Enfermaria 6 Sul, Segunda-feira, 25 de setembro de 2017
Hoje na atuação fiz certas coisas que não sei se deveria ou poderia fazer. Fomos à pediatria e sim eu me joguei no chão algumas vezes, mas acho que isso faz parte né? Quase surtei quando um menino arrancou meu nariz sem eu esperar. Minha resposta reflexa esfarrapada foi pôr a mão na cara e fingir um sufocamento por não saber respirar sem um nariz até ele ser magicamente reposto por minhas habilidades cirúrgicas. LINDOVISÃO, WE NEED HELP. Enfim, mas o que fez o dia valer a pena mesmooo (não que cada quarto não tenha tido sua importância, aliás teve e muitaaaa) foi visitar o João Guilherme. Ele nem sabia falar o próprio nome mas aceitou nosso jogo como ninguém. E em uma atuação eu pude ver o pequeno João que mal se segurava na maca crescer em confiança e ganhar os corredores na sua corrida para não ser achado por nós. Seu semblante explodia alegria e nós também. Ver essa felicidade estampada na sua mãe e na enfermeira também abalou meu coraçãozinho. E ao dar tchau, quando menos espero, sentado, João vem e corre para mim, em direção ao maior abraço do mundo que ele poderia dar. Chorar pode na atuação? Pode sim.
E, no final, preparados pra devolver a chave, ainda reencontramos João no corredor com sua mãe. Por um instante ele titubeou, estávamos sem a pele e a make, mas ele conseguia enxergar por trás disso. Ele nos reconheceu pelo olhar, e a certeza disso foi ver seu sorriso explodir em alegria. Estou grato por ser parte da família que se reconhece pelo olhar, família da qual o pequeno João, com sua meninice, faz parte.
Lágrimas ainda rolam quando lembro de tudo, e peço desculpas a ele por não ser capaz de expressar em palavras o que ele representou pra mim. Obrigado.
This is a state of grace. This is the worthwhile fight. 🌼
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