terça-feira, 30 de setembro de 2014

Surdete's first time

Bonjour, meu nome é Surdete Repete e eu sou a rainha do nervosismo, princesa da preocupação desnecessária e a duquesa das neuroses. Prazer! haha 
Desconhecendo o HC, me encontrei com a minha MCM, Flora peniqueira, ou Flora da Penica (pros íntimos), pra que ela pudesse me mostrar os caminhos obscuros do labirinto que é o hospital. Chegando lá, conseguimos uma salinha pra nos trocarmos e elevarmos nossa energia. Entre algumas conversas, descobri que a minha MCM trabalhava naquele mesmo andar ao menos uma vez por semana e me perguntei se nao seria um problema que eles a reconhecessem, ou se isso a reprimiria de atuar naquele andar. Mas não foi o que aconteceu. Prontamente quando reconhecia alguém ela tinha "Djavans", a pessoa a reconhecia, mas não entregava quem ela era. O que foi bem interessante, as pessoas contribuíam pra o "mistério da máscara do palhaço", a que menos esconde e a que mais revela. 
O cob, o setor que fomos alocadas, era o setor de obstetrícia. As mulheres aparentavam dor extrema, muitas nem olhavam para nós. Entendo. Éramos os pontinhos coloridos num hospital cinza e fedorento. Qual seria o sentido daquelas pessoas loucas? O que elas estão fazendo aqui? Acredito que um dos maiores desafios foi incorporar a minha personalidade palhaço dentro de um ambiente que exigia cuidado, respeito, silencio, atenção por onde pisa, um ambiente de limitações. De me jogar no vazio onde o que eu mais queria fazer era acalentar aquelas mulheres em situação de dor e desconforto.
No entanto, era perceptível que quando o jogo acontecia entre eu e a minha MCM, havia o encontro. O quarto do céu, o quarto das tecnologias, milhares de fotos, inclusive com um anjo! Depois de um certo tempo, não só percebi que assumíamos a nossa personalidade palhaço, como as pessoas também as percebiam como nossa. A Surdete acredita piamente que a incapacidade auditiva é dos outros. Toda vez que dizia seu nome pra alguém as pessoas a perguntavam de novo! É todo mundo surdo no COB, acho que de tanto os bebes gritarem quando saem delas. Bixinhas.
  
Btw,Flora, nosso encontro foi lindo! Deu medo, deu frio na barriga, mas foi nosso! Gostaria de agradecer por segurar o jogo, por refletir meu olhar e pela energia contagiante. Foi um prazer! 

Pediatria...aprenda a dosar sua energia

      Primeiro dia de atuação...Eu e minha melhor companheira do mundo (Florisbela Chambinho) fomos para a pediatria, lar dos capetinhas em forma de gente.
       Já começou difícil,  MAQUIAGEM, quanto mais eu passava pancake branco na cara, menos pancake branco ficava e menos branca minha cara ficava...mas nunca estarei sozinho nas atuações, minha MCM me ajudou e muito na maquiagem, me maquiou e "ensinou" :
      - Menino...essa esponja ta encharcada, vai conseguir nada assim.
       Maquiagens feitas, hora de levantar as máscaras, quando saímos do quarto e fomos entregar a chave, já vimos no corredor umas cabecinhas "tímidas" aparecendo pra nós, umas com um sorriso largo, outras com cara desconfiada. Visitamos toodos os quartos, começando do último e vindo até o começo; quando saíamos de um...o povo acompanhava, virou uma clownravana...um mundo de mãe e filhos (as) acompanhando. O interessante é que não só acompanhavam pra olhar, mas também brincavam e interagiam com os próximos quartos que seriam visitados.

       Nem tudo é perfeito...nessa caravana tinha uma menina MUITO, MUITO, MUITO,MUITO chata '--. Ela vinha querer bater em mim, ficava falando "feio, magro, perna fina" e bla bla bla...nenhum problema quanto a isso, o problema era que a gente chegava num quarto pra ver alguém e ela ficava no corredor falando, gritando e de uma certa forma isso quebrava a brincadeira dentro do quarto, atrapalhava =S.
       Valeu muito a pena esse primeiro dia, 3 crianças que estavam chorando interagiram conosco durante a atuação; no começo elas ficaram meio desconfiadas, sem dar brecha, não forçamos e continuamos a atuar, mas no meio da atuação um menininho que chorava MUITO no começo da atuação falou "paiaço, paiaço"...quando virei ele tava com uma bola nas mãos, me chamando...querendo brincar comigo...aquilo foi...sensacional.
        "Erramos" eu acho na hora de saber manter a energia e saber a hora de sair de cena, nos prolongamos...e acabou sendo uma saída meio...é...forçada.
         Um primeiro dia para aprender, um primeiro dia para criar um maior vínculo com minha melhor companheira do mundo, um primeiro dia para se lembrar para sempre.

A primeira vez a gente nunca esquece...

Como sempre me pego aqui diante de ti, DB, sem saber como e o que escrever para expressar o turbilhão de sentimentos sobre o dia de hoje. Palavras, principalmente as vindas de minha mente não muito criativa, não seriam suficientes para lhe falar sobre esse misto de sensações. Mas, vamos lá..
É, primeiro dia de atuação como Floribela Chambinho, primeira lambança na hora de fazer a maquiagem (haha) e primeiras experiências como Clown ao lado do meu melhor companheiro do mundo, Caquito Grilo! Hoje (29/09) fomos a pediatria, e sim, como não poderia ser diferente, aprontamos muito por lá! O primeiro e mais especial encontro pra mim, aconteceu graças ao jogo do meu MCM lindo *-*, foi com o pequeno Pedro, paquerador nato! (risos!), que passou rapidamente de olhos amuados e abatidos para grandes olhos de curiosidade e alegria. Logo, nossa estada na pediatria se tornou uma grande farra em todo o corredor e todos, ou quase todos, estavam atrás de nós! Não havia levado a sério o comentário de Filipi sobre o setor, mas hoje entendo o porquê (hahaha), Caquito quem o diga! Corremos, cantamos, paqueramos, pulamos, brigamos, apanhamos (kkk), balançamos no cavalinho e eu, não pude me conter e ri muito também. 
Sabe, como um dia de vários altos e emoções fortes, não esperava pela infelicidade (ou não) de ouvir por acaso um comentário nada agradável de uma acompanhante sobre nossa atuação, (-Ah, eles estão muito fracos, um dia desses vieram uns melhores aqui, que até cantaram com a gente) é, para a primeira atuação, é bem difícil tomar uma logo de cara. Mesmo tentando reverter e jogar o jogo dela, vi que não consegui fazer com que ela entrasse no jogo e por um instante desanimei, mas graças a Deus e ao meu MCM levantei a energia e voltei a atuar! Confesso, fiquei triste com o acontecido e até angustiada, mas agora vejo que isso não é motivo para desanimar! É só o começo de uma longa lifeClown e a primeira de muitas experiências! É fazer da queda, um passo de dança e levantar pra cair de novo! 
Xêro!

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Me olha. Agora me olha de novo!

Olá, DB!   29/09/2014

"Cet océan de passion qui déferle dans mes veines"


Conseguir encontrar concentração durante a tão empolgante aula de parasitologia foi a atividade mais difícil do dia. O bom é que Tutu sempre dá um jeito (ou pelo menos se esforça) de se manter atenta, nem que seja sentando no chão para ouvir melhor o professor e não se dispersar tanto... O dia seguiu com aquela ansiedade e dor de barriga típicos de quem espera, desesperadamente, algo acontecer... 14h. 14h30min. 14h45min. 14h55min. 14h58min. Relógio parou. Dois minutos que pareceram uma eternidade; acredito que aí Martina começou a quebrar a casca do seu ovo...
Uma salinha simples e quente pra dedéu foi o ambiente que Martina e Plínio encontraram para nascerem! Olho no olho e uma contagem até 5 que nos teletransportou para as paredes de um já conhecido teatro. Reviver tudo aquilo da oficina em alguns poucos minutos mexe com todas as suas sensações e, nessa hora, extravasar é inevitável. EXPLODE ESSE OLHAR!
Arriscar o primeiro quarto e nele encontrar, não somente o olhar, mas a alma foi o ponto de partida de Martina. Houve tanto medo, tanta dúvida, incerteza, angústia... Mas naqueles olhos, Martina encontrou a b r i g o. Ouvir de um "estranho" palavras gentis direcionadas para aquilo que te faz levantar todos os dias é pedir muito para não chorar, não se emocionar. Martina ainda se sente pequenina, ainda tem tanto o que aprender... Ela queria ser como o Jesuíno Barba Ruiva: forte, inteiro e tão, tão... Preenchido de verdade. Ocorre que as chuvas do Sertão ainda não chegaram, o plantio acabou de terminar e as raízes ainda vão se fixar. Seu Fabrício, na contramão de tudo, veio dizer, olho no olho, que Martina tem tanto e muito a oferecer. Um olhar que, gradativamente, se enchia de lágrimas. Silêncio. Uma ligação indescritível e palavras certas no final. 5 pequenos minutos foram capazes de revelar aos olhos de Seu Fabrício aquilo que Martina, em quase um mês de gerada., não foi capaz de perceber.
Baixar a energia talvez seja também encontrar! Se não é, acabou sendo e da forma mais linda que Deus poderia me permitir viver. Pela primeira vez, fui vazia e me dei ao vazio. O mais interessante de tudo? Encontrei cada um dos que acompanharam a gestação de Martina e, aos olhos e coração dela, todos estavam ali: pegados nas mãozinhas dela. Não houve solidão!
O gargalhar de Dona Maria da Luz trouxe toda a carga dos seus 80 e poucos anos à tona. Experiência de vida, simplicidade e paz: tudo condensado e apresentado entre lábios levemente rachados e uma prótese dentária. O som daquela risada ecoará na mente de Martininha toda vez que o mundo perder um pouco da doçura que ela tanto preza.
Agradecimentos tão singelos de pacientes, profissionais, acompanhantes, mas recheados de V E R D A D E, foram grandes presentes recebidos hoje. Deus, na sua infinita bondade, mostrou-se a uma jovem peregrina de nariz vermelho e lhe concedeu um renovar de Espírito sobrenatural!
No meu "companheiro mundo melhor", descobri um porto seguro, uma imensidão de cuidado e um olhar de doação. Não haveria outro, não haveria melhor. Plínio Longilíneo é, além de galanteador, um ser gigaaaante!



 

O início

O primeiro salto foi bom? O segundo será ainda melhor... Meio controverso segundo salto  e primeira atuação, mas vamos ao que interessa. Sorrisos eu vi muitos, encontros também, mas queria mais e achei olhares curiosos, e assim fui me jogando cada vez mais em mundos diferentes, e ai ia eu viajante sem rumo de terras distantes até achar, em meio a tantas coisas, a vontade de sorrir para viver, com uma alma doce e jovem uma entre tantas marias, senhora com seus 80 anos, cega que brincava, sorria e dava mais cartadas no jogo que eu poderia imaginar.
Infelizmente não completei o corredor, mas sinto minha alma cheia de encontros, de sorrisos e de serenidade.

“Maria, Maria é o som, é a cor, é o suor é a dose mais forte e lenta
de uma gente que ri quando deve chorar e não vive, apenas aguenta...”

-Milton Nascimento

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Maria, fica!

A última atuação não foi nada fácil.. Maria relutou muito para partir dessa vez e a máscara quase não descia, desciam apenas as lágrimas!
Não haveria melhor despedida que no lugar em que me senti mais acolhida, mais "de casa".. Na onco! E por aí já se tira o tamanho desse sentimento.. Fui muito bem acompanhada por Perolada, que me ajudou a não permitir que o clima de "adeus" tomasse conta da atuação.. Muito pelo contrário, foi tudo lindo, muito lindo e isso só dificultou ainda mais as coisas :((
Na verdade, Maria não foi embora, Maria já ganhou tanta vida que se confunde com Rayanne e esse pedaço meu nunca vai partir.
Estou muito feliz por ter decidido entrar no projeto e agradeço a Deus a oportunidade de ter vivenciado tantas coisas lindas, tantas histórias mágicas.
A palhaçoterapia com certeza me fez reclamar menos dos meus problemas, me fez perceber o quanto eles são pequenos, me fez "encontrar" o outro e não apenas olhá-lo, me fez ver o mundo de uma maneira diferente!
Obrigada a todos os melhores companheiros do mundo que compartilharam atuações comigo ou compartilharam encontros nas oficinas, obrigada aos lindovisores, sempre tão atenciosos, e aos monitores por todo cuidado e ensinamento que me proporcionaram nas oficinas ao lado do grande mestre Gentileza!
Tenham certeza que cada um contribuiu muito para minha formação tanto de claun, quanto de Ser Humano!

     💖💖          💖💖
💖✨✨💖💖✨✨💖
💖✨⭐✨✨⭐✨💖
💖✨⭐⭐⭐⭐✨💖
  💖✨⭐😍⭐✨💖
     💖✨⭐⭐✨💖
       💖✨⭐✨💖
          💖✨✨💖
            💖✨💖
               💖💖

                 💖
Até logo, MCM's, estaremos sempre PERTO.