Aí vai mais uma atuação sobre a qual já tinha escrito, mas não conseguia postar ;)
Essa atuação foi super diferente e tenho muito pra falar sobre ela
Primeiro porque ela foi a primeira externa em tanto tempo, depois porque atuei com pessoas que eu nunca tinha atuado (que por sinal, junto com minha companheira de todos os dias, fizeram a intervenção ser mais especial) e por último porque ela me fez perceber coisas únicas: desde angústias e insatisfação com alguns aspectos da atuação, até uma felicidade e realização imensa em estar no hospital do câncer pela primeira vez atuando
Bora lá
Pra começar foi um convite mega especial pra mim, atuar num evento no hospital do câncer e assim que cheguei, veio um primeiro impacto: tinha muito mais gente do que eu imaginava lá e era uma coisa na área externa, não só no hospital, ai que frio na barriga!
Encontramos uma moça super simpática que tava organizando o evento; apesar de super atenciosa, veio minha primeira decepção quando ouvi dela "vcs ficam animando lá todo mundo, pulando e tal como só vcs sabem fazer"! Isso me deixou meio assim pq percebi que o objetivo de estarmos lá era meio diferente para o pessoal da organização do que era pra nós. A partir daí começou a atuação e foi muiiiiiito legal, podemos aproveitar os momentos com o pessoal lá fora do hospital e, fora a incapacidade física por conta da dor forte no joelho e do incômodo da lombar, a intervenção bem longa conseguiu ser segurada:)
Tivemos claro, momentos de alta energia e outros em que cambaleamos e nos perdemos um pouco (conversei até sobre isso com o pessoal, sobre essa questão do jogo cair e da energia diminuir pq senti bem isso nessa intervenção demorada - creio que o joelho me fez chegar um pouco no limite físico em alguns momentos e também pode ter contribuído para sentir uma certa queda de energia).
Mas os pontos altos da intervenção foram muitos, tantos que não dá pra relatar aqui! Só queria comentar em especial de um senhor que tirou fotos com a gente e que entrou no jogo de um jeito todo peculiar e calmo, me chamando bastante atenção e me fazendo ver que o menos realmente pode ser bem mais!
Em relação aos problemas, queria comentar melhor, não porque são mais importantes, mas porque acho legal pensarmos sobre eles e usarmos para aprendermos!
Pela primeira vez em uma atuação, senti que estava me desvirtuando dos objetivos da palhaço porque, algumas pessoas da organização interpretaram que devíamos fazer palhaçada, estar alí pra fazer o povo rir; não sei se houve o mesmo problema no ano anterior, mas nesse me senti um pouco triste porque mal deixaram a gente entrar nos quartos: assim que a gente entrava, tinha que sair e em muitos momentos não estabelecíamos um encontro, não criávamos vínculo nenhum e tínhamos que sair do quarto! Antes mesmo de entrarmos ficamos fora do hospital e, creio que por uma falta de articulação ou organização, o pessoal dentro do hospital não queria deixar a gnt entrar e confesso que isso já foi meio ruim pra mim, sabe? Baixou a energia pq nitidamente a mulher falava que não tinha lugar pra gnt ou que, assim como nós, as outras pessoas ali também queriam entrar.Esse pessoal da organização, que estava controlando diretamente a entrada no hospital falou como se a gnt não se preparasse pra fazer aquilo, como se todas as outras inúmeras pessoas com nariz de palhaço alí ( muitas, por sinal!! :/ ) estivessem fazendo o mesmo que nos e isso me fez pensar e sair da atuação por algum tempo, mas tentei voltar logo e confesso que, apesar dos meus devaneios racionais, consegui chamar lilika pra perto.
A questão é que em muito não concordo com a situação porque, além disso tudo, um palhaço lá ficou usando a gente pra fazer graça e ele era um daqueles cheios de pilambetagens. Então, diante disso tudo, achei que deveria expor o que eu senti, o que achei porque me preocupa um pouco que a imagem da palhaço venha sendo entendida dessa forma de ser alguém que é animador de festa, já que acho que animar é normal e é consequência, mas é difícil quando isso passa por cima do encontro.
Por fim, queria dizer que, mesmo diante de tantos problemas que me fazem questionar sobre a imagem que as pessoas têm do projeto e do cuidado que devemos ter ao divulgá-lo, senti que valeu pena, que aquela experiência fui única e maravilhosa, que ver e sentir um pouco daquela energia toda foi mágico e que independente do desrespeito inconsciente que aquelas pessoas tinham com o nariz de palhaço ou independente do fato de não podermos ficar nem 5 min direito nos pouquíssimos lugares que ficamos, foi uma grande aprendizagem e um momento de tentar aprender a me adaptar e fazer o melhor com o que tenho. Aprendi que não posso me deixar abater na hora da atuação por energias negativas ou pessoas que não me querem alí, mas que preciso usar isso pra ajudar tal pessoa; acho bem difícil conseguir ser assim, sabe? mas a intervenção serviu de lição pra que eu tente mais e mais não sair do jogo, nem deixar minha energia baixar por sentimentos ruins.
Aprendi que os valores que temos são o fruto do nosso aprendizado e do nosso amor, fazendo com que em cada atuação sejamos capazes de propagar o significado da palhaço em nossas vidas e na vida dos outros, levando paz, alegria e muito amor.
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