Chega um novo ciclo, e eu chego pra ele com uma sensação meio complicada de página nova mas de muita carga. Chego me sentindo pesado, como que carregasse comigo o todo das coisas que estão ao meu redor. Me canso por mim mesmo, e fico com receio de me fechar muito dentro de mim durante a atuação por conta desta sensação. Saio de casa quase perdido pela manhã, me atrapalho com o simples, perco uma aula, quase quebro o celular. Na aula me sinto distante, almoço pouco por medo de que a comida pese ainda mais e a energia toda corra pra barriga, deixando o olho mais fraco. Decido esperar por minhas MCMs no DA de medicina. Guga tava por lá, e o olho ligado faz contato. Bebo uma água, respiro, escovo os dentes. Sento e deixo o corpo descansar um pouco. Chegam mais rostos conhecidos, da palhaço e do passado de ensino médio, surpresas que carregam consigo uma mensagem bem clara de possibilidade, oportunidade, caminho.
É só estar pra ter. Mas existir é mais do que só ser. É só estar disponível pra ter jeito. Mas é preciso que se reconheça o que aparece por nossos caminhos para que essa energia potencial se transforme em força motriz. E daí se ri, se fala, se abre coisas e cantos e vínculos. Existir é perceber e reagir e esperar. É ser para além do seu pequeno espaço, do corpo casmurro, da pele como carapaça. Acho que existe uma carga bonita de significado que eu estivesse até semana passada descascando por conta do que me queimei pelas praias do litoral pernambucano agora enquanto minha irmã esteve por aqui. Retirando de mim camadas que me distanciavam do que está para fora desse organismo, do que é físico daquilo que sou.
A atuação foi mais um ponto dentro de um universo cade vez maior e mais interconectado de experiências. Parece todo dia mais difícil pra mim dissociar as coisas umas das outras.
Vi muita coisa boa na atuação da gente, desse grupo novo recém encontrado. Vi muita coisa pra crescer e fortalecer, e muita coisa pra repensar e ressignificar. Chego pra esse novo querendo que ele seja em sua verdade. Não, mais do que isso. Que ele exista. Que esse contato exista, que esse grupo exista, que venha de vida e resulte em mais vida ainda. Quero porque em muitos sentidos acho que nesses tempos preciso disso. De ver o trio como o resultado natural de um processo nosso de expansão e transcendência.
Hoje, de certa forma, acho que existo pra isso. Não apenas isso, mas isso com muita força. Sou palhaço. Acabei não dizendo isso às minhas MCMs após a atuação, mas daqui pra frente serei palhaço lá. Para todo mundo. Serei palhaço e mais coisas, claro. Mas serei palhaço. Isso eu não quero mais negar.
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