Última
atuação desse ciclo. Última atuação com Nathi. Última atuação
com Angelina LeiteNinho.
Chegamos
ao 5º andar, corredor silencioso. Os quartos ou estavam vazios ou as
pessoas que estavam neles estavam dormindo. As poucas acordadas não
estavam muito receptivas, uma pena. A hemodiálise estava mais
animada, mas a maior parte das pessoas estava descansando. Entramos
Dona Vera e Henrique, mais tarde falo melhor deles Naquele dia nós
realmente encontramos os funcionários. Quase todos eram muito
receptivos e iniciavam jogos conosco. Diziam que éramos linda e
fofas heheheh. Por falar em funcionário, queria entender porque
quase sempre os médicos não interagem com a gente. Por sinal, os
que estavam em NEFRO eram, de longe, os mais azedos que
"encontramos". Que povo mais sem amor no coração!
Henrique,
no começo, só nos desprezou. Disse que a gente era feia, mas toda
vez que olhávamos para ele, ele estava olhando pra gente.
Huuuuummmm... Como estávamos sendo esnobadas por ele, decidimos
mudar os ares. E foi aí que encontramos Dona Vera. Ela adorava
cantar, cantou em inúmeros idiomas para a gente. O problema foi que
ela começou a nos "alugar", toda vez que ameaçávamos nos
afastar, ela segurava a mão de Angelina. Eu comecei a me sentir
sufocada ali, sentia que precisávamos encontrar outros olhares, foi
aí que minha energia começou a baixar. Em um determinado, ela parou
de cantar e começou a conversar com a gente. Falou de sua vida, de
sua doença, de como era feliz, até aí estava tudo ótimo, ouvir
aquela experiência de vida além de agradável, estava subindo minha
energia, até ela tocar no assunto "religião". E tudo
começou a desandar... ela disse que não gostava dos judeus porque
eles não aceitavam Jesus. Nessa hora, minha energia quase zerou,
olhei ao meu redor e procurei um olhar. Alguém. Os enfermeiros
estavam longe, os pacientes olhavam para a televisão, Angelina
olhava para Dona Vera, e eu... olhava pro nada. Fechei os olhos,
respirei fundo, pensei nas bolinhas. Elas estavam imóveis dentro de
mim, tentei fazer com que elas se mexessem. Mas outra coisa se mexeu
na hora, era meu estômago reclamando que a fome tinha chegado!
Angelina, estou com fome! Eu soube que vai ter bolo na Copa! Vamos!
Enquanto saíamos da hemodiálise, Henrique nos chamou (aaahh agora
você quer a gente né?).
Primeiramente,
gostaria (na verdade, não gostaria, mas enfim :( ) de dizer que eu
fui muito mequetrefe nesses dias, absolutamente, totalmente e outros
inúmeros "mente" mequetrefe. Demorei uma eternidade para
escrever aqui, não sei o que aconteceu, eu sentava para escrever e
não vinha nada, absolutamente nada. Essas duas últimas semanas não
foram fáceis, o período estava (e ainda está) acabando comigo,
sinto que passei esse semestre vivendo para a faculdade, sensação
péssima! Viver não é fácil, não é mesmo, Emílio? Por falar em
viver... outra história terminou nesses dias, Allef Bruno. Pelo que
eu ouvi, uma das causas teria sido a temida "pressão do
vestibular". É muito triste quando histórias acabam muito mais
cedo do que deveriam acabar.
PS:
Dia desses eu estava pensando em um trecho de Harry Potter, mas como
faz muito tempo que eu li, eu não lembrava direito como era este
trecho. Então eu pensei: "Simples, basta eu dar uma olhada no
livro e relembrar!". E quase que instantaneamente lembrei que o
livro está muito longe daqui, em Caruaru, mais precisamente. Será
que já terminaram o 1° livro? Será que gostaram? Nesses momentos
eu esqueço das inúmeras tristezas e decepções que nos acometem em
nossos dias. Acho que são esses pequenos detalhes que nos fazem
seguir em frente, que nos fazem viver. Viver nos possibilita
encontrar, cativar, nos possibilita inúmeras outras coisas boas. Mas
para viver, precisamos nos jogar no vazio, não precisa ser sempre,
mas que tenhamos momentos para sentir aquele friozinho na barriga que
o vazio nos proporciona.
Estarei
esperando ansiosamente pelo próximo ciclo!
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