terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O ano termina, e nasce outra vez!

Boa noite, Pessoal.
Não sei se vocês tem essa sensação, mas eu acho que tudo fica mais mágico no natal. Todo mundo fica mais feliz, com as esperanças renovadas e querendo correr atrás dos objetivos e sonhos. Era bom que o Natal fosse eterno!
Essa semana, nossa ultima atuação do ano e já em clima de natal, eu e minhas MCM’s ganhamos um presente: por atuar fora do nosso horário, fomos escaladas para a Onco. Quanto amor tem naquele setor! É impressionante! É quase palpável.
Logo de cara, fiquei surpresa com a quantidade de gente. Da ultima vez que atuamos lá a quantidade foi menor. Mas a quantidade de gente se tornou um desafio e os resultados foram surpreendentes. Só pra começar, descobri que em mim habita uma estilista famosa que não conhecia. Acho que foi uma das primeiras, se não a primeira vez que um objeto entrou de fato no nosso jogo, como forma de caracterização e tudo mais.
Sempre fica na minha mente um momento ou alguém em especifico que marca muito. Hoje escolheria duas pessoas: L., que no auge da sua adolescência se mostrou bem humorada e simpática, mesmo já enfrentando uma doença desse porte sendo tão nova. Não tirou o sorriso do rosto um minuto sequer, e entrou de cabeça nas brincadeiras. O outro momento foi nossa conversa com Dona M. Ela nos surpreendeu ao perguntar onde poderia voltar a estudar. Ela quer completar o segundo grau. Como sua pergunta nos tocou. Uma quase “analfabeta”, como ela mesmo se chamou, mostrou muito mais garra, força de vontade, bondade, honestidade e leveza que muitos letrados que encontramos por ai. Saí do setor com a vontade de ser invadida por esse espirito natalino de bondade, amor e doação ao outro.
Desde já peço desculpas pelo tamanho que ficou esse diário. Infelizmente, se você está lendo, ele agora vai dobrar de tamanho. Mas não posso terminar sem compartilhar esse trecho de um texto inspirador.

Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de 10 meses; imperfeitamente embora, o resto é Natal. É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: 10 meses de Natal e 2 meses de ano vulgarmente dito. E não parece absurdo imaginar que, pelo desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro se converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou malignas. Será bom.

Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente, de cortina de ferro à cortina de nylon — sem cortinas. Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade.

Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma. Não haverá mais cartas de cobrança, de descompostura nem de suicídio. O correio só transportará correspondência gentil.
A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som. Para que livros? perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro.

A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram; equívocos e divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para ninguém.

Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e semi-armadas, repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie. Uma palavra será descoberta no dicionário: paz.

O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios do campo. Salário de cada um: a alegria que tiver merecido. Nem juntas de conciliação nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.

A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã.

O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade inclusive.

E será Natal para sempre.”                                         Carlos Drummond de Andrade



Feliz natal pra todo mundo!

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