessoa capaz de lhe compreender e lá está um palhaço com um nariz vermelho tentando invadir todo o mundo dela, não posso dizer que consegui, mas posso dizer que tentei, nos dois casos tentei e nos dois o olhar me completou, ali já era 17 da tarde e o por do sol espreitava nosso encontro pelas janelas do HC, seu rostinho branco e olhos pretos fixos banhados pelos raios laranjas encantavam até o mais endurecido homem que pudesse se permitir a olhar aqueles olhinhos quem dirá eu, um cearense desbocado e hiperativo, naquele encontro, do quarto a direita, a paz se fez e por alguns poucos minutos Roberto pôde desfrutar um dos melhores encontros até então ocorridos. SEGUIIIINDOOOOOOO porque tenho uma fama a manter e de ser meloso é que não é.
Depois conheci laurinha a mandona do sexto, era a menina do quarto a esquerda, onde Luigi travava uma guerra de ordens, ela era uma graça com seu jeito duro e mandão de ser, mas era só sair pro quarto bufando que já voltava com um brinquedo pra mostrar, cada criança tem seu mundo e o dela era lindo de uma forma mandona de ser euheuehueh, se negar a fazer suas ordens lhe deixava enlouquecida, como alguém ousava desobedecer a rainha do sexto, isso era ultrajante, mas lá estavamos nós ultrajando toda a ordem das coisas que podiam ocorrer naquele dia, afinal estavámos ali para qualquer coisa menos para deixar as coisas em ordem, não somos obrigados a nadaaaaaaa. O último encontro foi com Luís, o formidável, nosso encontro foi no corredor, ele veio escoltado pela mãe e eu fui escoltando Luigi, e no meio do corredor se fez a graça,ele era incrível sempre rindo e feliz, ali eu ainda não sabia, mas a beleza de ser dele só se tornaria maior quando a gnt entrasse no quarto e visse que aquele Luis o mesmo que sorria e brincava no corredor, era assombrado por medos e dores que o acompanhavam há oito meses, ali ficou claro até anjos tem seus demônios, até anjos sofrem, e infelizmente aquele estava sofrendo muito, tinha saido de uma cirurgia e a troca de fraldas era seu penar, eu e Luigi tentamos dar forças para ele trocar as fraldas, mas em momento de desespero nem nossa companhia foi capaz de vencer a dor, demos forças a ele e nos fizemos presente para semmpre que ele precisar, só basta gritar e nós estaremos lá, Luigi do lado esquerdo da cama e eu do lado direito, sobre esse quarto só posso dizer que mães se fazem guerreiras nos pequenos detalhes.
Após nos despedirmos de Luis, que havia apresentado até a irmã por uma foto no celular, pegamos a chave para o quarto secreto e nos encaminhamos para onde tudo tinha começado, a cocheira. Poréééém, no meio do caminho havia guardiões, havia guardiões no meio do caminho, e no final houve a última batalha de cócegas e os ultimos abraços do corredor com aqueles que tinham nos dado os primeiros abraços, uma forma mais que justa de acabar a atuação, não concorda, Berenice?
Vlw, flw
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